Capítulo 8

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24 de maio de 2016

Chegamos ao escritório quinze minutos antes do combinado. Paula, a secretária, nos anuncia. Paty realmente montou uma estrutura maravilhosa de escritório. Vários estagiários, secretárias... O escritório está crescendo muito. Em breve eles terão que mudar de espaço.

— Duda! Roberto! Entrem! Paula, por favor, nos traga café e água – Joana, a sócia de Paty, nos recebe. Entramos.

— Bom dia, queridos! Espero que tenham dormido bem. Vamos direto ao ponto, pois o dia vai ser bem longo... Aliás, estes dias serão... – Paty nos abraça, largando a papelada que está na sua mesa. – Sentem—se! — Paula entra com os cafés, águas e biscoitos e fecha a porta quando sai. Isto significa que o assunto é sério.

— Bem, analisamos a papelada, os contratos do casamento e dos imóveis, e temos vários problemas. Legalmente, ele tem direito a 50% do apartamento, de todos os seus bens e da poupança que você conseguiu juntar depois de oficializar o casamento. Na realidade, se ele entrar na justiça, ele pode conseguir que o juiz os reconheça como casal antes mesmo do casamento, já que vocês moravam juntos e a sociedade os via como um casal – esclarece Joana. — Mas creio que ele não faça isto, porque significa que você também teria 50% do ateliê, que está no nome dele. Então vamos focar no que chegou depois do casamento. Acho que em termos de poupança não tem muito, mas você comprou o carro. Está no seu nome, mas foi comprado depois do casamento, então legalmente ele tem direito a 50%.

— O carro pode ficar com ele. Só quero meu apartamento – desabafo, cansada.

— Não! Você vai ter TUDO! NADA vai ficar com ele... Somente ouça baby – contestou Roberto, pegando a minha mão. Neste momento Cleide entra e olha direto para as nossas mãos, entrelaçadas.

— Bom dia. Espero não estar atrapalhando nada – fala Cleide, recuando um pouco. Roberto dá um pulo da cadeira e vai até ela, sem saber se a abraça ou a beija, mas apenas se olham, com um sorriso amarelo no rosto. Dá para ver que eles se amam...

— Entre, Cleide. Conseguiu ver o e-mail que enviei com as explicações do caso? Tem alguma dúvida? – pergunta Joana, entregando a ela alguns papeis.

— Não tenho dúvidas. É para enganar aquele escroto, não é isto? Farei. Quando posso começar? – afirma Cleide, sentando ao meu lado.

— Do que vocês estão falando? – perguntei sem entender.

— Vamos lá... Roberto passou a noite estudando uma forma de conseguirmos reaver o seu ateliê. Ele lembrou que o IPTU estava atrasado, quando você comprou o imóvel... – Paty esclarece.

— Sim. Mas eu paguei tudo, depois que Cleide conseguiu regularizar. – completei, ainda sem entender.

— Então, nós temos um plano. Neto não participou de nada, a única coisa que ele queria era o imóvel e que Roberto ficasse longe das negociações. Eu e Cleide fizemos tudo, lembra?

— Lembro.

— Ele não sabe que você pagou. Nós vamos dizer para Neto que o IPTU não foi pago, que o imóvel vai a leilão e que ele pode ser preso. Ele morre de medo da justiça, vai acreditar no que a gente disser. Até porque você não vai estar aqui para resolver as coisas. Eu vou sugerir ao Neto que ele passe o imóvel para o nome de outra pessoa, para que ele não precise pagar nada enquanto você não volta de São Paulo. Então, ele vai passar o imóvel para meu o nome ou de Cleide, tendo um falso contrato de gaveta para certificar que o imóvel continua sendo dele. Com isto um dos nossos problemas está resolvido. Cleide vai hoje mesmo falar com ele. Ainda não vamos dar a nossa solução, primeiro ele precisa ficar desesperado... Quando ele me procurar, eu lanço a proposta. – Disse Paty, explicando o plano.

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