One-Shot Johnlock

Freak

Nota: Essa one-shot é inspirada na música "Freak", da Lana Del Rey. Ao longo do texto, faço referências a algumas partes da letra. Recomendo ouvir, porque ela é muito boa. (aproveito para saber se alguém aí é fã da Lana porque preciso de amigues para comentar sobre as músicas 🤧)

John entrou no pub e viu Sherlock Holmes o esperando. O loiro imediatamente endireitou seu cabelo e se aproximou.  O mais novo estava com uma jaqueta preta de couro que contrastava com seus olhos azuis. A visão fez Watson sorrir e sentir seu coração se encher de fogo e amor. 

-Oi John. - cumprimentou o outro, com seu jeito único de dizer "John".

O doutor sentou ao seu lado e pediu uma bebida. Era engraçado o quão natural a vida parecia ao lado de Sherlock. Olhando para seu passado, tudo parecia muito estranho, como se todos que ele conhecia desde a infância fossem apenas estranhos. E Sherlock Holmes, pessoa que conhecia há poucas semanas, era a única coisa que fazia sentido. 

-Tenho notícias. - disse o moreno, mordendo o canudo de sua bebida.

-Boas ou ruins? - perguntou, apreensivo.

-Depende da sua resposta. - disse, dando de ombros. 

-Resposta para qual pergunta? 

Sherlock o encarou e John prendeu a respiração. As vezes o médico tinha a impressão que os olhos do outro eram como chamas tão quentes que ficavam azuis. Se ele pudesse, pararia o tempo naquele momento e faria com que durasse para sempre.

-Eu vou para Califórnia. - disse, depois de um longo tempo.

-O que? - perguntou, nervoso.

A ideia de perder o outro da sua rotina o entristeceu. 

-Vou para Califórnia. - repetiu.

-Eu sei, você disse isso. 

-Então por que perguntou "o que"? 

Céus, Sherlock sabia ser irritante. As vezes ele era frio como gelo, mas quando era gentil, era maravilhoso em todas as maneiras. Mas ele não queria brigar, então apenas disse: 

-Eu perguntei para saber o motivo de você ir para Califórnia.

-Ah, sim... é para um caso. Não sei quanto tempo vai durar. Mas vai ser um dos grandes. Vai mudar minha carreira.

John sorriu, orgulhoso. Sherlock ainda não tinha o reconhecimento que merecia, e talvez esse caso pudesse ajudá-lo. Então por mais que fosse sentir falta dele, estava feliz com a notícia. 

-Estou feliz por você. Espero que aproveite a viagem. 

-Você vem comigo? - perguntou, sorrindo.

-O que? 

-Alguém está com problemas de audição hoje... - disse, contendo uma risada.

-Você quer que eu vá para Califórnia com você? - perguntou, incrédulo.

-Claro! Você já me ajuda com alguns casos aqui em Londres. Se você quiser sair daqui, venha para Califórnia e seja uma aberração como eu! 

Watson riu. Todos chamavam Sherlock de aberração, e ele sabia que estava começando a ser visto como uma por ser a companhia do detetive. 

-Eu não posso ir Sherlock, eu nem sou um detetive de verdade como você. Sempre te ajudo de forma anônima...

-Dane-se seu anonimato! Está na hora do mundo conhecer a dupla Sherlock Holmes e John Watson.  - interrompeu.

-Eu não tenho o dinheiro para a passagem... -continuou, porém mais vez foi interrompido.

- Eu também não. Mas tudo vai ser pago pelo cliente, não se preocupe.

- Mas o cliente iria concordar? E se eu não conseguir te ajudar? E se eu não conseguir ser tão bom quanto você?

-John, tudo o que você precisa é me amar para se sentir como eu. E eu acho que você me ama, então você já tem tudo o que precisa para me ajudar no caso.

Watson não soube o que responder. Era verdade, ele amava Sherlock Holmes, mesmo que se conhecessem há pouco tempo. Tentou desviar o olhar, mas o moreno o atraia sempre. Os olhos de Sherlock eram como um verão sem fim.

Holmes percebeu que estava conseguindo convencer o outro, então continuou:

- Vamos para Califórnia! Podemos caminhar pelas praias, ao longo das palmeiras, com o sol refletindo em nossos olhos como se não tivéssemos destino. Podemos dançar lentamente uma música de rock. Podemos nos beijar enquanto dançamos. Podemos conversar até ficarmos tristes. Podemos ser aberrações juntos.

John conseguia imaginar a cena: os dois na praia, as palmeiras refletindo nos olhos do outro. Imaginou os dois dançando em câmera lenta na praia, extravasando todo seu amor ardente.

-Se você não quiser ir, eu não vou também. - anunciou Sherlock, interrompendo os pensamentos do outro.

-O que? Não, você não pode fazer isso! Esse caso vai ser importante para você, e...

-É como eu disse. Se você ficar, eu fico. - disse, dando fim ao debate.

John terminou sua bebida em um único gole. Sentia o olhar do moreno em si, ansioso pela resposta. Aquilo era loucura. Eles se conheciam há pouco tempo. John tinha um emprego em Londres. Não sabia quanto tempo iria ficar fora. Não sabia nada sobre o caso, nem sabia se iria conseguir ajudar. A única coisa que sabia era que ele amava Sherlock, e se essa era a única condição para ir, ele estava pronto.

Watson se virou e beijou Holmes, sentindo-se elevar e pegar fogo. Quando se afastou, John disse:

-Vamos para Califórnia, aberração.