Sinto sua falta. Sinto falta de seu toque e sua pele e seu cheiro quente. Suas mãos nas minhas, sua respiração contra a minha. Sua voz que sempre parecia dizer mais do que dizia.
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Encaro o fogo por mais alguns minutos depois de perceber que na verdade quero seguir Gina e os outros. É claro que quero ajudar a destruir as salas de aula dos Carrows, e Gina não pode me impedir.
Eu saio pela porta do retrato. A escuridão do amplo corredor em comparação com a sala comunal bem iluminada é repentina e opressora. A única luz vem das velas tremeluzentes que revestem as paredes. Enquanto procuro meus amigos, de repente me lembro que é quase época de Natal. Se não fosse pelo tilintar da música saindo da sala comunal, não pareceria nada disso. Não há decoração à vista.
– O que você está fazendo aqui?
Eu giro, fazendo com que metade da minha bebida derrame ao longo do meu braço. – Ah, olá, – Draco está parado a poucos metros de mim, seu rosto tão perfeitamente iluminado pela luz tremeluzente que ele parece um misterioso príncipe das fadas. Um lindo príncipe das fadas. – Draco. Que reviravolta conveniente para a minha noite.
Ele mantém sua distância, seus olhos nos meus. Me sinto corar. – Por que está aqui? – Ele diz bruscamente. – O que você está fazendo fora da cama?
– Você está bravo ou só preocupado com minha segurança? É difícil dizer às vezes.
Draco se mexe desconfortavelmente, e eu noto seu olhar se fixando na minha roupa. – Eu posso punir você por isso. – Ele me diz.
– Mas você não vai. – Digo, me aproximando dele. – Você não vai deixar nenhum mal acontecer comigo, vai?
Draco pisca. – Você está bêbada?
Eu fico olhando para ele sem expressão, desejando poder explicar como me sinto entorpecida. Eu ainda posso ouvir a música de Natal, fraca e inadequadamente alegre. Percebo os tons de loiro de seu cabelo mudando à luz das velas. Ele nunca saberá o quão maravilhoso ele está.
– Eu realmente espero que você não me odeie. – Finalmente digo. – Tenho estado um pouco zangada ultimamente. Mas suponho que todos nós temos podemos ficar um pouco zangados agora.
Draco balança a cabeça. – Você devia estar na sua sala comunal. – Ele diz. – Você não devia estar aqui fora.
Pensando em meu pai, e na vida que eu poderia ter tido com Draco, e no mundo desmoronando ao nosso redor, lágrimas enchem meus olhos. Eu tenho sido má, eu sei que tenho. Mas estou com raiva, triste e quebrando. – Você me odeia?
– Não. – Draco diz. – Não, eu não odeio. Você precisa sair daqui.
– Eu não quero. – Eu digo. – Eu não quero estar com as pessoas agora. – Exceto você, eu me pego pensando.
Draco suspira. – Como monitor-chefe, estou lhe dizendo para voltar para sua sala comunal.
– Eu não quero.
– Você precisa.
Eu franzo a testa para ele. – Me deixe ir, então. Me deixe ir dar uma caminhada ou algo assim. Só não de volta para a sala comunal. Por favor?
Ele suspira novamente. – Você não pode ir caminhar sozinha.
– Sim, posso.
Então, passos soam no próximo corredor. Draco agarra meu braço e me puxa para uma escada estreita. O espaço é apertado e, mesmo em meu estado de embriaguez e entorpecimento, tudo que posso sentir é seu peito contra minhas costas, seu braço em volta dos meus ombros.
– Ah, – Digo baixinho. – Isso é aconchegante.
A mão de Draco estala sobre a minha boca e ele se move para trás, então ele está me tocando o mínimo possível. Suas costas devem estar fortemente pressionadas contra a parede de pedra. – Fique quieta. – Ele murmura.
Os passos ficam mais altos. Eu ouço vozes ficando mais altas e mantos balançando, e sombras crescem grandes contra as paredes de pedra, mas elas gradualmente desaparecem e eu sei que estamos seguros. Tento sair da escada, mas Draco agarra meu braço novamente. Eu arfo, e ele afasta seu braço de uma vez. – Desculpe. – Ele suspira. – Mas devíamos ficar aqui, só até termos certeza de que a costa está limpa. Se um die Carrows de ver fora da cama... Bem, você sabe do quê eles são capazes.
– Sei, de fato. Você tentou me educar sobre esse assunto há um tempo.
– É, bem. Você não quer que eles te peguem.
– Não, eu prefiro que não. Embora, eu não tenho certeza se importaria se você estivesse comigo. – Me viro para ele, sorrindo. – Meu cavaleiro de armadura brilhante, lembra? Foi assim que chamei você há dois Natais. Você pode acreditar o quanto mudou desde...
Draco pressiona seus dedos nos meus lábios, me calando, mas se afasta quase imediatamente.
– Por que você não pode estar lá fora? Você é monitor.
– Alguém precisa te manter quieta.
– Que cortês...
Draco coloca seu dedo em meus lábios de novo, me calando gentilmente. A escada não foi feita para acomodar duas pessoas sentadas, e não importa o quão longe Draco tente se sentar, seus joelhos pressionam contra os meus. É tudo que posso sentir; ele é a única coisa real no mundo e eu desejo que ele esteja mais perto. Ele é eletrico; cada vez que seus nós dos dedos acidentalmente encostam nos meus, arrepios sobem pelos meus braços. Se eu estava tonta antes, isso está diminuindo agora, e uma estranha sensação de realidade está começando a tomar seu lugar.
– Me lembro do seu toque tão bem. – Digo, pressionando meus dedos levemente em seu joelho. Eu sei que não deveria, e estou tão envergonhada que estou quase feliz por não poder ver seu rosto. Mas não consigo parar. – Eu lembro de uma época em que isso não te deixava desconfortável. Quando tudo que você queria era mais, mesmo quando não restava nada. – Draco se move e eu continuo. – Não me diga que você nunca pensa sobre isso. – Digo. Eu me aproximo para que nossos rostos fiquem mais próximos. – Eu vejo o jeito que você me olha, Draco. E isso? Você não teria esse trabalho por qualquer outro Grifinório. – Movo meus dedos para seus ombros. – Você sente falta disso? – Draco está respirando pesadamente. Agora que estou mais perto, posso ver seu rosto. Seus olhos não deixam os meus. Pego sua mão, e a coloco suavemente no meu ombro esquerdo. – Você me faria cócegas aqui, e eu tocaria em você, ali. Atrás de suas orelhas. Foi tudo tão estúpido, certo? Mas tão, tão maravilhoso. Como se fôssemos as únicas pessoas no mundo. Você sente falta, Draco?
Estamos muito perto agora. Quando ele fala, sua voz sai rouca. – Pare de dizer meu nome.
Lágrimas enchem meus olhos. – Eu, sim. Eu sinto falta, e não acredito que você não sinta. – Eu me inclino para frente, milímetros, e dou um beijo suave em sua bochecha. – Draco. – Eu sussurro. Ele não responde, mas seus olhos estão miseráveis, desesperados. Uma lágrima escorre pela minha bochecha. – Draco. Eu só queria poder...
E eu pressiono meus lábios contra os dele. E de repente, sou levada de volta a uma época mais feliz, uma época maravilhosa e inocente, quando éramos descuidados e abençoadamente ignorantes, quando a tristeza e as lágrimas de embriaguez não existiam, apenas esquecimento...
– Não.
Eu pisco.
– Não. – Draco repete, com a voz rouca. Ele se levanta abruptamente e sai da escada. – Eles se foram agora. Venha, eu vou te levar de volta para sua sala comunal.
E eu sigo obedientemente, nem mais uma palavra além de um silencioso "obrigada", quando ele me deixa no retrato. Eu sorrio tristemente enquanto sua figura fica cada vez menor enquanto ele desce as escadas, eventualmente desaparecendo ao virar o corredor. – Feliz Natal, Draco.
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Querido Draco (Dear Draco)
Fanfiction"Fique um pouco mais." > Esta história não é minha, ela pertence a @malfoyuh. • Estou apenas traduzindo. • Versão original em inglês: "Dear Draco" (a versão original está na lista em meu perfil).