🌷 Capítulo 15 🌷

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A conversa entre Thomas, Kevin, mamãe e John estava fluindo mesmo com algumas farpas e deboches entre Thomas e John. O mais engraçado é o fato que ele acha que eu estou adorando vê-lo aqui. John de vez em sempre me lançava um olhar enigmático e significativo, isso me deixava enjoada. Não sei o que fazer, só sei que queria ir embora, se Gael aparecesse me oferecendo uma fuga eu iria de bom grado. John estava passando dos limites quando mencionou nossa história com certa euforia, como se tivéssemos sido um casal perfeito a vida toda. Eu estava enjoada, enojada pra ser sincera. Se não fosse por Thomas segurando agora a minha  não eu estaria vomitando na mesa ou nos pés de Kevin.

Eu precisava de verdade ir embora daqui, precisava ir pra longe de John, tenho certeza que Kevin e mamãe entenderiam, afinal não era nem para ele estar aqui. Me ajeitei na cadeira confortável de couro e vez ou outra Thomas me olhava protetor, de um jeito que eu não gostava, o mesmo olhar que me causava arrepios e me distraía do problema atual, meus olhos se prenderam nos dele nesse momento e então a voz de Kevin era nítida e audível, mas parecia tão distante agora. Aquele mar azul tão convidativo, aqueles lábios rosados tão atraentes se curvaram em um sorriso, se eu não estivesse tão perturbada com a presença de John e desconfortável com sua cortesia barata, juntaria que beijaria Thomas.

— Acho que John perdeu a viagem. — comenta Kevin.

Mesmo que eu quisesse olhar para Kevin e sair desse transe, era quase impossível! Por um milésimo de segundo, pensei que Thomas pudesse se sentir da mesma forma. Eu não me sentia tão à vontade com Thomas quanto me sentia à vontade com Gael, não digo que teria qualquer possibilidade com Gael, não era meu tipo, mas Thomas querendo ou não, mesmo que eu negue a mim mesma, me fascina de uma forma imensurável, é algo que afirmo  que nunca senti por John.

É evidente que eu e Thomas temos uma conexão, embora eu ache que seria mesmo por causa da trágica situação que nos envolveu. Não era certo me envolver emocionalmente com alguém que eu mudaria a vida inteira estar ajudando, querendo mostrar a linda beleza da vida que nem eu mesma sabia qual era, mas era válido tentar algo para faze-lo acreditar que a vida sempre merece uma segunda chance. Queria descobrir isso junto a ele, já que ele sofria com depressão enquanto eu estava desiludida de paixão.

Ouvi um resumindo ao fundo, uma risada baixa que vinha atrás de Thomas. Eu sei que não era certo, iria parecer uma vingança idiota contra o cara que me maltrato, mas essa hipnose estava tão...gostosa! É como se o mundo tivesse parado para observar os anéis de Júpiter apreciando sua rotação diária. Era como a lua apreciando todo o esplendor do sol, o seu brilho enigmático. Era uma coisa nova e única, e sinto que ambos sentimos isso. Por mais que eu quisesse nossos olhos estavam presos uns aos outros, em uma conversa tão silenciosa e tão gostosa, que cortar esse contato visual me deixaria mal, vulnerável e confusa. Alguém tinha que dar o primeiro passo, mas isso pesava.

Thomas se aproximou o bastante para beijar o topo da minha cabeça e voltar sua atenção para Kevin. Meu coração pulou do precipício, me senti vazia e abandonada, mas não entendia o porquê. Eu não deveria sentir isso e ainda se tratando de Thomas. Olhei para John me observando com uma cara triste, e me senti mais pequena ainda. Meus olhos marejaram. O que está havendo comigo?, penso.

Me levanto afirmando que ia ao banheiro. Corri para dentro do restaurante, se por fora exalta uma beleza exorbitante na arquitetura, por dentro parecia um palácio. Estava cheio, pessoas bem vestidas, elegantes com penteados diferentes da qual americanos usam em seus encontros. Corri mais rápido que pude e então dobrei uma abertura e cheguei ao banheiro, havia duas meninas que se maquiavam e falavam sobre garotos, se ao menos elas soubessem a dor de cabeça que eles trazem não estaria tão empolgadas em retocar a maquiagem. Elas me olharam confusas e apenas entrei em uma cabine e deixei as lágrimas rolarem,  apertei minha boca com as mãos para abafar o choradinho, mas ouvi as garotas reclamarem em sua língua nativa e saírem aborrecidas.

— Meu Deus, o que farei? — pergunto a mim mesma em voz alta.

Eu nunca pensei que em poucos minutos eu estava me sentindo tão destruída como outrora. Um homem veio a Irlanda mesmo sabendo que sua presença não era bem vinda e o outro homem que me acompanhou essa minha jornada, me faz sentir como se eu caminhasse nas nuvens e ao mesmo tempo caísse em solo tão pesado quanto concreto puro. Confesso que estar perto de Thomas me deixava nostálgica, agitada, sabia que tudo podia acontecer mas eu não consigo controlar isso. Tentei respirar fundo antes de voltar e criar um alvoroço de preocupações e muito mais atiçar a fera em Kevin, um am8go super protetor.

Ele fazia minha mãe feliz e eu sou muito grata por ele ter entrado em nossas vidas. Mas trazer John aqui foi um erro. Não há nada mais nojenta do que rever um ex e ter alguém  que possivelmente me faz delirar de várias formas diferentes. Ouvi batidas na porta e sabia que estava na hora de sair, limpei as lágrimas freneticamente e sai da cabine em direção a pia, meu rosto estava inchado e meus olhos vermelhos, um completo caos. O que mais poderia acontecer esta noite?

Quando abri a porta vejo Thomas com aquele olhar protetor e preocupado, porém se al8viaram ao me verem, minhas pernas ficaram bambas de repente, Thomas me segurou pela cintura gentilmente, seus olhos azuis eram profundos e vívidos, possuíam desejo, ardor e paixão, ou era só coisa da minha cabeça. Algo me pedia para que eu o aceitasse, mas o outro lado pedia para eu fugir, correr para o mais longe possível. Apoiei minhas mãos em seu peitoral largo e lembrei-me dele sem camisa na escada, aquilo me deixou mais nervosa do que já estava com sua aproximação. Não sei exatamente o que ele está fazendo, mas eu não estava fazendo nada para impedi -lo.

Mordi o lábio, apertando com força, abaixei o rosto em busca de pensar em qualquer desculpa para sair dali, mas não havia nada. Thomas se aproximou ainda mais deixando nossos rostos a um centímetro de distância, estávamos muito próximos e então uma voz me recuperou do meu transe:

— Emy, você está bem? — pergunta John.

Quando o vejo, senti sua tristeza emanar de seu corpo, mas ele parecia mais preocupado com a minha demora do que com a cena que estava vendo. Ele ficou parado me olhando, seus olhos  castanhos estavam marejando, mas como poderia ele achar que tem esse direito? Meu peito estava pesado e isso me irritou. Me afastei de Thomas com uma nova emoção de raiva e os olhei frustrada.

— Isso foi uma péssima ideia! — digo entredentes e saiu dali em passos fundos.

O que eu ia fazer? O que estou fazendo? São duas perguntas o que eu não conseguia responder. Alguns olhares se viraram e cheguei ao lado de fora em direção ao Kevin, peguei meu casaco e olhei feio para Kevin, que abaixou a cabeça. Sai o mais depressa possível dali, queria ir para longe  de Thomas, longe de John, longe de tudo que ainda me deixava...vulnerável.

Mas só por ora, queria ficar sozinha, pela primeira vez eu só queria estar sozinha.

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