twenty

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ANY GABRIELLY

"Querida Any,

Tive que sair mais cedo para resolver uns assuntos, mas pode ficar a vontade.

Minha casa, sua casa.
Em português mesmo porque não sou bilíngue.

Te amo.

J.B"

Sorrio depois de ler o bilhete e me levanto, indo até o banheiro e fazendo minha higiene.

Saio e arrumo a cama, em seguida me sentando nela e observando o quarto.

Olho para uma mesa onde tinha vários e vários papéis e me levanto, indo até ela e pegando alguns deles para ver.

"Querida Any,

Eu sei o quanto te fiz mal e"

E ali acabava. Nela tinha vários rabiscos, como se ele não tivesse conseguido continuar. Pego outra.

"Querida Any,

Será que ainda posso te chamar assim? Acho que não."

Ele não fez uma carta completa? Procuro entre os papéis e encontro uma completa.

— É feio eu fazer isso, Deus? — pergunto. — Ah, tá falando sobre mim, eu acho, então vou ler sim. — digo e vou até a cama, me sentando na mesma e começando a ler a carta.

"Linda. Ela era linda.

Ela estava dançando a um tempo, e eu estava a observando desde que a festa começou.

Gostaria de chegar nela e dizer o quanto ela é linda, mas e a vergonha?..."

— Quem era ela? — pergunto-me e volto para a carta.

"Suspirei e dei mais um gole em minha bebida, desviando os olhos dela e olhando para outro canto.

Vi uma garota sentada em um canto enquanto tomava uma bebida e observava o pessoal dançando.

Reparo nela. Estava usando uma saia curta preta, e uma blusa soltinha vermelha. O cabelo estava de lado, e ela parecia não está se divertindo nem um pouco..."

— Eu. — sussurro.

"Esqueço a garota da pista de dança e fico observando a do canto afastado.

Também era linda. Vejo ela fazer cara de tédio e olhar para mim, que mantive o olhar por uns segundos mas logo desviei.

[…]

Lá estava ela, me esperando. Eu havia tomado coragem e ido falar com ela, e por Deus, me apaixonei no primeiro sorriso que ela me deu.

Não estava falando da garota da pista de dança, aquela eu perdi o total interesse quando vi a do canto afastado.

Any Gabrielly.

Era o primeiro encontro e eu tava totalmente nervoso. Devo cumprimentar ela com um beijo no rosto ou um abraço? E quando acabar o passeio? Beijo ela ou não?

No fim eu não fiz nada. Mas ela fez. Ela quem tomou iniciativa e ela que deu a ideia de sairmos outra vez. Ela.

[…]

Eu sabia que queria ela ao meu lado a todo o tempo. Já estávamos juntos, só não oficialmente, então decidi oficializar.

Comprei um buquê, já que ela me disse que amava e gostaria muito de receber um, e uma aliança. Fui até a casa dela e pedi. Foi tão simples e rápido mas foi um dos melhores dias da minha vida.

Eu amava aquela garota. E por isso decidi que o pedido de namoro não era o suficiente.

Que tal um pedido de casamento?

[…]

Fiz o pedido. Ela aceitou. Marcamos a data e começamos a organizar tudo. Juntos. E eu estava tão feliz. Eu tinha certeza de que era isso que queria, e sabia que ela também tinha certeza do que estava fazendo.

Tinha certeza até ter uma conversa com o pai dela.

Eu fiquei confuso. Eu queria aquilo, eu não atrapalharia a vida dela. Ou atrapalharia? Será que eu estava acabando com os sonhos dela? Será que ela tinha mesmo certeza do que estava fazendo? Será que era a coisa certa?

[...]

Ela estava linda. Mais linda do que sempre.

Estava com os braços dado com o do pai, e olhava para mim, sorrindo, enquanto vinha ao meu encontro no altar.

Eu queria tanto casar com ela, mas não podia.

Seu pai a me entregou e fez um aceno de cabeça para mim. Segurei nas mãos dela e a olhei.

— Você está maravilhosa. — sussurrei e ela sorriu.

Aquele sorriso. O sorriso pelo qual me apaixonei.

— Joshua Kyle Beauchamp, você aceita Any Gabrielly Soares como sua legítima esposa?

Fiquei em silêncio e ela me olhou confusa, apertando forte a minha mão.

— Vou repetir a pergunta. — falou o padre. — Joshua Kyle Beauchamp, você aceita Any Gabrielly Soares como sua legítima esposa?

— Não.

Aquilo doeu tanto.

[...]

— Você me ama, não ama? — perguntou e eu fiquei em silêncio. — Diga que me ama, amor. — pediu chorando.

Eu amo, como amo. E é por isso que fiz aquilo. Por amor.

— Eu tenho que ir. — falei e saí correndo.

Fiz por amor, mas se pudesse, não faria de novamente.

Como eu queria voltar no tempo e dizer sim. Como eu queria ter escutado o padre falar "Eu vos declaro, marido e mulher".

Como eu queria..."

Termino de ler a carta e fico paralisada. A coloco ao meu lado e fico olhando para a parede.

O que eu estou fazendo?

Pego minhas coisas rapidamente e saio da casa dele, a trancando e colocando a chave na planta, que fica em frente a porta.

***

𝑳𝒆𝒕𝒕𝒆𝒓𝒔 𖤓 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora