Capítulo 5

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FELIPE

O que havia acontecido naqueles poucos segundos? O que eu estava pensando? Essa última pergunta eu não saberia mesmo responder, minha mente havia virado um emaranhado sem foco algum em uma única coisa.

Mas o que aconteceria se Amanda não se afastasse naquele momento? Nós nos beijaríamos?

Não, claro que não.

Amanda era minha melhor amiga, isso não aconteceria com a gente.

Bom, mas isso seria coisa para se esquecer, já que eu tinha uma festa para começar e estava mais perdido do que qualquer outra coisa.

Sério, era tão difícil de organizar assim sobre pressão? E nem existia pressão sobre mim. Eu já havia feito algumas festinhas em casa, mas sempre mais casuais, onde eu pedia a comida, a galera comia, nos divertíamos e fim. Mas nessa aposta que eu havia perdido, era minha obrigação preparar tudo, desde o local até o que comeríamos.

A carne já estava na churrasqueira, salada cortada, algumas panelas no fogo que eu pretendia não esquecer, piscina limpa e cheia, mas algo me dizia que eu estava esquecendo alguma coisa, que daria tudo errado.

Correndo de um lado para o outro, peguei meu celular, discando o número e encaixando-o entre o ombro e a orelha.

— Fala, Shrek — já fui recepcionado assim.

— Você sabe que eu te amo, não sabe? — tentei.

Ih, diz o que você quer — direta, gostava assim.

— Preciso de ajuda aqui. Você sabe o quanto eu sou atrapalhado.

— Mas e cadê seus primos?

— Vão vir só mais tarde, você é minha única salvação.

— Caramba, apelou dessa vez.

— Funcionou?

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, enquanto eu aguardava mexendo uma panela no fogo.

— Em dez minutos estou aí.

— Sabia que podia contar com você. Muito obrigada.

— Me agradeça depois, coisa linda, agora me deixa terminar de me arrumar.

Desliguei o celular a olhei o arroz, que parecia meio empapado... enfim, deixei mais um pouco no fogo.

Alguns minutos depois Amanda atravessava meu jardim, vindo em direção a edícula onde eu estava.

— Não consegue sobreviver sem mim mesmo, não é?

— É claro que não. — Dei um beijo em sua bochecha assim que se aproximou mais.

— Em que posso ajudar? — ela perguntou, parecendo animada.

E eu amava isso em Amanda, sua energia e entusiasmo em tudo o que fazia.

— Eu ainda não arrumei nada, pode separar os pratos se quiser.

Como estava de vestido, ela fingiu arregaçar as mangas imaginárias, e começou a trabalhar.

As pessoas não demoraram a chegar. Na verdade, praticamente todos juntos, começaram a bater na minha porta.

Amanda foi comigo até a porta, ajudando-me a recepcionar e conhecendo meus amigos agora de dia, e sem o escroto do Victor.

No final de tudo, as oito pessoas, contando comigo, estavam jogadas em espreguiçadeiras espalhadas ao redor da piscina, algumas dentro dela, e todos se divertindo.

Fui para a cozinha e Amanda me acompanhou, olhando as panelas enquanto eu pegava alguns copos.

— Conseguimos — eu disse empolgado.

— Claro, eu te ajudei. Com nós dois não tem nada impossível. Está tudo correndo como o planejado.

Aproximei-me dela e depositei um beijo na sua testa.

Amanda era mais baixa que eu, e nossas alturas eram propicias para isso. O que eu sempre aproveitava. Era uma forma de carinho singelo e proteção.

— Mas e ae, os bonitinhos vão ficar fofocando aí? — Virei-me para trás, deparando-me com Valéria que tinha um copo de cerveja na mão. Os trabalhos haviam começado cedo, e isso porque nem havíamos almoçado ainda.

— Não estamos fofocando. E eu estou apenas terminando com essas panelas — Amanda respondeu.

— Então vamos logo, que estamos te esperando.

— Vão fazer uma roda da fofoca? Depois falam de mim. Não pensaram em me chamar? — rebati, jogando um guardanapo no ombro e cruzando os braços.

— Alguém aqui falou em roda de fofoca? Linguarudo — Valéria me olhou feio, estreitando os olhos.

— Como se eu não conhecesse as pessoas que trago para minha casa. — Levantei uma sobrancelha fingindo uma cara de deboche.

— Claro que não.

— Já estou pronta — Amanda falou enquanto me jogava outro pano e dava a volta no balcão.

— Bom, e para o seu interesse — Valéria falou olhando para mim — é uma roda de fofoca, e só das meninas.

— Eu sabia — gritei para elas enquanto minha prima saía puxando Amanda pelo braço.

Fiquei observando enquanto elas se sentavam literalmente em uma roda de meninas e começavam a conversar animadas.

Após pegar os copos, dirigi-me para os homens que me esperavam.

— Finalmente voltou com os copos, estava pensando em beber na garrafa mesmo — Douglas rebateu assim que lhe entreguei um copo.

— Mas me conte, o que está rolando entre você e aquela sua amiguinha? — Fernando perguntou direto para mim enquanto levava o copo à boca?

— Qual amiguinha? — havia duas mulheres entre a gente, além de Amanda e Valéria.

— Ué, a Amanda, vocês se pegam, né?

— Claro que não, ela é minha amiga. Minha melhor amiga — respondi sério enquanto servia meu copo.

— Melhores amigos com privilégios, a gente vê isso o tempo todo nos filmes — foi Douglas quem falou desta vez.

— Calem a boca, vocês não sabem o que falam — falei sério, mas usando um tom de brincadeira para não deixar o clima pesado.

— Tudo bem, não falamos mais nisso. Mas vocês dois formariam um belo casal.

— Fecha essa boca. — Peguei uma azeitona que estava sobre uma mesa de centro servindo como aperitivos e arremessei em sua direção.

Todos riram, e enquanto isso, olhei em direção a Amanda.

Nunca houve uma atração romântica entre nós. Havia sim, muita cumplicidade, amor, respeito, mas jamais havia passado pela minha cabeça algo além disso.

Jamais, até aquele momento. Mas para minha defesa foi um rápido pensamento. Da mesma forma que surgiu, desapareceu.

Continuei olhando para Amanda, que ainda se mantinha mais contida perto das outras meninas, mas interagia com elas, rindo e conversando.

Ela era minha melhor amiga, devia ser errado pensar nela de outra forma. 

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