A Prisioneira

Luto

Kate:

Um vestido preto simples, com poucos detalhes nos ombros. Uma sapatilha e um laço na minha cabeça que prendia meu cabelo como um arquinho, ambos pretos também

Eu fiquei quase uma hora de frente ao espelho vendo minha pessoa. Toda hora achava algum problema ou no meu vestido ou no meu cabelos quando subia algum frizz

Estava ficando irritada

-Pronta? - Leonardo deu três batidas na porta antes de abri-la.

Eu quase obriguei ele a ir no velório comigo, não queria ir sozinha. E depois de vários não, eu fiquei aliviada de receber o primeiro sim

Balancei a cabeça e antes de sair do meu quarto, passei minhas mãos sobre minha barriga. Ela já estava com um leve volume, não muito exagerado, quase despercebido

Descemos o último degrau da escada e eu consegui ver meu pai de terno olhando repetitivamente o relógio no pulso

-Tem certeza que quer ir? - ele me pergunta arrumando o laço no meu cabelos

-Sim,pai - sorri para ele antes de caminharmos para o carro

Meu pai e Leo ficaram conversando sobre alguma coisa que eu não tive o trabalho de prestar atenção

Estava um pouco frio, nuvens cobriam o céu por inteiro

Eu não conseguia acreditar que estava indo para o velório dele. Meu coração doía tanto

Senti as mãos alisarem minhas coxas e quando eu olhei vi Léo e com um sorriso nos lábios. Eu retribui

Ficamos no carro por mais alguns minutos até chegar no lugar

Antes de sair do carro senti minhas pernas travarem. Meu coração apertou e meus lábios ficaram secos o suficiente para rachar e eu sentir o gosto do sangue

-Está tudo bem - Léo rodeia seus braços nos meus e começamos a andar

Não tinha muita gente por lá, eram pouquíssimas as pessoas que choravam e carregavam flores

Estreitei um pouco os olhos até conseguir ver Marta. Ela estava linda, com um vestido preto e uma jaqueta. Ela tinha um chapéu que ficava de ladinho na sua cabeça.

Ela estava acompanhada com um homem que eu deduzi ser o noivo dela, já que suas mãos estavam apoiadas em sua cintura

Dei mais alguns passos até que seus olhos se encontram com os meus. Ela imediatamente me abraça e eu escuto ela soluçando

-Ainda bem que você veio, Kate - seu abraço não era tão apertado. Ela sabia que eu já não andava mais sozinha

-Mas é claro que eu viria

-Não está sendo nada fácil, desculpe - ela me olha e seca delicadamente seus olhos com um lencinho

-Você não deve se desculpar por nada. Isso… Isso tudo é culpa minha - Eu não podia mentir que tudo isso está acontecendo graças a mim. Senti as lágrimas encharcar meus olhos

-Por favor Kate…

Antes dela terminar o que tinha que falar, um homem chama nossa atenção dizendo que já estava tudo pronto

Meu pai passa seus braços delicadamente sobre meus ombros e deixa um beijo em minha cabeça

Não muito longe eu já conseguia ver o caixão. Ele estava em cima de algum tipo de bancada ou algo do tipo. Vários bancos estavam na frente e algumas pessoa já estavam sentadas neles