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As coisas se desenrolaram em câmera lenta.
Venti sentiu-se perder o controle do corpo, a gravidade forte demais sobre seus ombros. Ouviu o som estrondoso de metal amassando metal e em seguida todo o cenário se tornou um caos. Xiao, por estar mais à frente, foi jogado por cima do para-brisa e pôde o ouvir rolar pesadamente. Mas Venti teve de fechar os olhos ao sentir a dor excruciante dos ossos de sua cintura se chocando contra o capô, arrancando o ar de seus pulmões. A batida forte de sua cabeça sobre o vidro fez suas órbitas chacoalharem e sua visão borrar e escurecer, surgindo pontos coloridos. Uma fisgada fria surgiu em um de seus braços quando rolou sobre eles, mas sua mente estava confusa e dispersa demais para entender qualquer coisa.
A última sensação que registrou antes de deslizar para o asfalto foi o cheiro forte de sangue e um cansaço súbito, então sua consciência se esvaiu.
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"Morto. Ele está morto. Invadiram a mansão no meio da madrugada e o mataram."
Como cortinas de um teatro se fechando, Venti sentia sua mente se tornar cinza até tudo ser esquecido e nada mais restar à sua frente. Seus joelhos cederam e sua respiração estagnou. Não sentia o corpo, nem ouvia mais nada além de sons abafados indiscerníveis a sua volta. Sua visão se borrou e só tornou a enxergar as mãos trêmulas quando as lágrimas escorreram.
Aquilo pelo qual o jovem mestre havia lutado arduamente pela sociedade de Mondstadt tornou-se inútil após sua morte. E a cidade, em pouco tempo, voltou a ser governada por um tirano. Muitos outros membros do clã foram mortos nas batalhas sangrentas do submundo de Mondstadt e muitos amigos próximos de Venti perderam pessoas queridas, assim como ele. O clã Odor Favonius ruinou quando o líder e todos seus mais fiéis membros se foram, deixando os mais novos e de cargos inferiores para trás.
Dado como o braço direito do falecido mestre, aquele que sempre o apoiara e o aconselhara, Venti fora designado como novo líder. Em luto por seu amigo, Venti não pôde se importar menos em reerguer o clã. Aqueles que ficaram com ele permaneceram por um longo tempo, até decidirem continuar suas vidas na superfície, tomando um estilo de vida de cidadãos comuns, que não tinham conexão com a máfia. Ele sabia que não podia culpa-los, estavam lidando com suas próprias dores.
"Eu lamento pelo seu pai" fora uma das poucas coisas que disse a Diluc, antes deste deixar a mansão do clã.
Após um tempo, ele mesmo saiu dali. E Odor Favonius caiu em esquecimento. O maior clã de Mondstadt desfeito.
"Venti"
Venti ergueu o olhar de seu violino para a plateia à frente. Mas não encontrou nenhum rosto familiar. Eram todos sinistramente borrados e confusos. Ele tornou a fitar seu instrumento. Passara a tocar pelas ruas, restaurantes e outros lugares que quisessem ouvir uma boa música, para que dessa forma pudesse sobreviver. Não encostaria um dedo no dinheiro de seu antigo clã, não enquanto as memórias de seu amigo fossem tão frescas em sua mente. Não enquanto não fosse necessário. – Mas estava sendo privado até mesmo de tocar música, como forma de arte ela estava se tornando proibida na tão dita Cidade da Liberdade.
Venti ergueu o violino e o encaixou entre o ombro e o pescoço.
"Venti"
Ele ergueu o arco na outra mão, o levando até as cordas do violino. O som que surgiu da fricção fora instável e abafado.
"Venti!"
Ele abriu os olhos, a testa franzida, e encarou seu instrumento musical, que começava a perder a cor. De repente sua visão se escureceu e uma formigação surgiu em seu braço direito.
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Celestia - XiaoVen
FanfictionO submundo de Teyvat é comandado por diversos clãs. A máfia, nomeada carinhosamente de Celestia, é só o que Xiao possui. E sua vida é um inferno desde seu nascimento. Disciplinado e educado no clã Qingyun, Xiao tornou-se uma máquina de matar. Para a...