Capítulo 4

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" 16/04/21

Querido Styles,
Surpreso?? Eu sei seu sobrenome!!! O que em parte me deixou feliz, mas também fiquei decepcionado pelo fato de você realmente não ser um príncipe!

Quando li sua carta dizendo que havia conversando com você, além de eu ter gritado muito e ter corrido para a biblioteca em sua busca (e me decepcionei quando lembrei que era uma quarta-feira e, portanto, você não estaria lá) tentei usar minha cabeça pensante ao meu favor. Obviamente me lembrava dos olhos verdes, ainda mais porque eles estavam a todo momento sendo direcionados a mim, então recordei que havia olhado de súbito o seu crachá e ter lido um "Styles". Por algum motivo fiquei com isso na cabeça, tanto que até falei para Taylor como poderia ser o nome de alguma música.

Eu podia ir até a coordenação, perguntar por alguém com o sobrenome Styles e ir te encontrar aí, no seu dormitório. Porém, eu agora sei o que mais sempre me deixou curioso: como são os tais dos olhos verdes. Além disso, eu adoro o fato de podermos fazer esse suspense, o qual você sabe quem eu sou, enquanto eu posso criar sua melhor versão na minha imaginação.

Eu tenho inúmeras coisas para te dizer, Harold (continuo achando que esse possa ser seu real nome) e uma delas é: eu já te achava totalmente clichê com essa coisa de cartas, até que você me provou que conseguia ser um pouquinho mais e mandou uma flor como resposta.

Eu pensei muito se deveria me abrir sobre isso com você ou não, até porque "me abrir" significa me expor e sair da minha zona de conforto e, sinceramente, eu gosto dessa sensação onde tudo sempre é calmo. Entretanto, eu lembrei do que minha mãe me disse alguns anos atrás, quando eu tinha cogitado fazer faculdade em Doncaster só para não experimentar o novo: "Essa sua bolha de proteção é um local lindo e aconchegante, *mas nada vai florescer aí *". E como eu já disse inúmeras vezes, você, Styles, apesar de estar fora desse lugar seguro, me remete a tranquilidade.

É um assunto extremamente difícil para mim, mas eu já guardei isso aqui dentro por tempo demais, eu acho. Por mais que eu já tenha conversado sobre isso com muitas pessoas, tudo o que eu recebi foram pedidos de desculpa e olhares tristes. Talvez esse seja o bom de escrever, afinal: sem olhares apáticos, sem meias palavras, apenas sentimentos se concretizando (o que, talvez, também seja uma das partes mais difíceis).

Minha mãe não está mais aqui tem um tempo. Esse sentimento de ausência está presente na minha rotina todos os dias, mesmo eu tentando viver como se ela ainda estivesse lá em Donascater, fazendo a torta de morango que só ela sabia fazer e que, a qualquer momento, uma mensagem vai chegar.

Eu pensei muito nisso por causa da nossa troca de flores. Mamãe amava flores. Mamãe amava tantas coisas. Eu só aprendi a amar por causa dela.

Quando eu ainda era pequeno, devia ter uns seis ou sete anos, ainda morávamos em uma casa próxima da área rural. Meu pai trabalhava na cidade, mamãe vendia algumas frutas que ela cultivava no quintal, eu ia na escola local e de tarde tinha aulas de piano. Era uma rotina monótona, mas aquele monótono bom, sabe?

O que eu guardei na minha memória e que eu tenho nitidamente as lembranças são dos Sábados. Eu geralmente acordava mais cedo que o normal, porque era o dia de cortar a grama. Sete horas em ponto eu estava sentado no banco do imenso gramado que tínhamos (a propósito, o lugar onde mamãe plantava), com um café recém feito para beber, um cobertor para me proteger do frio e Ela ao meu lado.

Ficávamos mais ou menos uma hora e meia assim: olhando o senhor fazer pequenos desenhos na grama, depois cortar algumas folhas das árvores que já estavam muito crescidas. O cheiro de grama recém-cortada sempre tão presente...Acho que é por isso que, de algum modo, a UCLA me lembra Dela (não sei se você se lembra, mas citei na nossa primeira carta que era um dos motivos que fazia eu amar essa faculdade).

I write outside of the lines for youOnde histórias criam vida. Descubra agora