🌷 Capítulo 20 🌷

109 12 0
                                    

Enquanto nos aproximávamos de Nova York, minha cabeça girava e latejava fortemente na parte posterior, estava com dor de cabeça. Kevin lia qualquer coisa em uma revista e mamãe acompanhava. Ainda queria entender porque Thomas havia ido embora abruptamente, sei que ele tinha muitos problemas, mas não imaginava que a frieza era um deles. Como pude ser tão estúpida em me apaixonar por ele? Me sinto uma tola.

O piloto anunciou a nossa chegada e que deveríamos nós segurar para a aterrissagem, a pior parte. Deixar Dublin também me causava náuseas, e pensei em Gael. Ele devia está no bar curtindo como sempre, como um verdadeiro irlandês, mas parte de mim sabia que a minha ida foi propositalmente fora de sentido. Mas decidida a esquecer pequeno detalhes ruins sobre minha vida e recomeçar do zero, seguiria até o fim dos tempos.

Ao caminhar pela pista atrás de Kevin e mamãe que pareciam felizes como sempre eu estava pensativa, estava ansiosa para voltar a faculdade e retomar meus estudos e me tornar uma grande psicóloga algum dia e que eu possa, de verdade, ajudar alguém. No momento eu sou o pior dos fracassos. Isso era claro. Mas não vou voltar a me lamentar novamente, só vou seguir um passo de cada vez e assim conhecer-me de verdade.

Seguimos para ala de desembarque e Kevin fez o check-out e demos início a nossa volta. Nova York estava linda como sempre, a neve suave caía sobre as ruas criando uma leve camada branca no chão, pessoas rindo e bem agasalhadas, mesmo longe de Dublin ainda sinto frio, sorrio. Meu celular vibra e busco ele por minha bolsa.

Irlandês Insolente:
Já chegou, americana?

Emily:
Sim, estou no táxi, está nevando aqui!

Irlandês Insolente:
Que decepção para uma americana.

Emily:
Insolente!

Irlandês Insolente:
Boa sorte, Emy!

Guardei meu celular e sorri enquanto olhava pela janela, mamãe segurou minha mão suavemente e deu um leve sorriso. Mal vejo a hora de chegar em casa, só não espero trombar com Kate no caminho, já seria uma afronta e tanto. Após alguns minutos de viagem, chegamos a nossa querida residência e mal vejo a hora de me deitar nela e descansar como jamais havia descansado. De repente, me senti exaurida e quando o carro parou, Kevin pagou a corrida e desci do carro e retirei minha mala do porta-malas, e segui para dentro de casa seguida por mamãe.

Comecei a bocejar levemente e sentir minhas pálpebras pesadas.

— Em, quer algo para comer? — pergunta mamãe caminhando para cozinha.

Sorri, Kevin se esforçava para colocar as malas no canto, para um homem grande era uma árdua batalha. Ele me olha e começo a rir.

— Não mãe, vou tomar banho e tentar descansar. — digo.

Ela me olha com doçura e da meio sorriso. Subo as escadas encontrando a porta do meu quarto fechada, entro nela me lembrando do dia em que cheguei, não tive tempo nem de respirar, só fiz as malas e fugi para Dublin. Melhores férias da minha vida. Espero não ver Kate na minha frente por um bom tempo, John foi atrás do meu perdão e só enfrentou os meninos porque o seu ego não permitiria que aceitasse que já era figurinha antiga. Mas retomando aos novos passos da minha nova vida.

Entrei nele delicadamente e olhei para cada canto daquele quadradinho que era meu portão seguro por tanto tempo. Cheirava lavanda, obra de mamãe, a cama estava arrumada e impecável como sempre. Ela não havia arrancado os pôsteres das minhas bandas de rock favorita, aquilo me fez sorrir. Tinha dos Everysony, do Pompien, Harley Sound, bandas de quando eu tinha 12, 13 anos, turmas de garagem que fizeram sucesso até nos palcos.

Mas em breve estarei arrancando eles daqui, afinal, não se ouve nem mais se falar deles. Arranquei um pôster e depois mais outro e relembrava de cada momento bons, como no dia em que briguei com mamãe porque ela não deixara eu ir para o show de Harley Sound. Papai disse que mamãe estava certa mas estava sendo rígida quanto aos meus estudos, então ele disse a ela que me levaria para que ela não ficasse atormentada. Mamãe não deixou mesmo assim. Foi uma época boa.

Ouvi batidas na porta e pedi que entrasse, Kevin entrou e deu um leve sorriso.

— Está bem? — perguntou.

— Sim.

— Vai jogar fora? — perguntou um tanto surpreso.

— É, passou da hora, hoje em dia ninguém mais ouve falar deles, provavelmente maioria deve estar trabalhando em uma oficina mecânica ou vendendo carros usados, nunca se sabe — sorrio.

Kevin balançou a cabeça mas concordou comigo e riu baixo.

— É você cresceu. — afirma Kevin e sorrio para ele. — Me lembro de ver você implorar a sua mãe para não tocar nesses pôsteres e nem de entrar em seu quarto e veja só!

Começo a rir com vontade.

— Pois é, às vezes somos tão materialistas que esquecemos que nada é nosso para sempre.

— Ótimo, fico feliz por pensar assim — Kevin se aproximou e segurou minhas duas mãos nas suas, ele parecia querer chorar mas se negava a deixar que a lágrima caísse. —, considero-a como uma filha e só quero seu bem, mas tem algo que preciso que saiba...

Franzi as sobrancelhas.

— Eu sei que pensa que aquele rapaz lhe abandonou, mas não é verdade. Eu o vi pedir pela sua vida dezenas de vezes e não queria deixar você nem por um minuto! — Kevin me olhava sério, esperando que eu tirasse esse rancor do peito e prosseguiu. — Na sala de espera ele recebeu uma ligação, ouvi-lo dizer que ele lamentava o ocorrido que não entendi direito, ele queria ficar com você...

Respirei fundo e me soltei de Kevin, meus olhos marejaram mais uma vez. Por que sempre que tocam no nome de Thomas, meus olhos deixam as lágrimas aparecerem? Será que posso pelo menos um dia passar sem ouvir no nome de Thomas? Cruzei os braços e funguei, esperei que Kevin terminasse.

— Eu pedi para conversar com ele, a mãe dele havia acabado de falecer e a irmã dele parece que ia assumir a empresa da família e se ele não comparecesse não teria como tirar a empresa da irmã dele! — afirma Kevin. — Ele foi por um motivo, ele não fez porque ele quis, ele precisava.

Fico boquiaberta com a revelação. Fui egoísta até nos meus próprios sentimentos, talvez Kevin não tenha sentido tanta confiança e Gael para se abrir assim, Thomas teve motivos para ir e eu só pensei em mim, esqueci completamente que ele tinha problemas na família e principalmente com sua irmã. Me sinto uma tola, uma idiota! Kevin apenas abaixou a cabeça e anunciou sua saída, eu agradeci e fui para o banheiro tomar um banho para um ótimo descanso.

Assim eu esperava que fosse.

Perfeito Para Mim - LIVRO ÚNICO Onde histórias criam vida. Descubra agora