Tempo esgotado

1.1K 78 14
                                    

"A cicatriz que eu não posso reverter
Quanto mais cura mais machuca"

Lis:

-Vamos Kate, você vai se atrasar - imediatamente eu saio do banheiro colocando a mochila nas costas e passando o fone de ouvido pelo pescoço

Desço as escadas correndo e chego na cozinha vendo meu pai comendo uma maçã e lendo um jornal

-Preparada para o último dia da faculdade? - ele me pergunta olhando por cima do óculos de grau

-Estou mais que preparada, literatura sempre foi meu sonho - pego uma maçã logo mordendo

-E como eu sei disso - meu pai ri se levantando da mesa colocando seu óculos do lado do jornal, mastigando sua maçã - Quando você era pequena, amava dar aulas para seus ursos de pelúcia. Você chamava sua mãe pra participar

-Meu maior objetivo agora é poder me tornar professora - eu me aproximo dele e sinto suas mãos alisar meu cabelo - Agora os ursos de pelúcia vão se tornar pessoas de verdade - rimos juntos e ele dá um leve tapa na minha testa

-Minha menina está crescendo - ele me abraça e eu retribuo - Sabe que eu te amo né?

-É claro pai - escuto meu celular tocar e me separo do seu abraço - Vamos antes que eu me atrase - sussurro para ele indo em direção ao carro

-Cadê você, Kate?

-Entrando dentro do carro... agora - sento no banco do passageiro passando meu celular para a outra orelha - Você está aonde?

-Te esperando na frente da faculdade. Eu não acredito que você vai chegar atrasada no último dia de aula - escuto Sabrina bufando e eu tenho certeza que ela estava batendo os pés impaciente. Ela odiava quando eu atrasava

-Chego ai em 5 minutos - desligo o telefone quando vejo meu pai entrando dentro do carro segurando as chaves

-Tudo bem?

-Sim, só um pouco atrasada

-Ninguém mandou demorar meia hora se maquiando - ele gargalha girando a chave do carro e dando partida

-Ei, eu não demorei tudo isso!

-Ah não? Foi quanto tempo então?

-27 minutos - Dou de ombros vendo ele rir tão alto que eu tive que levantar a janela do carro porque tinha pessoas olhando

Depois de 5 minutos certinho, eu consigo ver Sabrina olhando no relógio do pulso com os braços cruzados na frente da escola

-Você vai trabalhar hoje? - pergunto tirando o cinto de segurança e abrindo metade da porta

-Sim filha, chegarei super tarde hoje. A empresa ta pegando pesado comigo - ele apoia os braços no volante - Sinto muito não poder estar com vocês

-Sem problemas - dou um beijo na sua bochecha e vejo Sabrina encostando na porta do carro

-Oi tio predileto - ela está com um largo sorriso sarcástico mostrando os dentes

-Esquece Sabrina, eu nunca vou gostar de você - meu pai revira os olhos

-Eu sei que você me ama tio - ela faz coraçãozinho com as mãos quando meu pai finalmente dá partida com o carro - Até que enfim chegou né vaca

-Nem me atrasei tanto - começamos a andar em direção a escola

Meus braços estavam duros que nem pedra. Minhas pernas quase falham ao tentar andar de tão nervosa que eu estava

A PrisioneiraOnde histórias criam vida. Descubra agora