Capítulo 31

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AMANDA

Eu havia sentido dor na volta para casa. E elas vinham aumentando. Rebeca estava nascendo, eu sentia.

Fui o mais rápido possível para casa, precisava de Felipe, da sua ajuda, presença, conforto. Precisava dele.

E assim que abri a porta, o que eu vi à minha frente deixou tudo turvo.

Por um único instante eu queria gritar, sair correndo, esconder-me. Mas então Felipe se desvencilhou de Gabi e de seus braços que o envolviam. Ele parecia tão furioso, contrariado, tenso.

Eu sabia muito bem como ele reagia aos meus beijos, sabia cada parte do seu corpo que ficava relaxada com meu contato, e assim que o vi de costas, eu sabia que ele não estava relaxado, estava sendo forçado àquilo, talvez tivesse sido pego de surpresa, ou algo to tipo. Mas não era o que Felipe desejava.

Eu não iria dizer nada, apenas chegar e chamá-lo para irmos ao hospital, depois conversaríamos sobre o que fosse preciso. Mas quando dei um passo à frente, senti um liquido quente escorrendo por minhas pernas.

Um pânico dominou meu coração. Eu sabia que tinha chego a hora, mas sentir isso assim, ver com os próprios olhos, era muito mais assustador do que eu estava preparada,

Chamei Felipe, na esperança de que ele entendesse o que estava acontecendo, e ele se virou imediatamente na minha direção, compreendendo quase que instantaneamente a atenção que o momento pedia e saiu correndo escadas acima, sem nem me falar nada. Não era preciso.

Gabi ficou parada, parecendo não entender o que tinha acabado de acontecer na sua frente.

— Oi, Amanda, não tinha te visto aí. Faz muito tempo que você chegou? — ela começou a falar sem parar — eu não queria que você descobrisse assim. Mas eu e o Felipe estamos juntos.

Não saberia dizer se era o nervosismo do momento, o medo ou o cara de pau dela, mas eu comecei a gargalhar enquanto caminhava como um pinguim, toda inchada e ainda molhada para me sentar no sofá.

— Me poupe das suas mentiras, Amanda. Eu conheço meu namorado. — Fiz que não com a cabeça, me corrigindo. — Conheço meu melhor amigo, há muito mais tempo que você, e não vai ser uma ceninha patética que você tentou protagonizar, que vai mudar isso.

Ela pareceu chocada com o que eu disse, e eu comemorei internamente. Era o que eu precisava para colocar o ponto final naquela história e confiar no meu namorado.

— O que você ainda está fazendo aqui? — a voz rouca e grave de Felipe se fez soar do alto da escada com as malas penduradas nos ombros.

Gabi olhou para mim, desceu para minha barriga e depois para minha perna molhada.

— Ai, meu Deus — ela colocou as mãos na boca, o que fez com que sua voz saísse abafada.

— Vamos, meu amor. — Felipe já estava ao meu lado, ajudando-me a levantar. — E você faz o favor de ir embora.

O contraste da voz dele para comigo, e com Gabi, era nitidamente diferente.

Mas graças a Deus ela acatou o pedido dele e saiu da nossa frente.

Felipe me ajudou a entrar no carro e começou a dirigir até o hospital.

— Ei — ele segurou minha mão — eu queria que você soubesse que o que viu em casa, foi uma armação daquela louca. Eu não a beijei.

Ele parecia preocupado, tanto com o início de parto que eu estava entrando, quanto para se resolver da situação embaraçosa que Gabi o tinha colocado. Apertei sua mão com um pouco mais de força, para passar o que eu estava prestes a dizer.

— Eu confio em você, Felipe. No seu sentimento, dignidade, nas suas verdades. Não se preocupe com isso, porque eu sei quem você é, e o que sentimos um pelo outro.

Ele levou minha mão até a boca, depositando um beijo cálido, e em seguida levei a sua à minha barriga. No momento em que fiz isso, uma contração chegou, apertei a mesma mão que segurava com mais força ainda.

Senti quando Felipe pisou mais fundo no acelerador, desviando e ultrapassando os carros à nossa frente.

O resto do dia foi um borrão. Chegamos ao hospital, fui vestida e levada a uma sala. Felipe me acompanhava a cada passo. E no momento seguinte, meu namorado, melhor amigo, amante, amor da minha vida, segurava minha mão enquanto me pediam para fazer força. Em seguida o choco ecoou por todo o quarto e nossa princesa estava em meus braços.


FELIPE

Lágrimas não paravam de escorrer por meu rosto.

Eu não saberia descrever a emoção que sentia naquele momento. Assistir ao parto, segurando a mão de Amanda, vendo o quanto ela era forte e corajosa, e logo em seguida vê-la segurando nossa filha nos braços. Nossa princesa.

Aquele era sem dúvida nenhuma, o dia mais feliz da minha vida.

Meu coração poderia sair a qualquer momento pela minha boca e começar a dançar Macarena no meio da sala.

Passei as mãos pelos cabelos suados de Amanda, e depositei um beijo no alto de sua testa. Ela também chorava.

Nossa filha já havia se acalmado enquanto estava encostada com a cabecinha no colo da mãe, ouvindo seu coração bater.

Uma ideia súbita passou por minha mente e parou no meu coração, e a caba batida, ele implorava para que eu dissesse o que estava enroscado na minha garganta.

— Casa comigo? — soltei de uma vez, em uma única batida do meu coração.

— Felipe... — ela olhou para cima, encarando-me.

— É sério. Já enrolamos demais. E agora temos a nossa bênção nos braços, vamos fazer tudo conforme manda a sociedade. Eu quero você como minha mulher, para sempre.

Uma lágrima a mais rolou de seus olhos e pingou sobre a cabecinha da nossa filha, que se contorceu nos braços de Amanda. Era como se ela corroborasse com tudo o que eu havia dito.

— Eu aceito.

Duas palavras, e meu dia ficou ainda mais feliz.

Dei um beijo em Amanda e um na cabeça da minha filha, selando aquele momento, escrevendo a minha felicidade.

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