Capítulo 20

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28 de novembro de 2016

Hoje o dia foi estranho, entre emoções fortes ao falar sobre direito da mulher nas aulas da manhã, um almoço tenso no restaurante da esquina, pois achei mais uma vez que estava sendo observada, e provas à tarde. Quando cheguei em casa, parecia que tinha participado do Ironman. Meu corpo estava exausto, minha mente não parou. Tomei um banho, depois tomei uma sopa e fui dormir, sem nem olhar para meu celular.

***

Acordei atrasada, parecendo que não tinha dormido nada. Peguei uma fruta e saí ainda comendo no carro. Na faculdade, peguei um café duplo e fui para a aula. Tive uma reunião com meu grupo de pesquisa, no horário de almoço, o que me fez comer apenas um sanduíche. A aula seguinte foi bem tensa, pois estamos estudando um caso complicado, que está dividindo a opinião da turma. Quando acabei a aula é que, finalmente, pude olhar meu celular.

Fiquei imediatamente tensa, pois Paty havia me ligado trinta vezes. Beto, Tereza e Estela também me ligaram várias vezes. No total eu tinha setenta e duas chamadas não atendidas e mais de quatrocentas mensagens. Liguei para Paty, sem nem ler as mensagens.

— Duda, está tudo bem contigo? Onde você está? Já viu o que aconteceu? – Paty dispara, sem nem me deixar falar.

— Calma, Paty. O que aconteceu? Eu estou bem, saindo da faculdade e indo para casa. Não sei o que aconteceu. Alguém se acidentou? Morreu? Paty, fala logo.

— Não, estamos todos bem, só preocupados contigo. Estou tentando falar contigo desde ontem e você não atende e nem olha as mensagens. Você está dirigindo?

— Estou sim, acabei de sair da faculdade e estou indo para casa. O que está acontecendo?

— Primeira coisa, não pare em lugar nenhum. Vá direto para casa. Se parar num sinal fechado, deixe os vidros fechados e observe bem o seu redor. Eu estou indo para sua casa. Não atenda celular até chegar lá. E só pare na sua garagem. – Desliga, me deixando sem respostas e muito preocupada.

A encontro na minha garagem. É visível a tensão no rosto dela. Mal eu desço do carro e ela já me puxa para o elevador. Ela não fala nada até estarmos no apartamento, devidamente trancadas.

—Pronto, agora que estamos aqui, se sente e beba esta água. – Eu me sento assustada, enquanto ela pega um copo de água.

— Paty, o que está acontecendo. Você está me assustando – falo, sem beber a água.

— Somente ontem eu fui avisada de que Neto foi solto. Ele já deve saber que o ateliê não o pertence mais. Ele deve estar muito puto da vida contigo. Eu fiquei com medo de que ele tivesse vindo para cima de você. Ele está livre desde sábado. Ele entrou em contato de alguma forma? Eu já liguei para o cara que alugou o ateliê e ele disse que Neto não esteve lá, então eu imaginei que ele estivesse contigo. Aí você não atendeu, não respondeu... Beto me falou da sua sensação de ontem, eu achei que fosse Neto e todos nós ficamos desesperados.

— Neto está livre? Desde sábado? Mas ele não me procurou. Nem ligou e nem esteve aqui. Pelo menos não que eu tivesse visto. Será que a sensação de estar sendo observada...

— Pode ser. Pode ser que ele esteja te observando. Mas também pode ser apenas neurose nossa. Por garantia, não vacile sozinha na rua e tranque bem a casa. Você trocou a fechadura, não foi? Eu estou buscando alguma forma de prender ele de novo. Pedi vistas ao processo e estamos analisando, para ver se achamos uma maneira dele responder o processo ainda preso, mas está difícil, pois ele é réu primário. Estou tentando localizar Micaela, pois ela retirou a queixa contra ele. Se ela mantiver a queixa, fica mais fácil ele ser preso novamente. Parece que ela mudou de número e de endereço. Passei lá ontem e ninguém atendeu. E o celular só dá caixa. Ela está de férias do trabalho também.

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