D E Z E N O V E

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Hero

O baile de primavera estava se aproximando, — todos os anos, a faculdade inventava de fazer esses bailes com o intuito de arrecadar fundos para melhorias—, e eu não sei como chegar em Josephine para convida-la. Talvez porque estivéssemos meio... brigados.

Desde o fatídico dia em que tentei ajudar ela no banheiro da escola, ela me evita o máximo que pode. Seja na universidade, seja na lanchonete, e isso vem me matando dia após dia. Se não bastasse, Katherine, a maldita Katherine vem me assombrando nos meus sonhos novamente.

Dessa vez, ela me fala que Josephine não será minha, que uma hora ou outra ela vai perceber que sou um problemático de merda. E ver que minha Josephine está se afastando de mim só me causa mais medo desses sonhos tornarem-se realidade.

Cheguei mais cedo na escola e aguardei Josephine na porta da universidade. Não tinha quase ninguém aqui e aos poucos os corredores vão enchendo e ficando cada vez mais barulhenta com a chegada dos alunos.

Logo vejo a cabeça loira de Josephine, que está com os cabelos lisos ao invés de enrolados, o que deixa ela mais linda ainda. Me aproximo e paro em sua frente, ela interrompe seus passos e me olha com um ponto de interrogação estampado em seu rosto lindo.

— Oi. — Digo meio sem graça. Porra, desde quando eu sou assim?!

Ela respira fundo e segura as alças da sua mochila.

— Oi, Hero. — Ela responde indiferente.

— Você sumiu. Quer dizer, você está me ignorando faz dias. Por que isso, Jo? — Pergunto aumentando a voz com desespero.

— Eu só preciso de um tempo para pensar, isso do meu pai é.... demais para mim. — Ela responde olhando para os lados, evitando meus olhos.

Me aproximo e seguro seu rosto entre minhas mãos, ignorando o fato de que estamos cercados de gente.

— Eu sei que isso te machuca, mas me deixa cuidar de você, deixa eu te consolar ou te acalmar... só não faz eu me afastar de você. Isso me machuca, Jo. — Digo sinceramente olhando em seus olhos. Vejo seus olhos avermelharem e a abraço forte, agradecendo mentalmente por não me recusar. Deus, que saudade desse abraço.

— Ah, Hero... Eu...— ela gagueja, dessa vez chorando em meu peito.

—Está tudo bem, linda. Vamos matar aula? Tenho um lugar para te mostrar. — Digo no seu ouvido enquanto seguro sua mão e puxo ela para o meu carro.

Ligo o som e dou partida. O trajeto é repleto de silencio e vez ou outra observo Josephine pelo canto do olho, encostada no banco, com os olhos fechados e a mochila firme em seu colo. Coloco minha mão livre em sua perna e aperto levemente, sentindo-a estremecer levemente. Sorrio e mantenho minha mão ali o máximo de tempo possível.

— Esse lugar é meio longe, né. — Jo comenta depois de um tempo.

— Um pouco, mas estamos chegando.

Vinte minutos depois desligo o carro e desço do mesmo. Jo me acompanha e seguro sua mão.

— Vamos ter que caminhar um pouco. — Aviso e logo começamos a andar.

O lugar em questão é totalmente arborizado e fica atrás de uma lojinha de conveniência meio afastada de tudo. Seguimos por um caminho de pedras brancas, com muretas também de pedras e cheio de árvores e plantas. Sei que Jo gosta de coisas assim ligadas a natureza, e quando achei esse lugar, lembrei dela na hora.

Em um certo momento, uma pequena parte do caminho é coberta por palhas e mais para frente os galhos das árvores se enroscaram nos pilares.

— Uau, isso aqui é tão bonito. — Ela comenta olhando para todos os lados com um pequeno sorrisinho.

Besides The Life | HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora