One-Shot Johnlock

Gire a garrafa

Assim que entrei, me arrependi da minha escolha. A casa estava lotada, a música estava insuportavelmente alta e o lugar cheirava a álcool e suor. Imediatamente, me virei para sair, quando uma voz me chamou:

-Sherlock! 

Bufando, me virei e vi Lestrade se aproximando. Ele tinha um copo com alguma bebida na mão, que quase derrubou em mim quando insistiu em me abraçar. 

-Você veio! 

-Sim, isso parece um pouco óbvio, já que estou aqui. - respondi, seco.

-É que festas não são muito a sua praia né? Por isso fiquei surpreso.

Ele tinha razão, festas não eram a minha praia. Eu próprio estava surpreso de estar ali. Mas obviamente tudo era apenas um plano. Meus pais odiavam o fato que o filho deles não era como "os outros adolescentes", seja lá o que isso signifique. Só porque eu não ia a festas, tinha amigos ou namorados, eles achavam que tinha algo de errado comigo. Na verdade, eles tinham que ser gratos pelo meu jeito. Eu tinha bem menos chances de morrer de intoxicação do que todos aqueles idiotas da festa. Mas eles não viam assim, e depois de mais uma de nossas inúmeras brigas sobre o assunto, chegamos a um consenso: eu daria uma chance ao padrão de vida adolescente. Iria em uma festa, conversaria com pessoas... tudo que estivesse incluso no pacote. E se depois de tudo isso, eu ainda não gostar da experiência, meus pais finalmente me deixariam em paz para ser quem eu realmente era. Não iam mais insistir em nada, e não iríamos mais discutir sobre isso. Eu achei um ótimo acordo, pois estava cansado de brigar com meus pais por isso. 

Logo, eu tinha planejado tudo: iria na festa, ficaria um pouco, depois sairia e diria aos meus pais que odiei. Fim. Eu ficaria livre para o resto da minha vida. O plano era ficar quase escondido na festa, para não ser incomodado, mas de alguma forma Lestrade me viu no meio da multidão. Mas isso não fazia diferença. Eu iria aguentar esse lugar infernal por um tempo, e depois voltaria para casa, para meus livros, experimentos e violino. 

Quando acordei de meus pensamentos, percebi que Lestrade ainda falava comigo, e que havia pegado uma bebida para mim. Cheirei de leve meu copo e senti meu estômago embrulhar. Como as pessoas podiam beber aquilo? Era praticamente como beber álcool 70% puro. 

-Vem, vamos encontrar os outros da nossa escola. - disse Lestrade, me puxando pro meio da multidão.

Isso era o que eu menos queria, mas me deixei ser levado por Lestrade. A festa era de um dos garotos do time de basquete, que tinha aproveitado que seus pais estavam viajando para convidar todos da escola para destruírem sua casa. Mas isso não significava que eu era bem vindo, visto que todos me odiavam. Não que eu me importasse. Eu odeio todo mundo, então tudo bem.

Nos aproximamos de um grupo e Lestrade encheu seu copo mais uma vez. Todos conversavam animados, mas eu apenas encarava o nada, esperando o tempo passar. Se eu ficasse pouco tempo na festa, meus pais iriam argumentar que eu não tinha nem tentado. Então precisava aguentar mais um pouco para tornar minha história convincente. Primeiramente, eu tinha planejado nem ir na festa. Iria para qualquer outro lugar e mentiria sobre meu verdadeiro paradeiro, mas meus pais me trouxeram de carro e esperaram eu entrar na casa. Sim, eles são desesperados nesse ponto. Tudo para que o filho "maluco" deles seja um pouco mais "normal". Então eu não tive opção a não ser entrar. E graças a Lestrade, meu planejamento de ficar quieto e escondido na festa foi por água abaixo. O plano não estava saindo como eu esperava, mas eu ainda estava tentando permanecer esperançoso quando uma das garotas do grupo disse:

-Que tal a gente jogar algo?

Nesse momento percebi que a noite não seria como eu esperava. Em poucos minutos, estávamos em uma rodinha, com uma garrafa no meio. O jogo consistia em alguém girar a garrafa. Quando ela parasse, a base e a boca da garrafa apontariam para quais pessoas deveriam se beijar. Achei completamente ilógico. Beijar alguém por causa de uma garrafa? Era esse tipo de experiência que meus pais queriam que eu tivesse? A experiência de ter chances de pegar herpes?