Capítulo 22

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10 de dezembro de 2016

Felipe me ajuda a levantar e me trocar. Me sinto uma criança sendo cuidada pelos pais quando estou com ele. Ele me deixa na minha garagem e vai para a reunião. Aproveito que não estou mais com ele para pensar no que foram estas últimas horas. Ainda no elevador, pego o celular para mandar um áudio para Felipe, para agradecer mais uma vez.

Estou começando a gravar o áudio, quando abro a porta do meu apartamento.

— Felipe, mais uma vez obrigada por tudo o que você está fazendo por mim – digo, enquanto estou destrancando a porta. – Você tem sido mais do que um amigo – completo enquanto fecho a porta atrás de mim, já virando para colocar a minha senha de segurança. – você se tornou uma pessoa essencial – percebo que a caixinha da senha está danificada e congelo imediatamente. – Que porra é esta? – falo alto, virando para a sala, quando percebo um grande arranjo de flores no balcão da cozinha. Estas flores não estavam aqui. – Flores aqui dentro? Como? – Continuo virando até ver um homem parado ao meu lado, segurando uma arma, apontada para a minha cabeça. – Neto! Como você entrou aqui? E que arma é esta? – ameaço gritar, mas ele engatilha a arma e eu congelo.

— Minha pombinha, sentiu saudades? Onde você esteve até agora? Passei a noite toda aqui te esperando. – Ele faz um carinho no meu rosto, com uma das mãos. Eu dou um passo para trás, mas ele agarra meus cabelos. – Calma, minha pombinha assustada. Não vou te fazer nenhum mal, mas você precisa se comportar. – Me dá um beijo e eu quase vomito. – Me beija de verdade! Agora! – Me beija de novo. Eu me dou conta de que estava gravando uma mensagem para Felipe e tento enviar, sem que Neto perceba. Tento virar o rosto para a minha mão, enquanto retribuo o beijo. Preciso ver onde está o ícone para enviar a mensagem, sem que Neto veja nada.

— O que é isto na sua mão, pombinha teimosa? – Tira o celular da minha mão, sem que eu veja se a mensagem foi enviada ou não, e joga o celular pela janela. – De novo? Não aprendeu que deve me obedecer? Desta vez você não terá ajuda do nosso vizinho... Ele está viajando. – Eu começo a rezar para que o sistema de câmeras emita um alerta para a empresa e para o celular de Felipe. – Além de que, eu consegui quebrar o seu sistema. Estou aqui desde a madrugada e ninguém descobriu. Foi mais complicado do que eu imaginei, mas eu consegui entrar no sistema e colocar uma imagem parada nas câmeras. Quem olhar para elas nem vai perceber que tem gente em casa... – Ele me agarra, colocando a mão na minha bunda. – Você sabe que data é hoje? Estamos comemorando quatro anos que nos conhecemos. Foi no aniversário de Estela. Eu vi você ontem, indo para a festa. Você estava deliciosa, se arrumou para mim, não foi?

Ele anda pela casa, com a arma na mão. Pega o arranjo de flores e trás até mim. Percebo que a mesa está posta para comermos.

— Você recebeu a minha cesta de queijos e vinho. Fico feliz que tenha guardado para comemorarmos juntos – fala, enquanto coloca o vinho na taça. Percebo que ele deixa a arma em cima da mesa. Ele serve o vinho e traz até mim, deixando a arma na mesa. – Beba um pouco.

Eu finjo que bebo um gole, mas tenho muito medo do que pode estar aqui dentro. Ele percebe e bebe um pouco da minha taça, para mostrar que não tem nada. Mesmo assim eu disfarço e não bebo nada.

— Onde você passou a noite, minha pombinha? Na casa de uma das suas amigas? Espero que não tenha sido na casa daquele Beto. E nem daquele outro cara que está sempre vindo aqui. Quem é ele? – Se senta ao meu lado, puxando minha cabeça para descansar no peito dele. – Eu te fiz uma pergunta, responda – fala, puxando meu cabelo, para que eu o olhe nos olhos.

— Um colega da época de colégio.

— Quero nome, sobrenome e o que ele faz o tempo todo aqui na sua casa. – Puxa ainda mais o meu cabelo. Sinto alguns fios sendo arrancados do meu couro cabeludo. – Fala agora, pombinha!

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