Capítulo 18

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21 de novembro de 2016

Os dias passaram rapidamente. Quando me dei conta, já fazia três meses que eu tinha voltado para casa. No começo foi terrível, chorei muito, me senti a pior mulher do mundo, me culpei por ter colocado Neto na minha vida e por ter dado a ele o poder que eu dei. Me enclausurei, não quis sair de casa, quase não atendia ao celular e não recebi ninguém em casa. Só saia para o mercado e para a terapia. Aliás, se não fosse a terapia, acho que teria desistido de muita coisa.

Meu atestado médico acabou e eu precisei voltar ao trabalho. O primeiro dia foi um misto de sentimentos. Ao mesmo tempo em que eu me sentia renascendo, eu queria continuar no meu casulo. Fiquei bem feliz na sala de aula, eu realmente gosto do que eu faço. Esta troca com os alunos me faz sentir viva novamente. Mas o sair de casa, o me arrumar, o caminho até lá e a volta para casa (principalmente isto), me deixam muito mal. Eu chegava em casa, tomava um banho e praticamente apagava no sofá. No começo, eu não conseguia dormir no mesmo quarto onde dormia com Neto. Mas, aos poucos, fui conseguindo entrar lá.

Meus amigos estão bem preocupados comigo, mas estão me dando o tempo que eu preciso para conseguir enfrentar esta situação. Eles me visitaram várias vezes, dormiram aqui, me ligavam com uma frequência maior do que antes. Hoje eles me mandaram uma cesta com um monte de coisas que eu gosto, juntamente com um "vale noite com amigos". Mandei uma mensagem de agradecimento e marquei para eles virem aqui na próxima sexta. No sábado terei o encontro com o pessoal do colégio. Estava bem animada no começo, mas agora estou receosa. Não sei se quero mostrar a todos o quão eu sou fracassada. Quer dizer, racionalmente falando, eu sei que não sou fracassada, mas é como eu me sinto agora. Não quero ir sozinha. Vou pedir para alguém ir comigo.

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