Dias de luta

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Kate:

Kate… vai ser um pouco difícil acostumar com esse nome agora. Eu gostava de Lis, gostava do jeito que ele me chamava

Eu ainda estava na delegacia, eu e meu pai, meu grande pai. Estamos aqui há mais de quatro horas desde quando eu cheguei

Eu conversei tudo que tinha que conversar, tudinho desde o começo, só estava um pouco intrigada com o fato de eu estar grávida do homem que me sequestrou

-Eu só não consigo entender como você pôde se relacionar com um louco que te roubou de mim - meu pai estava com as mãos massageando o centro de sua testa

-Eu já te disse… Ele estava mentindo para mim esse tempo inteiro - mordia os lábios levemente

-Eu sei, eu só…

-Pai, por favor. O senhor não sabe como está sendo difícil, eu matei o pai do meu filho, estou sem chão. Querendo ou não eu amei David… ou ainda amo - sussurrei

-Foi por um bom motivo, querida. Mais tudo bem, não irei tocar nesse assunto tão cedo - senti suas mãos acariciando minha barriga

-Sabe... - ele continua - Em nenhum momento, nenhum segundo, nem por um caralho de tempo, eu pensei que o pior tinha acontecido com você. Eu sempre soube que você estava viva, não sei, eu só sentia. Instinto de pai - ele dá de ombros

Eu conseguia ver no olhar do meu pai a felicidade de ter um neto, por mais que não fosse do seu genro favorito, ainda continua sendo seu neto. Eu sei que sua felicidade dobraria se o pai da criança fosse o Leonardo

-Pai - eu o chamo e ele me olha - Manteve contato com o Léo esse tempo que estava longe?

-O tempo todo - dá uma risada nasal - Não sei quem estava mais preocupado com você, eu ou ele - meu pai tira o celular do bolso, desbloqueia a tela e em seguida desliza os dedos na tela procurando alguma mensagem - Veja, essas são todas as ligações desde quando você desapareceu - ele continuava deslizando o dedo pelas milhares de chamadas e mensagem do garoto - As vezes ele passava em casa e conversávamos sobre você…

Antes de responder eu consigo ver o delegado saindo de sua sala com um telefone na mão

-Parece que os repórter saíram da porta da delegacia, até que enfim - ele se apoia em uma perna e cruza os braços - Vocês já podem irem direto para o hospital, temos que ver se a criança está bem - ele me dá um sorriso e eu vejo meu pai se levantando com uma certa pressa

-Calma pai…

-Calma? Meu neto pode nascer a qualquer momento!

-Eu ainda estou de 2 meses - ele dá de ombros indo em direção a porta

-Marcos…

Ele não me deixou terminar, parece que já sabia o que eu queria perguntar

-O corpo dele está no IML Kate, não sabemos quando será o velório, mais com certeza você será avisada - ele respira fundo - Ainda estão revirando a casa dele para ver se encontram algo a mais

Respirei um pouco aliviada e abracei o sentindo suas mãos alisando meu cabelo

-Mas não pense que se livrou de mim - ele me olha -  Ainda teremos algumas conversas sobre o caso

Eu apenas acenei e fui em direção ao meu pai que estava me esperando do lado de fora do carro

Ele balança os braços mostrando que estava me esperando e eu corro em sua direção

-Uma família reunida, tem alguma coisa melhor?

-Sabe que ainda não está tudo resolvido, né? - coloco meu cinto de segurança e me afundo no banco procurando conforto

A PrisioneiraOnde histórias criam vida. Descubra agora