I write outside of the lines for you

Prólogo

"03/04/21

Querido estranho,
Queria começar dizendo que acho esse projeto da faculdade uma imensa besteira. O que eu, estudante de Música, tenho a ver com a graduação de Psicologia? Não acho que falar sobre os meus problemas para você, caro desconhecido, vá fazer grande diferença, porém eu estava entediado (falando a verdade verdadeira, meus amigos Liam Payne - que está prestando Direito - e Taylor Swift - que também presta Música - me encheram até o prazo final. Segundo eles, ser um livro fechado não leva a nada e, bom, eu raramente sei falar sobre os meus sentimentos com alguém...Prefiro escrevê-los! E aqui temos o motivo do porquê eu fazer música).

Bom, chega de falar coisas sem sentido e vou partir para o assunto que foi solicitado. Sinceramente, eu não faço a mínima ideia do que eu supostamente deveria escrever nesse pedaço de papel (cartas...tão clichê, eca!), então vou falar sobre o que julgo ser necessário.

Meu nome é Louis Tomlinson, tenho 20 anos, devo ter uns 1,71 de altura (isso não é baixo!) e faço a graduação de Música. Coisas que amo: compor, tocar, minha família e amigos. Coisas que não gosto: a palavra "odeio", pessoas egocêntricas e/ou preconceituosas e a música que meu colega de quarto canta, literalmente, todas as manhãs.

Por que UCLA? Honestamente, essa faculdade foi feita para mim. Amo a arquitetura daqui, como sempre o cheiro de grama recém cortada se faz presente e o fato de que em algum lugar no meio do nada terá um grupo cantando alguma música que faz sucesso no momento. Eu acordo todos os dias nesse lugar sentindo que faço parte de um filme e isso é o que me mantém em paz.

Minha família é de uma cidadezinha no interior da Inglaterra, então leia essa carta com um sotaque inglês BEM marcado (talvez tenha avisado tarde demais!). Eles são tudo para mim, definição de amor puro e real; sinto saudade de cada um todos os dias, porém tentamos manter contato sempre, sabe como é, uma notícia aqui, uma fofoca ali e por assim vai.

Citei alguns parágrafos atrás que meus amigos me julgavam ser um livro fechado (de capa bem dura e difícil de ler, aliás), porém, não é isso que eu sinto. Já tive inúmeras decepções e não, não com relacionamentos amorosos, mas sim com amizades. É sempre assim: um clico novo começa, memórias inesquecíveis são feitas e, quando se vê, você está sozinho. Já houve um tempo em que tudo o que eu fazia era espalhar palavras bonitas e dizer o quanto pessoas eram boas, mas...Todas elas vão embora no final, então do que adianta, certo? As piadas que foram feitas às 4h da madrugada de uma terça-feira, as músicas que foram dedicadas, os presentes feitos com carinho...Tudo se foi esquecido, em parte. Eu nunca esqueço.

Todos os dias, antes de dormir, minha cabeça aperta um botãozinho de play e o resumo de todas essas pessoas que fizeram bem para o meu ser e deram sentido para a minha vida começa. É estranho os pequenos detalhes terem tanto significado para mim, enquanto na vida dessas pessoas tudo isso é a mesma coisa que nada? "Amizade momentânea", eles dizem.

Enfim (pense seu nome aqui), espero que isso tenha servido para alguma coisa, não sei? Eu tenho muitos mais problemas que poderia compartilhar! (Uau, isso até que faz bem). Andarei pelo campus olhando para todos os estudantes, me perguntando se algum deles é você! Te vejo em uma próxima carta? Não sei se isso terá resposta.
Obrigado?

Louis W. Tomlinson".

" 06/04/2021
Louis Tomlinson,
Que imenso prazer ter recebido uma carta vindo de você! Mentiria se dissesse que nunca ouvi seu nome em algum lugar desse campus, você é famoso por aqui, garoto de olhos azuis! Por mais que você ache o projeto bobo, tem uma finalidade incrível: me ajudar a colocar na prática o que estou aprendendo e ver se sou realmente bom nisso. Fico feliz de seus amigos terem te convencido a escrever! (Aliás, talvez você conheça os meus: Niall Horan - que, atualmente, está prestando Arquitetura - e Zayn Malik - que compartilha com seu amigo Liam os conhecimentos de Direito!).

Apenas abrindo um parágrafo a parte para dar uma breve apresentação de quem sou: queria começar dizendo o tanto que a UCLA me tem, também! Talvez minha coisa preferida desse lugar seja a diversidade, o jeito que posso ser eu mesmo e a árvore de dama-da-noite que, durante toda a primeira, perfuma meu quarto. Não tenho lista de "coisas que gosto ou desgosto", mas tenho uma lista de palavras preferidas, se isso ajuda! Minha família é bem pequena, mamãe e minha irmã mais velha; conversamos raramente, mas sempre me pego pensando o quanto Dona Anne iria amar minha professora de Ética e o quanto minha irmã iria rir das piadas que o Niall conta! Psicologia foi minha escolhida, porque bom, só olhei para esse curso e senti que ele era para mim.

Agora as partes importantes da sua carta: amei a sua escolha de palavras que, consequentemente, a deixaram com um ar mais leve, justamente por se tratar de um assunto difícil para você. Poderia arriscar dizer que em algum momentos você deve ter se esquecido que ela seria endereçada a alguém! Não imagino terem sido coisas propositais e isso não faz parte da minha análise como estudante de psicologia, são apenas deduções!

Não irei dizer meu nome, porque acredito que seja mais fácil para você conversar com um anônimo, mas se for da sua vontade, na nossa próxima carta (se você responder!) posso dizê-lo! Até aqui, me imagine como um garoto comum em que o traço marcante são os olhos verdes e...ah, fala muito devagar!

Sobre o seu problema, que na verdade não acredito que seja um problema, há muitas coisas para serem ditas, mas quero tentar resumi-las para que a comunicação-escrita não fique enorme!
Você não está errado em se apegar a momentos bons, a memórias boas, principalmente se elas de algum modo te trazem conforto! Não há nenhum erro sentir que merecia mais (é meio que isso que você tem guardado no fundo dessa cabecinha pensante!) , afinal, compartilhamos sentimentos e segredos e esperamos que eles também sejam compartilhados conosco.

Quero te lembrar que sim: são ciclos! E assim como em um momento ele acaba, também tem um prestes a iniciar! Agora te pergunto, Louis, as pessoas vão embora mas...Já parou para pensar que, talvez, falar o que elas significam para você, seja um motivo para fazê-las ficar? Tudo bem que às vezes elas vão embora de qualquer jeito, mas pense comigo, você não se lembra, quando o seu botãozinho é apertado, das coisas boas que seus amigos disseram para você?
Eles foram embora, mas você ficou com as lembranças boas e, bom, isso não ter que ser algo ruim, ou tem?

Pessoas são complexas, sentimentos são complexos, a vida é complexa! Não podemos levar tudo com 8 ou 80: "é bom e por isso tem que durar pra sempre" ou "é ruim e por isso tem que acabar". Uma vez uma amiga me disse algo que eu prometi que nunca iria esquecer: "tudo que é bom dura tempo necessário para ser inesquecível"; foram momentos inesquecíveis para você, não foram?

Poderia passar o resto da minha noite (aliás, respondo a sua carta às sete da noite, me pergunto o que você está fazendo) escrevendo citações que fazem todo o sentido do mundo, mas nada disso faria efeito se você não entender primeiro o que quis dizer quando escrevi esse amontoado de reflexões.

Minha mão já dói - e meu cérebro também! - então me despeço aqui e deixo registrado como estou ansioso para sua carta-resposta.
De nada?

H. E. S."