Capítulo 19

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26 de novembro de 2016

A noite de sexta foi ótima. Eu já pude beber, pois os remédios já acabaram. Estou quase completamente recuperada, apesar de ainda estar fazendo fisioterapia no braço. Bebemos até quase de manhã. Tereza e Beto dormiram aqui comigo. Eles também toparam me acompanhar na festa do colégio hoje.

Tereza voltou para casa logo cedo, pois teria uma paciente para atender. Eu vou pegá-la às 13h, para irmos ao churrasco. Beto vai ficar aqui direto.

Eu acordei às 11h com o cheiro de café que Beto havia feito. Ele foi à padaria e comprou pão fresquinho também. Comemos tarde e bastante, para podermos aguentar até a hora do churrasco. Assim que acabamos o café, tomamos banho e nos arrumamos. Depois daquele dia no ateliê, eu não consegui mais ficar nua na frente dele. Ele também não entrou mais no banheiro enquanto eu estava. Nem enquanto eu estava na casa dele, nem agora. Ele foi direto para o banheiro de hóspedes. As coisas não estão estranhas, mas também não estão iguais. Acho que não somos mais "amigos com benefícios", mas continuamos muito amigos.

***

Chegamos super cedo no churrasco. Por um lado é ótimo, porque não tive que cumprimentar um monte de gente de uma só vez, além de poder escolher estrategicamente a mesa, entre o bar e a churrasqueira, sem pegar fumaça. Foi bem legal rever algumas pessoas, saber como estava todo mundo.

Para meu ego também foi importante ver que Osvaldo, o cara por quem que eu era louca na escola, e que nunca quis saber de mim, estava horroroso. E ficou a festa toda tentando me chamar para sair. As meninas populares continuavam chatas, os bonitões estavam feios, mas a grande surpresa ficou a cargo do menino mais encapetado da escola: Hoje Felipe é um grande empresário, riquíssimo, lindo demais e recém—solteiro. Nossa! Eu sempre o achei bonito, mas agora: Ele está um deus grego!

A festa só acabou bem tarde. Nós fomos quase os primeiros a chegar e fomos os últimos a sair. Já era noite. João estava tocando violão e eu percebi que Tereza e ele estavam trocando muitos olhares. Fico feliz, Tereza está sozinha e merece um relacionamento legal. Acho que eles fazem um belo casal. Beto estava conversando com uma das meninas mais tímidas da escola, Ivana, e acho que ali também vai sair alguma coisa... E eu estava aguentando o papo chato de Osvaldo, querendo se gabar de algo que eu nem sabia o que era, mas que sabia que era mentira. Confesso que nem estava ouvindo ele direito, estava prestando mais atenção na música e nos olhares entre Tereza e João. Já estava fazendo planos para eles, pois adoro ser casamenteira.

— Maria Eduarda, quer uma cerveja? – Vejo uma garrafa long neck na minha frente e aceito. Pensei que tinha sido o Osvaldo, mas percebo que Osvaldo já tinha saído do meu lado e que Felipe tinha ocupado seu lugar. – Está viajando na música, na cena de amor, ou está longe daqui?

— Obrigada – agradeci enquanto pegava a cerveja. – Estava viajando na música, na cena de amor e também estava longe daqui...

— Pensando no ex? Soube que você está se separando. – Eu desvio o olhar. Ele se conserta na cadeira. – Desculpe. Assunto proibido?

— Não é proibido, mas é incômodo. Não gostaria de falar sobre isto agora. Só te garanto que não estou pensando no meu ex. – Bebo um grande gole da cerveja. – Nossa, está geladíssima. A primeira assim do dia. Onde ela estava escondida?

— Eu tenho meus segredos... Mas garanto que tem mais de onde saiu esta. Quer outra?

— Calma, Felipe, eu ainda nem terminei esta. Assim vou sair daqui carregada.

— Não é uma má ideia, mas prefiro que não seja carregada bêbada... Porém, posso te ajudar a sair daqui sendo carregada. O que acha? – Ele levanta e me carrega no colo.

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