Colega de quarto

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Sherlock encostou a cabeça no vidro do carro e observou a paisagem se tornar um borrão enquanto o carro seguia viagem. Podia ouvir seus pais conversando nos bancos da frente, mas o jovem estava perdido em seu palácio mental. Quando finalmente comemorou o fim do ensino médio, percebeu que na verdade não estava livre. Agora ele estava rumo à faculdade, mais um lugar desinteressante com pessoas desinteressantes. 

Obviamente, Sherlock implorou aos pais, pedindo que deixassem que ele não fosse para a faculdade. Ele queria ser o primeiro detetive consultor do mundo, e não havia um curso específico sobre isso. Mas, como sempre, seus pais não o escutaram, argumentando como a faculdade não é apenas uma experiência acadêmica, mas como também é importante para o crescimento pessoal e para conhecer pessoas. Sherlock não queria nada disso, mas quando você acabou de fazer 18 anos e ainda não possui renda ou casa própria, é difícil dizer "não" aos pais.

Logo, Sherlock Holmes estava indo para a faculdade. Teoricamente, ele ficaria lá por quatro anos, mas o jovem já tinha planejado seu escape. Iria tentar arranjar algum emprego, conseguir seu próprio dinheiro e ter autonomia sobre sua própria vida, saindo da faculdade antes do esperado. E talvez cursar disciplinas de química e biologia que o ajudariam na carreira futura, mas Sherlock duvidava que aqueles professores poderiam lhe ensinar algo que já não soubesse. A verdade era que Sherlock era um gênio, e poderia ter se formado no colégio com apenas 14 anos ou menos, mas seus pais insistiram que ele passasse por todos os anos de acordo com sua idade, numa tentativa de Sherlock fazer amigos. Obviamente não deu certo, e a faculdade era a última esperança deles. 

-Chegamos! - anunciou o Sr. Holmes.

Sherlock olhou com desinteresse para o campus. Era grande, com bastante área verde e prédios históricos. O jovem revirou os olhos ao ver a multidão de alunos. Todos pareciam encantados com o campus, enquanto que Sherlock achou o lugar medíocre. Os Holmes desceram do carro e Sherlock pegou sua mala e mochila. Estava mais pesado do que ele queria admitir, mas o moreno se recusou a deixar seus livros para trás. 

-Que lugar bonito! - disse sua mãe, sorrindo.

Sherlock forçou um sorriso. 

-Certo, vocês já podem ir agora. - disse, basicamente expulsando os pais. 

Os olhos da senhora Holmes encheram de lágrimas, e Sherlock tentou não ficar irritado. Sabia que eles ficariam emotivos com a despedida.

-Nós ainda vamos nos ver final de semana, e se precisar de qualquer coisa é só ligar! - disse sua mãe, o puxando para um abraço.

-E aproveite a faculdade! É uma ótima experiência! - disse o pai, juntando-se ao abraço.

Sherlock quis dar uma resposta sarcástica, mas resolveu não dizer nada para não prolongar a conversa. Quanto mais cedo seus pais fossem embora, melhor. Depois de mais alguns abraços, lágrimas e recomendações, os Holmes entraram no carro e dirigiram para fora do campus. Sherlock suspirou aliviado, quando sentiu alguém cutucar seu ombro.

-Oi! Meu nome é Greg. Você é calouro né? Dá para perceber pela sua cara de perdido.

-Não estou perdido. - respondeu, se afastando.

-Ei! Espera! - disse Greg, o seguindo.

Sherlock percebeu que não tinha escapatória, então deixou o outro se aproximar. Greg estava ridicularmente vestido com blusa, calça e boné da faculdade. Parecia uma propaganda ambulante.

-Como eu disse, meu nome é Greg. Já sou um veterano, então posso te ajudar. O que você quer conhecer primeiro?

-O dormitório. 

One-Shot JohnlockOnde histórias criam vida. Descubra agora