O I T O

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Eu gostaria de entender porque fiz aquilo, porque beijei Josephine. Tudo bem que não foi um beijo mesmo, mas a sensação de ter seus lábios encostados nos meus fez a região formigar, e meu estomago revirar, meu corpo todo tremer... e isso foi assustador pra caralho, e estranhamente bom. Será que ela sentiu o mesmo que eu?

No caminho de volta para minha casa, no sábado e no domingo que passaram, eu fiquei imaginando como seria realmente o gosto dos lábios cheios e rosados de Josephine. Aquela garota era um mistério para mim, por mais que minha saúde mental gritasse para eu me manter afastado, meu lado masoquista vencia sempre, me instigando a querer saber mais dela, seus gostos, sua banda musical preferida, sua cor preferida, o que mais ama e mais odeia no mundo.

Deus, esses pensamentos me assustam tanto, pois da mesma forma que quero saber tudo sobre ela, meu subconsciente me acusa e pensamentos como "você só está interessado nela porque ela te lembra a Katherine" e me atormenta pensar que isso possa ser verdade.

Josephine

Os lábios dele eram gelados, mas bom. Eu queria ter experimentado mais, se não estivesse tão triste e com raiva de mim mesma. Quando cheguei, corri para o banheiro e me encarei no espelho. Não existiam mais roxos em minha pele, mas me olhando agora as palavras de Justin me causam repulsa.

"Vestidinho de puta..."

"Vou dar o que você quer"

Sinto as lágrimas escorrerem quentes e livres por meu rosto enquanto tiro a maquiagem, porque os homens acham que podem fazer o que quiser com a gente por estar usando um vestido? Jogo o vestido num canto do banheiro com raiva de mim mesma, e o sentimento só aumenta quando minha mente me faz lembrar das mãos que passavam por meu corpo, das coisas sujas que falavam pra mim, estou sentindo meu peito apertar e uma necessidade de fugir, de amenizar a dor me atinge em cheio e a vontade de me machucar me atinge, mas eu prometi a mim mesma que não faria isso mais, mas porque é tão difícil manter uma promessa?

Hero

Cheguei atrasado segunda feira na faculdade, então assim que estacionei sai correndo pelos corredores pra chegar logo na sala, e acho que me fodi porque não tem ninguém nos corredores.

Assim que entro na sala o professor para de falar e ele e a turma me encaram. Ignoro os olhares e procuro Josephine com os olhos, está sentada num canto com a cabeça abaixada enquanto anota algo em seu caderno.

— Será que dá pra você ir se sentar e não me atrapalhar mais, senhor Fiennes? — Resmunga o professor. Reviro os olhos e vou me sentar ao lado de Daniel, que conversava com um carinha que nunca lembro o nome.

— Bom, como eu estava falando, esse trabalho será muito importante para metade da nota de vocês, então eu quero algo caprichado, nada de copiar e colar da internet, e se forem fazer isso pelo menos leiam. Da última vez, colocaram uma receita de bolo no meio do trabalho. Enfim, o tema será o Absolutismo, vocês terão uma semana para me entregar.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, o carinha com quem Dan conversava já foi perguntando:

— Posso fazer com você? — Ele pergunta, olhando para meu amigo com um olhar que fez meu amigo ficar vermelho até as orelhas. Mas que porra?

Claro que não, ele sempre fez comigo. Mas Dan me olhou com um olhar tipo "não fica puto, mas vou fazer com ele". Ótimo...

— Tudo bem pra você se ele for minha dupla? — Ele pergunta com um olhar de dúvida. Claro que não tá tudo bem, sempre fizemos as coisas juntos!

Besides The Life | HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora