Capítulo 1

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Amanda

Lá estava eu realizando um sonho. Minha tão sonhada liberdade.

Sair daquela pequena cidade e vir morar em uma grande, era o sonho de qualquer morador jovem o bastante que queria viver a vida intensamente. E eu estava realizando isso.

Minha mudança para São Paulo havia chegado alguns dias antes e já estavam na casa que eu havia ganhado do meu avô. Sim, minha liberdade estava sendo patrocinada por uma herança adiantada. Na verdade, meu avô dizia que era um presente de aniversário, já que como eu era a única neta que ele tinha, podia me mimar.

Aquela velha história, se eu consegui, foi por que mereci. Mera hipocrisia, já que era apenas meritocracia, e eu tinha consciência disso.

Mas era um presente de vinte e três anos muito bem vindo, não era?

Assim que saí da porta de desembarque, puxando minha bagagem, Felipe apareceu em meu campo de visão.

Ele era meu melhor amigo desde sempre. Era vizinho da minha casa quando éramos pequenos e se mudou para fazer faculdade, enquanto eu havia feito uma no interior mesmo.

Alias, éramos formados na mesma área, em arquitetura e urbanismo e estávamos planejando montar um negócio juntos.

— Ei, Pirralha — ele me cumprimentou com sua forma carinhosa assim que me viu também.

Puxei minha mala de rodinhas um pouco mais rápido, apressando os passos para chegar até ele.

Felipe era um homem alto, com seus mais de um metro e noventa, um cabelo baixo e muito bem cortado, olhos cinza-claros e tão penetrantes que era um deleite de se admirar. Além de alto, ele era musculoso, forte, praticamente um armário perto de mim. Seu rosto era quadrado, e tinha um maxilar marcado.

Bom, meu melhor amigo era gato, e a prova disse era que quando estávamos no ensino médio, todas as meninas vinham pedir para que eu arrumasse um encontro com ele. Basicamente todas.

Coisas de ensino médio...

Mas ali estávamos nós, novamente juntos e prestes a começar uma parceria.

— Oi, Shrek. — Também usei um apelido de infância que eu havia colocado nele.

Sim, pelo desenho, pois ele parecia um ogro quando queria, mas tinha um coração enorme.

— Eu estava com tanta saudade — ele falou, abrindo os braços.

Soltei minha mala e corri até ele, também de braços abertos, e fui recebida pelo aconchego e familiaridade do seu carinho.

— Também estava com saudade, apesar de fazer poucos dias que você visitou seus avós.

Sim, éramos uma família de amigos, onde a minha família conhecia toda a de Felipe, desde os tempos mais primórdios.

— Mas eu senti saudade de você na primeira hora em que me afastei.

Saindo de seus braços, olhei para seu rosto que tinha um sorriso de provocação.

— Falso, mentiroso. — Desferi um tapa em seu braço e me voltei até a mala, puxando-a.

— É a mais pura verdade. Deixa que eu levo. — Ele tirou a alça da mala da minha mão, começando a arrastá-la. — Estou tão animado de ter você aqui, Fiona, e começarmos um projeto juntos.

Sim, ele me chamava de Fiona também, que segundo ele, se era um ogro, eu era igualmente um, e ele só conhecia a Fiona como ogra... infelizmente, eu também.

— Eu também estou. Muito. Mas deixa de mimimi e apresse o passo, que foi você quem arrumou a casa nesse mesmo condomínio onde você mora, e eu não confio no seu gosto, preciso ver logo a minha casa.

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