Os Orfãos

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S\N

O caminho de volta foi rápido, passamos o tempo cantando. Quando cheguei em casa (acho que eu posso falar desse jeito, que é como se fosse uma segunda casa, não por apego as pessoas e sim pelo tempo passado nela) deixei as coisas na cozinha e fui chamar a Flora no quarto para começarmos a fazer os cup cakes.

Chego na porta do quarto e escuto sussurros vindo de Flora que estava de frente para a parede, quando ela repara a minha presença ela se levanta e vem na minha direção.

-Que bom que você chegou! Você trouxe as coisas para fazermos o doce?- ela fala com sua voz delicada.

-Com quem você estava falando?- ela já estava na escada quando falei então não escuta a minha pergunta. Vou deixar passar dessa vez, afinal, nessa idade "existem" o amigos imaginários.

[...]

-Pronto Flora, já arrumei tudo para começarmos.- Digo já na cozinha.

-O que a gente faz para começar?- ela pergunta empolgada.

-Pega todos os ingredientes secos, no caso o açúcar e a farinha. A, antes, fecha a janela para mim? Está ventando muito, e nós não queremos que todo nosso açúcar cai no chão, certo?

-Certo!- ela corre até a janela e a fecha depois volta- pronto, já coloquei a farinha e o açúcar, o que eu faço agora?

-Coloca os ovos e a baunilha, e depois pode bater.

Enquanto batíamos a massa começou a chover muito forte, o que me impressionou muito, o dia estava ensolarado e a previsão mostrava que era pra estar calor. Depois, colocamos os cup cakes no forno e fizemos a cobertura, esperamos o tempo passar, enquanto isso Flora lambia o pote com restos de massa. Milles entra na cozinha.

-Está dando cheiro na casa toda.

-Que bom né, assim significa que o gosto deve estar bom.-Flora fala brincando, Milles sorri para ela.

-Mas está muito calor aqui dentro, posso abrir a janela?- ele pergunta.

-Pode, mas só até a metade, a chuva está muito forte.- respondo.

Ele vai até o janela e a abre, no mesmo momento um sino toca na cozinha, indicando que os cup cakes estavam prontos. Flora corre até o forno.

-Ei, primeiro lave suas mãos, vocês lambuzou elas de massa.

Ela concorda com cabeça e corre para o banheiro. No mesmo momento um vento forte sopra e fecha a porta com tanta força que a maçaneta cai no chão. Do outro lado escutamos Flora dar um pequeno grito de susto. Chego perto da porta e tento a empurrar.

-Estamos presos.- falei olhando para Milles.

-Dá para sair pela janela.- ele se vira e vai em direção a janela, nesse instante escutamos um estalo e vemos um clarão encher a cozinha de luz, logo depois vemos a árvore grande e grossa que ficava do lado da janela caindo e fechando a nossa saída.

-Vocês estão bem?- Flora pergunta do lado de fora.

-Sim.-eu grito para ela conseguir escutar, eu encosto na porta ficando de pé e apoiando as costas.

Milles levanta da cadeira onde estava sentado e vem em minha direção. Ele apoia a mão na porta do lado da minha cabeça e a outra coloca perto da minha cintura, como se estivesse me prendendo contra a porta. Foram os dois segundos mais longos da minha vida.

*Será que ele vai tentar me beijar de novo? Por favor não, eu já expliquei para ele, se Milles fizer isso eu vou o empurrar...*

Ele dá um pequeno sorriso de canto da boca que logo soma fazendo seu rosto ficar sério.