Capítulo 8

254 34 94
                                    

"Doubt thou the
Stars are fire;
Doubt the sun
Don't move;
Doubt truth to
Be a liar:
But never doubt
I love"

-William Shakespeare.


"07/05/2021

Cartas entre mim e Lou diminuíram muito, mas eu ainda não tenho coragem de tirá-las da minha rotina.

Já se passou uma semana desde que eu, não sei de que lugar, tirei coragem para dar um pequeno e – bem – rápido selar de lábios no meu pequeno. Não sei escrever sobre beijos, foi mal Harry do futuro. Sinto que desde que nosso momento na praia aconteceu, muita coisa mudou e não, não naquele sentido ruim... Só sinto que nos tornamos mais nós.

Os olhares recíprocos durante os intervalos, as desculpas de "Deixa que eu seguro para você" ou "Lou, olha a cor que pintei minha unha dessa vez" só para ter um mínimo toque sendo compartilhado. Tudo isso, agora, não precisa mais ser feito cuidadosamente dentro da bolha de proteção que tínhamos criado, porque desde nosso encontro (foi um encontro, certo?) saímos da nossa zona de conforto. E é muito bom aqui fora.

Louis já trocou meias palavras comigo e deu a entender que apesar de amar toda a nossa aproximação, também tem receio de qual será o final dela. Ele sempre diz: "Isso tudo é tão legal, não é? Não sei o que acontecerá comigo quando chegar ao fim", seguido de uma risada. Mas eu sei que de engraçado não tem nada e que tudo o que ele está sentindo não passa de medo. E eu também estou.

Acho que é esse o processo de coisas novas, porque quando tudo vai bem demais, a insegurança constante e o corpo sempre pronto para reagir a uma pequena briga está presente a todo momento. E, por algum motivo, tenho comigo que o Lou sente isso de uma forma mil vezes maior. Talvez seja por isso que eu apenas resolvi sentar e começar a escrever logo após de chegar do nosso primeiro encontro oficial...Mesmo que um dia acabe, ainda quero ter os sentimentos bons aqui; afinal; mesmo que o Louis se vá, não pretendo esquecê-lo.

Dessa vez o convite veio dele. Disse que estava pensando e percebeu que, mesmo morando em Los Angeles há quase dois anos, nunca tinha ido em um dos mais conhecidos pontos turísticos: Griffith Observatory. Eu fingi espanto na hora, mas a verdade é que eu nunca havia ido também! Pude notar durante aqueles cinco minutos de silêncio que ele esperava alguma pergunta vinda da minha parte, por isso, ao final, ele apenas revirou os olhos, cruzou os braços e disse: "Você quer ir comigo ou não?".

Minha reação foi rir daquele garoto que se emburrava tão facilmente com literalmente tudo e responder com um "Sim". Seu sorriso se fez presente e no mesmo instante disse que dessa vez iríamos juntos, porque "A tentativa de não ser clichê no nosso último encontro só me resultou em ansiedade".

Pontos positivos de se morar em Los Angeles: praias e a cidade nunca estar parada. Ponto negativo: tudo é longe de tudo. Meia hora de carro até chegar no destino, mas eu sabia que fazia sentido já que, por ser um observatório, deveria ficar mais afastado da cidade. Por isso o combinado foi que Louis dirigiria até lá porque, segundo ele, durante nossas idas até a praia em outros dias, ele pôde perceber como eu dirigia devagar. Fala sério! Apenas com os cuidados necessários.

Nesse dia em especial, a vontade de dirigir se fez presente mais do que nunca porque, se fosse verdade e eu realmente fosse tão devagar assim, eu não acharia ruim demorar meia hora a mais para chegar no local apenas para ficar o olhando por mais tempo. Eu, sinceramente, achava que era impossível alguém ficar tão lindo apenas com um conjunto de moletom mas, como sempre, Louis sempre muda os conceitos que eu já tenho pronto.

Louis passou o caminho todo falando sobre o fato de ele já estar quase terminando a música que havia mandando em uma das cartas uma vez, porém sem me dizer uma dica sobre como ela seria, nem mesmo a melodia. Ele aproveitou para dar continuação com assuntos da sua família, dizendo que já fazia planos de passar o Natal lá junto de suas irmãs.

I write outside of the lines for youOnde histórias criam vida. Descubra agora