Desavenças

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David:

ALGUMAS HORAS ATRÁS

{...} -Mãe?

-Oi filho.

Minha mãe estava na minha frente. A minha mãe que eu não vejo há anos. A droga da minha mãe que foi internada por causa do maldito vício, estava aqui, agora e bem na minha frente.

Estava diferente

Mais bonita talvez. Seu rosto com um semblante sério e rejuvenescido, seus cabelos castanhos e bem hidratados e suas roupas bem finas, nunca diriam que essa mulher já foi uma usuária de drogas. Mas eu ainda não estava acreditando, eu deveria estar surtando, sonhando ou sei lá.

-O que faz aqui? - Eu a encarava sem piscar. Estava quase duvidando se essa mulher que estava na minha frente e minha mãe eram a mesma pessoa

-Oras, vim buscar meu filho que está preso, afinal, sua mãezinha aqui não está mais doente, não é mesmo?! - Não conhecia esse tipo de joguinho mas com certeza não iria cair.

Como ela sabia disso?

-Alguém pode me explicar que merda tá acontecendo aqui ?! - o cara que veio me buscar estava totalmente confuso e acredita cara, eu também estava.

-Olha, você pode voltar para onde estava, desculpa o mal entendido. - a detetive aponta a saída pro cara que deixa o lugar puto da vida. - E vocês vão me explicar que porra tá acontecendo aqui! - Eu e minha mãe nos olhamos sem saber como explicar essa mentira toda.

-Não tem nada para ser explicado. Eu sou a mãe do David e vim buscar meu filho na cadeia. Algum problema? Quanto é a fiança? Eu pago! - ela começa a revirar a bolsa e eu ponho minhas mãos nas dela para que ela parasse.

-Mãe não precisa. Eu e a detetive já nos acertamos. Não é detetive? - olho para ela que revira os olhos sutilmente dizendo um "claro" e nos guiando até a porta de saída

-Então, muito obrigado. E desculpe pelo mal entendido com o policial, prometo não me meter mais em enrascadas - Desço as pequenas escadinhas da delegacia. Giro meus calcanhares de volta a delegacia e fico de frente com a detetive. - Eu já ia me esquecendo, obrigada pelo acordo, sem você eu acho que estaria preso agora. Espero que você tenha se divertido - vejo ela corar e dou um leve sorriso de lado. Chego perto da minha mãe e ela está em frente de um carro me esperando com os braços cruzados.

-Você vai me explicar essa palhaçada toda agora!

-Eu contarei. Entre no carro que eu te levo pra casa. - ela abre a porta do carro esperando eu entrar

-Não vou entrar nesse carro!

-Para de manha David, você não é mais uma criança!

-Pois é, eu não sou. E por esse motivo não entrarei nesse carro! Se quiser me acompanhar, iremos de apé. - começo a me afastar do carro indo em direção a minha pequena cidade.

-Você está maluco? Ir de apé até onde você mora? Vai demorar cerca de uns 20 minutos para chegar até lá!

-E como você sabe onde eu moro? Que eu saiba você estava internada na merda de um hospital até hoje de manhã! - paro de andar a alguns metros de distância do carro

-Olha lá como você fala comigo David, fiquei fora por alguns anos mas nunca deixei de pensar em você! E independentemente de tudo ainda continuarei sendo sua mãe.

-Você sabe o que me fez passar? O que acha que eu fiz durante todo esses anos com você longe? Você era tudo para mim mãe. Minha inspiração, meu porto seguro - não era muito de chorar, mas estava me segurando para isso não acontecer. Eu realmente amava a minha mãe mais do que tudo na minha vida. - Eu era uma droga de uma criança e você não pensou em mim quando decidiu se afundar nas drogas.

A PrisioneiraOnde histórias criam vida. Descubra agora