Tine é o mais habilidoso entre os filhos de Apolo, destacando-se por sua beleza, autruísmo e coragem. Já Sarawat é seu nêmese natural, enquanto Tine é o sol, Sarawat é pura escuridão. Filho único de Hades, com poderes que nenhum outro campista já vi...
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— Então você tem um irmão? — Tine pergunta, com a voz suave e acolhedora. Seu corpo todo inclinado para ouvir atentamente tudo o que o namorado tinha para dizer.
A brisa fria que entra pela janela não os incomoda, deitados embaixo dos cobertores grossos. A perna de Sarawat se encaixa ainda mais entre as de Tine, em busca de calor. É uma noite de outono, costumam ser mais frias que os dias, e às vezes o aquecedor não é tão eficiente quando o calor dos corpos de cada um.
— Sim. O P'Dim me mandou uma mensagem de Íris para contar a novidade — Sarawat responde, mal conseguindo conter o sorriso. — Não é incrível? Outro filho de Hades no acampamento.
Tine assente, encantado pelo brilho estonteante que cresceu nos olhos do outro desde que começaram aquela conversa. Tine sempre teve irmãos (e de acordo com a personalidade de seu pai, continuará tento por um bom tempo). Eles sempre foram sua base para tudo, desde enfrentar monstros a aprender a lidar com a vida de um modo geral. Mas ele sabe o quão solitário Sarawat se sentia por não ter tido a mesma sorte; por ter tido que viver sozinho naquele chalé frio (e de quebra com aquela estátua sinistra). Por isso é tão gratificante ver tamanha a felicidade que ele está agora.
— E o que você pretende fazer agora?
Os dedos de Tine correm pelo cabelo caído sobre os olhos de Sarawat, tirando-os dali. Eles estão deitados de lado na cama, um de frente para o outro. Os narizes quase se tocam, entrelaçando as respirações. O tom de voz da conversa é calmo, quase sussurrado como costuma acontecer quando são apenas os dois, sozinhos; tudo é calmo e suave.
Os dois garotos já não são mais garotos. Com seus vinte anos — recém completos para Sarawat —, passar as férias no acampamento não é mais uma atividade que se sintam à vontade para fazer. Não que não gostem mais de lá, eles amaram cada momento, apesar de alguns contratempos. Era o único lugar onde poderiam ser eles mesmos, sem farsas, em todos os sentidos.
Mas uma hora eles precisavam crescer e dar lugar aos novos semideuses que estavam por vir. O ano da missão que os uniu foi o último ano deles lá, para a tristeza dos campistas mais novos; deixando novamente o chalé 13 vazio.
No entanto, se tinha uma coisa que Sarawat não conseguiria fazer mais era voltar para a casa de sua tia, não depois de tudo o que aconteceu. Ele iria para algum lugar, bem longe dela, e seguro o suficiente para não ser atacado por nenhum monstro enquanto dormisse. E Tine iria aonde quer que ele fosse.
— Eu quero conhecê-lo. — Sarawat abaixa os olhos, pegando a mão de Tine e depositando um leve beijo ali. Ele olha para cada contorno dos dedos entrelaçados, as curvas que eles fazem e o calor que compartilham. Sarawat sempre observa cada detalhe de Tine com toda devoção que tem dentro de si, como se fosse o seu bem mais precioso (o que de fato é). Seus olhos sobem novamente e encontram os de Tine, que o observa em silêncio. — E quero que você vá comigo.
Seu tom deixa explícito que apesar do modo como aquilo foi dito, Sarawat na verdade estava pedindo, da forma mais direta que conseguia, porque ele sempre foi assim, direto. Os lábios de Tine se curvam num sorriso afetuoso. Ele se inclina e deposita um leve selar nos lábios do namorado.
