Capítulo Dois

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"Essas memórias ... tão sombrias ..." - Xiao

Xiao encarava uma peça à sua frente como se fosse um animal incomum, com um cotovelo apoiado sobre uma mão e a outra segurando o próprio queixo, o rosto franzido em dúvida. Decidira usa-la por uma razão completamente pessoal. Esperava que seu mestre não chiasse sobre isso, afinal muitos subgrupos do clã gostavam de usar máscaras de plástico de seres mitológicos.

A máscara sobre sua cama era de um preto fosco, com um par médio de chifres de mesma cor e um par menor, na cor verde-água, as marcas abaixo das frestas dos olhos também tinham essa cor, assim como a linha que contornava a boca em um sorriso e no queixo. Do sorriso profetavam-se dois pares de presas, um par maior superior e um menor inferior. Entre os chifres havia detalhes em dourado.

No final das contas, Xiao a guardara. As máscaras possuíam certos significados na cultura de Liyue. Aquela em especifico servia com um simbolismo de afastar o mal, o qual não era bem o papel que eava desempenhando nos últimos tempos de sua vida. Não queria manchar a imagem da máscara com pecados brutais - Porém, isso fora de alguns meses. Naquela noite, Xiao a pousou sobre o rosto e passou sobre a cabeça o elástico fino e escuro, que se perdeu em meio aos cabelos. Seus olhos analisaram seu quarto por trás das frestas da máscara. Era esquisito e incomodo. Mas não parecia atrapalhar em sua respiração, uma vez que ela era bem calma.

Ele deixou a mansão alguns minutos após todo o clã partir em direção à luta que se desenrolava ao Leste da cidade, afastada do centro, em meio a campos e grandes rios claros. Mas à noite tudo se envolvia na escuridão.

Nunca participara de uma guerra, suas lutas sempre foram rápidas e diretas. E, pela primeira vez, ele se vestiu todo de preto. As cores do clã eram brancas e cinzas, com um pouco de azul ou laranja-claro, os únicos que usavam preto eram de subgrupos que participavam de missões com ele. Os membros de cargos altos podiam usar a cor do clã. Mas não era o clã que Xiao iria representar nessa noite.

Seus ombros estavam à mostra pela camisa justa de poliamida preta, sobre o peito Xiao passou um colete a prova de balas. Sob a calça jogger protegera suas coxas com algo parecido e afivelara o máximo possível de tiras e cintos pelas pernas, na parte superior dos braços, no peito e cintura, armando-se o máximo que podia com armas de fogo e brancas. Vestiu por cima de tudo um sobretudo preto, por cima deste o suporte de sua lança, nos pés tênis que lhe davam um pouco a mais de altura, tudo uma monocromia. Calçou luvas de meio-dedo nas mãos e desceu.

Nos jardins de trás havia uma moto lhe esperando. Não era a sua de fato, mas serviria. A chave já estava na ignição, Xiao teve apenas de gira-la e dar vida ao motor. Ele seguiu para Leste fora da estrada principal. Seus olhos começavam a se acostumar a enxergar pelas frestas da máscara. Seguindo-o cidade afora haviam as sombras daqueles por quem Xiao pagaria seus pecados.

As mechas de seu cabelo com a cor verde-água que esvoaçavam às suas costas, assim como os detalhes da máscara e sua tatuagem escamosa no braço direito, pareciam brilhar sob a luz graciosa da Lua.

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- Você chegou em um momento impertinente, meu caro.

O músico apertou os lábios e fitou o homem alto aproximar-se da janela do aposento.

- Parece que precisarei retornar depois... caso ainda esteja vivo. – O músico arqueou as pequenas sobrancelhas para o homem. – Você ainda tem todo aquele poder de fogo, Morax?

Olhos âmbares encaram o par de turquesa-esverdeados. O músico sorria com os lábios fechados e enfiara as mãos nos bolsos. Mas Morax podia vê-lo mexer os dedos em um deles.

Celestia - XiaoVenOnde histórias criam vida. Descubra agora