XIII

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Eren estava sentado nos degraus da varanda da entrada, brincando com um canivete sem muita expectativa de seus pensamentos. Já fazia dois dias que não tinha nenhum sinal de Armin, bom, sabia que ele ainda estava em Marley com o seu avô e Mikasa, mas também era somente isso. Ao voltarem para casa quase não teve tem para parar e organizar sua mente, no mesmo dia que voltou precisou ajudar Kenny e Erwin a sumir com os corpos das Ymbrynes que vieram para a mansão. Hange, Mike e Bertholdt fizeram seu trabalho de forma esplêndida, mas a magia do Hoover estava tão fraca que durante esses dias ele passava a maior parte do tempo desmaiado.

Tirando isso, o resto possuía apenas alguns machucados, mas nada tão sério de modo a ser preocupante. O Yeager conseguiu ver seu pai e contar-lhe sobre Zeke, não fora fácil para nenhum dos dois, Eren ainda sentia o peso em seu peito movido pela culpa de saber que aquilo poderia ter sido evitado por sua parte.

Levantou apressado ao ver Armin e sua prima, lado a lado, chegando até a casa. Mikasa carregava um vaso de porcelana branco com diversas desenhos em preto, estava coberta por calças e casacos pesados da cor preta, e seu rosto permanecia abatido como da última vez que a viu. Armin também estava de preto, uma blusa social e calças longas.

— Mikasa! — falou correndo de encontra à mulher, ignorando completamente a existência do loiro, que não pareceu gostar muito da ação. — Como você está?

Ela olhou para o amigo, tentando sorrir, mas os cantos de seus lábios sequer subiam. Eren se chocou ao ver os cabelos pretos estarem curtos, sem a franja e madeixas longas, e o rosto sem nenhuma maquiagem.

— Gostei do cabelo — O Yeager falou sorrindo, bagunçando os fios assim como a Ackerman gostava de fazer consigo, arrancando um sorrisinho dela.

— O que vai fazer agora? — A voz áspera de Armin soou, fazia tempo que Eren não escutava aquele tom saindo dos lábios do loiro.

— Não sei... — respondeu cabisbaixa. — Por muito tempo não consegui me ver sem Annie, infelizmente essa será minha realidade daqui para frente.

— Desculpa perguntar, mas o que é isso? — Eren falou, apontando para o jarro mediano.

— Isso... Ymbrynes preferem serem cremadas após sua morte. Elas acreditam que a passagem desse plano se torna mais rápida assim.

O moreno ficou calado ao perceber do que aquilo se tratava. Pouco tempo depois os garotos se despediram da jovem e assistiram sua ida.

Mikasa não havia mentido sobre seus planejamentos para o futuro. Annie além do grande amor de sua vida, era sua melhor amiga e aliada, não conseguia se ver sem ela. Em sua mente a imagem da loira em seus braços, com o corpo sem vida, ainda permanecia bem nítida, causando diversos arrepios e lágrimas indesejadas.

Andava em rumo ao pântano perto do enorme portão de ferro da casa, ali era onde havia tido sua briga com a Leonhart, após descobrir ser ela que os observava. Ainda conseguia lembrar do sentimento de raiva e admiração pela mulher que lutava consigo, ela era veloz, astuta, e bela. Pouco tempo depois descobriu ter se apaixonado.

Um buraco na lama, ao lado de uma enorme árvore coberta com musgos, foi o local escolhido. Antes de colocar o jarro ali dentro, deixou um selar longo e demorado na porcelana gelada, tentando segurar os filetes de lágrimas que insistiam em sair de seus olhos. Cobriu o objeto com mais um pouco de lama, não se importando de sujar suas roupas ou mãos. Por algum tempo pensou que deveria ficar com a última lembrança que teria da amada, mas pensamento esse que foi logo descartado. Annie não gostava de atribuir seus sentimentos a algo que não mais poderia lhe trazer um sentimento bom; permanecer com aquilo só traria mais pesar para a vida da Ackerrman, preferiria passar todos os próximos longos dias de sua vida relembrando dos sorrisos tímidos, olhos azuis e fios dourados que faziam se apaixonar cada dia mais.

Ackerman'sOnde histórias criam vida. Descubra agora