Estimulador mental

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Nota da autora: Olá querides! Capítulo surpresa para vocês. Deveria estar escrevendo mais capítulos de "O Hóspede"? Sim. Deveria estar escrevendo a continuação de "Colega de Quarto" ou terminar de escrever as sugestões de vocês? Sim. Maaas aqui estou eu, tendo ideias aleatórias. Espero que gostem dessa one-shot e até a próxima! 


Sherlock saiu da sala do Lestrade quase que correndo, sendo seguido por John. O moreno andava de um lado para o outro, de olhos fechados e com as mãos na cabeça. Todos na delegacia olhavam para a cena. Alguns estavam assustados, outros faziam comentários maldosos, chamando o detetive consultor de psicopata ou aberração. 

-Sherlock, calma... - disse John, tentando acalmar o amigo.

-Calma? John, estamos tentando resolver esse caso há duas semanas. DUAS SEMANAS! - respondeu, gritando as últimas palavras. 

-Eu sei, mas...

-E eu pensei que eu tinha resolvido, mas claro que aquele idiota tinha um álibi. Estamos em um beco sem saída, mais uma vez! Eu estava errado, ele não é o culpado, o que significa que eu não faço a mínima ideia quem é o assassino! 

-Sherlock... - disse John, mas o moreno apenas saiu da delegacia, deixando John para trás. 

-Eu te avisei. Ele é estranho. - disse Donovan, se aproximando do médico.

-Cala a boca, Donovan. - resmungou Watson, também saindo do local.

O loiro chamou um táxi e foi para casa, esperando encontrar seu amigo, mas ele não estava. Foi até o quarto do moreno, mas o cômodo estava sozinho. Resolveu ligar, mas como esperado, Sherlock não respondeu. Ele sabia que quando o detetive estava irritado, gostava de ficar sozinho, mas John odiava esse hábito do outro. Ele queria que Sherlock soubesse que, agora que eles se conheciam, nunca mais precisava se isolar. 

Sem saber o que fazer, resolveu rever o caso que estavam trabalhando. Não havia nada de especial nele, apenas mais um assassinato em Londres, mas por algum motivo, ainda não tinham conseguido resolver. Todas as teorias de Sherlock eram quebradas segundos depois, de forma que eles sempre voltavam para o ponto de partida. John ficou relendo os documentos até que ouviu a porta se abrindo. Levantou-se num pulo ao ver Sherlock entrando no apartamento.

-Sherlock, eu estava preocupado! - disse John, indo até ele.

-Desculpe. - sussurrou, se arrastando até sua poltrona. 

-Você foi seguir alguma pista? Descobriu alguma coisa? - perguntou, se aproximando.

-Não, John. Não descobri nada. Um simples assassinato e eu não consigo resolver. Eu sou inútil, burro, imprestável... 

-Ei! Isso não é verdade! - interrompeu.

-Claro que é. - disse Sherlock, se afundando ainda mais na sua poltrona. 

-Não é. Eu não permito que as pessoas falem mal de você, e não vou permitir que você se autodeprecie também. 

Sherlock não respondeu, apenas fechou seus olhos com força, então John se ajoelhou ao seu lado e continuou:

-Sherlock, você é a pessoa mais incrível que eu conheço no mundo. Você é espetacular, único, inteligente. O mundo seria um lugar terrível sem você, não só porque você é um excelente detetive, mas porque você é uma excelente pessoa. 

O moreno abriu os olhos e encarou seu amigo. Ele parecia confuso com os elogios, mas John não parou de falar:

-Claro que você tem seus defeitos, mas isso só te torna mais incrível. Você é uma pessoa complexa e completa, e todo dia eu agradeço a sorte que eu tive em te conhecer. 

Sherlock se endireitou na poltrona, de forma que os dois agora estavam com os rostos próximos.

-Você realmente acha isso ou só está falando para me animar? -perguntou.

-Claro que eu estou dizendo a verdade. Sherlock Holmes, não existem palavras para descrever o quão especial você é. E eu sei que você vai resolver esse caso. 

-Nós vamos resolver esse caso. - corrigiu, sorrindo.

-Ah, sim, mas eu quase não ajudo... - disse, desviando o olhar.

Sherlock interrompeu o outro segurando seu rosto, de forma que eles voltassem a se olhar. 

-John Watson, se eu sou tão incrível como você diz, então você é mil vezes tudo isso. Você agradece por ter me conhecido? Eu as vezes acho que eu nem mereço te ter em minha vida.

John sentiu seu rosto corar. O contato da mão do outro contra sua pele, aqueles olhos azuis o encarando... tudo isso estava fazendo o coração do médico bater tão alto que ele tinha medo que o outro estivesse escutando.

-Para uma pessoa que se auto intitula sociopata altamente funcional, você é bom com elogios. - disse, rindo.

Sherlock riu também, e começou a acariciar a bochecha do loiro. 

-Isso é porque você é uma exceção. Todos são idiotas, menos você.

-Isso significa que eu também sou especial? - perguntou, inclinando o rosto para aumentar o contato com a mão do outro. 

Sherlock sorriu ao ouvir a pergunta e ao perceber o gesto de John. Sem responder, se inclinou para frente e acabou com a distância entre os dois. O início do beijo foi apenas um breve contato entre os lábios, mas já foi suficiente para acelerar ainda mais o coração dos dois. Só que John não queria se limitar a apenas aquilo. Eles haviam esperado tempo demais, então levou as mãos aos cachos dos outros, entrelaçando seus dedos nos fios bagunçados. Sherlock, felizmente, entendeu o recado, abrindo seus lábios e permitindo que o beijo fosse intensificado. Nem parecia que há alguns minutos atrás, o detetive estava no seu pior humor. Agora que ele tinha John em seus braços, agora que seus lábios eram apenas um, nada mais importava.

Os dois se afastaram quando ficaram sem ar e riram, um pouco envergonhados. Eles encostaram suas testas, de forma que continuaram se olhando por um tempo, sorrindo. John estava prestes a dizer mais alguma coisa romântica e tentar um segundo beijo, visto que apenas um não seria suficiente, quando o outro se levantou num pulo. 

-Sherlock, o que foi? - perguntou John, assustado.

-Eu tenho uma teoria! - disse, animado. 

-Espera, você está pensando no caso? Agora? - perguntou, irritado. 

-Não temos tempo a perder. Se eu estiver certo, temos poucas horas para pegar o assassino!- disse, já colocando seu casaco.

-Você teve uma ideia do nada? - indagou, enquanto também se arrumava para sair. 

-Seu beijo deve ter funcionado como um incentivo.  Acho que ocitocina e endorfina são excelentes estimuladores mentais também. Parece que você estava errado, John. Você ajuda, sim, nos casos. - disse, dando uma piscadela e saindo do apartamento correndo.

John ficou parado por um tempo, sentindo seu rosto queimar. Ele nunca havia sido chamado de estimulador mental antes, mas o elogio o havia agradado mais do que ele gostaria de admitir.

-John! -chamou o outro, já na rua.

O loiro xingou Sherlock mentalmente, mas o seguiu com um sorriso no rosto. Juntos, os dois percorreram as ruas de Londres e acrescentaram mais um caso para sua coleção, já que a teoria de Sherlock estava certa. Mas isso não surpreendeu o detetive. Com um estímulo daquele, como poderia estar errado?  


One-Shot JohnlockOnde histórias criam vida. Descubra agora