1. O sol e a morte se unem pelo amor

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 O dia seguinte amanhece surpreendentemente belo

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O dia seguinte amanhece surpreendentemente belo. Os pássaros cantam, o sol brilha. No alto da colina, é possível ver sátiros correndo atrás de ninfas que desaparecem no ar em seguida, deixando o som de suas gargalhadas para trás. Alguns campistas de Apolo, reunidos na mesa do refeitório correspondente ao chalé 7 enquanto tomam o café da manhã, comentam que seu pai deve ter acordado de muito bom humor, pois o sol irradia como em muito tempo não viam.

Tine olha ao redor, pelas lentes dos óculos levemente embaçados, um tanto perdido - talvez mais preocupado do que perdido. Ao lado dos meio-irmãos, ele sente como se tudo estivesse bem, mas o aperto em seu peito (somado ao grito que ouvira na noite anterior) e a noite de sono mal dormida, não o deixam agir normalmente.

Ao seu lado, Earn ri de alguma coisa que um dos garotos diz, a ponto de ter que colocar a mão na boca para conter os sons engasgados.

- Eu não aguento com você, Ohm - ela diz, após se acalmar. Ohm também tem uma expressão sorridente enquanto bebe um pouco do suco de tomate. Earn parte um pedaço do pão, mas antes de colocá-lo na boca, vira a cabeça na direção de Tine, que está com a cabeça baixa. - Ei - sussurra -, está tudo bem?

Tine ergue os olhos para encará-la. Não queria incomodá-la com seus assuntos, no entanto, o aperto em seu peito aumenta e ele sabe que algo vai acontecer muito em breve. Ele sempre tem essas sensações e até hoje nunca errou. Dim diz que tem a ver com o fato de seu pai ser o deus da profecia, mas nenhum dos outros filhos de Apolo se sentem da mesma forma.

Ainda assim, não quis preocupar sua irmã com algo que nem mesmo sabe o que é. Suspirando, balança a cabeça.

- Sim, eu só não dormi muito bem.

O que não é totalmente mentira, apesar de ser apenas parte da verdade. Earn assente, mesmo que não pareça estar totalmente convencida.

Do outro lado do refeitório, na mesa dos filhos de Hades, Sarawat come sozinho, sem encarar ninguém. Seu olhar se perde pelo gramado, inerte em pensamentos conturbados e tempestuosos - pensando principalmente no grito que ouviu na noite anterior. Ninguém comenta sobre aquilo durante o café (e mesmo que comentassem, ele não saberia). É como se apenas ele tenha ouvido, como se fosse coisa de sua cabeça.

Volta a focar nos outros campistas quando sente algo o atingir. É uma bolinha de papel, que rola pelo seu corpo de encontro ao seu colo. Ele a pega, olhando ao redor para descobrir quem havia jogado, revirando os olhos ao perceber que Man, um de seus melhores amigos, o encara risonho, sentado numa mesa não muito distante com a prole de Dionísio. Man faz um sinal para que Sarawat abra o papel e leia o que está escrito antes de jogar fora, como sabe que o amigo pretende fazer. Ele faz isso, forçando um pouco a vista para entender a caligrafia confusa escrita no papel amassado.

"Percebeu que nenhum filho de Afrodite está aqui? Não estou aguentando não poder olhar para aquelas belezas logo de manhã"

Sarawat levanta a cabeça em busca da mesa do chalé 10. Está vazia, sem o costumeiro alvoroço e nuvem de maquiagem no ar - típicos dos filhos de Afrodite. Sarawat franze o cenho. Nunca aconteceu de um chalé inteiro se ausentar de alguma refeição, principalmente um com tantos semideuses como aquele. Será que teria algo a ver com o acontecido da noite anterior?, pensa, ainda que não acredite nisso. Dá de ombros, por fim, voltando a comer.

Beijado Pelo Sol (2gether)Onde histórias criam vida. Descubra agora