Capítulo Três

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"Incontáveis ​​almas foram vítimas dessas mãos. Eu também fui engolido pela escuridão - e ainda assim você se atreve a me levar adiante. Minha luta continua, mas eu gostaria de saber mais sobre você." – Xiao

- Me perdoe, de verdade. Deixe-me pagar outra bebida.

- Está tudo bem. – Venti abriu um sorriso adorável e tranquilo. – Não se incomode.

Vestira-se com um shorts de cintura alta preto, um suéter branco de gola alta por dentro do cós, meias brancas até as coxas e botinas beges. Cobrira-se com uma jaqueta verde-clara. Em dois dedos de sua mão direita havia anéis pretos e em seu pescoço um cachecol fino de cor amarelo-creme. Mas seu pobre suéter branco agora estava com uma mancha colorida sobre o peito e seu copo de drink vazio sobre o balcão.

Venti deixou que o rapaz ao lado insistisse em lhe pagar uma bebida, após faze-lo derramar cuja qual pagou com o dinheiro de seu próprio esforço.

Fizera a abertura da apresentação dessa noite com canções mais animadas de seu violino. Não era em todos os bares que se apreciavam um instrumento tão clássico e refinado, mas conseguira manter sua agende ocupada o bastante para ganhar dinheiro e pagar suas coisas. Aquele bar em questão estava mais abafado e cheio de gente do que de costume, com suas luzes azuladas e burburinho alto.

Ninguém se apresentava no momento em que a bebida que o rapaz pagou a ele chegou. Uma cerveja preta e cara. Venti preferia tomar um vinho barato do que aquilo, mas se esforçou, deixando que o rapaz imaginasse que teria alguma chance o comprando com algo que nem ao menos gostava. Se ele lhe desse uma garrafa verdadeiramente boa de sidra de maçã... hm, aí ficaria interessante.

Como sempre fazia – o que se tornara uma marca sua pelos bares de Liyue – Venti voltou ao palco para fechar a noite dos coitados esparramados pelas mesas. Dessa vez tocou uma composição original sua.

Ela era terna, acolhedora e afável. Transmitia um abraço morno e gentil, uma primavera fresca rodeada de lírios brancos com dias ensolarados, onde surgia sorrisos fáceis e genuínos, seguidos de risos melífluos.

Uma melodia amável e acolhedora, capaz de dispersar quaisquer que forem as energias mais tristes.

Ao descer do palco com aplausos educados soando às suas costas, uma mão o tocou no ombro. Venti fechou seu estojo e levou aos ombros, aproveitando para ver quem se aproximara.

- Hey – O hálito forte de álcool atingiu seu rosto subitamente, o forçando a afastar-se, mas a mão em seu ombro era firme. – Muito bonita sua música. Se eu lhe levar a um lugar melhor que esse bar aqui, você toca particularmente para mim?

O gosto em sua boca tornou-se ruim e toda sua satisfação e felicidade com sua apresentação se foi rapidamente, assim que mirou um par de olhos estranhos e esfumaçados pela embriaguez. O homem estava perto demais.

- Não toco música para pessoas de forma particular. Agora, me solte. – Sua voz tomara um tom rígido, sem bordas meigas ou gentis. O homem piscou e o sorriso estupido de seu rosto começou a se desfazer, mas sua mão permaneceu no ombro do músico, que começou a enrijecer o braço e a puxa-lo para trás. – Me solte, antes que eu...

- Antes que o quê? – O homem o puxou para perto. Venti virou o rosto.

Ele inspirou devagar. Detestava fazer aquilo. O homem o abordara em um lugar longe da vista das pessoas, no corredor que levava aos fundos. Isso facilitaria para Venti. Com força, jogou a cabeça para trás e em um impulso meteu com o topo da testa no nariz do homem, que urrou de susto e dor, lhe soltando – mas no meio do processo os dedos rudes agarraram a alça de seu estojo, fazendo-o abrir. Venti arregalou os olhos e se curvou a tempo de segurar seu instrumento, mas sua pasta de partitura caiu e esparramou as folhas pelo chão.

Celestia - XiaoVenOnde histórias criam vida. Descubra agora