A Prisioneira

Gravidez

Lis:

[...] Impossível

A gente se cuida, não é? Eu tomei as pílulas que o David pediu pra mim tomar

-Grávida? - escuto a voz de David e ele está parado encostado na porta com os braços cruzados e um olhar indecifrável

-Acontece David, tem coisas que não podemos evitar - Marta diz olhando para o filho

-Não mãe, você não está entendendo - sua voz já estava alterada - A gente se cuida, Lis toma pílulas. Não é Lis? - ele me olha e eu fico sem saber o que dizer

Eu tomei as pílulas que ele me deu aquele dia

Quer dizer, eu acho que tomei, a Mariana chegou bem na hora mais eu tinha tomado

Ou não?

-E-eu… não sei

-Como assim você não sabe Lis? - ele estava nervoso e eu dei graças a Deus pela Marta está aqui do meu lado - Eu dou a porra das pílulas pra você tomar e você me vem com um não sei? - ele começou a andar de um lado para o outro

-Calma David, já falei que essas coisas acontecem - sua mãe tenta acalma-lo, mas parece difícil

-Calma nada! Ela só tinha uma única coisa a fazer, uma coisa, beber a merda de uma pílula - ele continua andando para os lados e suas mãos vão para seus cabelos bagunçado-os - É tão difícil assim?

-Isso é só uma hipótese David, eu posso não estar grávida. P-posso apenas estar doente, não sei - sinto lágrimas no rosto e minha voz começa a ficar fraca enquanto Marta estava com as mãos na testa

-Podemos fazer um teste de gravidez o que acha? Assim, teremos certeza - ela se ajoelha de novo e me dá um sorriso - Tem uma farmácia não muito longe daqui, irei comprar um e já já volto. Lembrando que independente do que seja, eu estarei aqui com você Lis - ela me dá um beijo na testa e sai

Dou descarga e escovo meus dentes. Dou um longo suspiro limpando meu rosto com as costas da mão e depois passo no cabelo

Vou para a sala e vejo David sentado no sofá com as mãos na cabeça e as pernas tremendo em um ritmo frenético. Caminho até ele e me ajoelho passando minha mão sobre seus braços

-Está bravo comigo? - pergunto mas não recebo uma resposta. Me sento no chão e passo a língua nos lábios

-Eu sei que está… Mas não foi culpa…

-Como assim não foi culpa sua? - ele me olha e eu engulo seco - Você esqueceu ou não esqueceu de tomar a pílula?

-E-eu acho que… Eu ia tomar, quando a Mariana bateu na porta e eu fui atender. Eu devo ter esquecido - sinto as lágrimas novamente mas às seco antes de descer

-Mas é claro… - ele ri sarcástico - E o que vai fazer se for uma criança em? Lis, eu não tenho como ser pai. Eu não posso!

-Se for uma criança vamos cuidar juntos, não vamos? Eu e você. Nós dois - tento encontrar suas mãos mas ele se levanta de imediato

-Eu não sei… - suas mãos estão no seu rosto

-Por favor David, você não pode me deixar sozinha nessa. Eu não vou conseguir cuidar de uma criança sozinha - me levanto e vou de encontro com ele que está parado ainda com as mãos no rosto

-É só você tirar…

Eu parei de andar na hora

Ele não pode estar falando sério

-Tirar? - isso saiu mais como um sussurro

-É isso aí que você ouviu

-Você só pode estar de brincadeira com a minha cara - grito chegando mais perto dele - eu não vou tirar uma criança, ele é seu filho também, você não tem piedade? Não tem piedade de mim? - seguro nas suas mãos fazendo ele me encarar - David… você não me ama?