Inimizade Colorida | Max Verstappen & Charles Leclerc

Monte Carlo

POV. Max Verstappen

   Pode parecer birra, coisa de criança mimada, mas não consigo não me sentir assim... imponente. Uma pole que escapou dos meus dedos como grãos de areia ao vento, e não por minha culpa.

   Optei por não ver Charles essa noite, não quero espancar seu rostinho lindo. Simplesmente não consigo deter essa vontade que quebrá-lo ao meio, então apenas mandei um Parabéns pelo app de mensagens e o bloqueei.

   Meu foco precisa estar em amanhã, na corrida, uma boa estratégia e podemos vencer, já que é quase impossível ultrapassar em Mônaco.

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POV. Charles Leclerc

   Quando acontece não quero aceitar, não quero acreditar, não pode ser possível, não de novo... o que eu fiz para o universo? Quem me jogou essa maldição? Por que eu nunca... NUNCA... consigo terminar bem uma corrida em casa?... Dessa vez não irei nem largar.

   Meu coração está quebrado mais uma vez, mesmo sabendo que isso poderia acontecer... as lágrimas caem involuntariamente dos meus olhos, ainda bem que não conseguem me ver.

   Foi um risco, um risco que escolhemos correr, e nos demos mal. Sabíamos que o carro não estava em perfeitas condições, mas talvez fosse nossa maior chance de vitória na temporada... agora ela foi pelo ralo.

   Mando uma mensagem pelo rádio para a equipe sobre o ocorrido, muitos devem estar de coração partido... o meu está estraçalhado.

   Max deve estar sorrindo agora, vai poder largar na primeira colocação, e, se não ocorrer algum erro, vencer a corrida.

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   Extremos, penso, ao fim da corrida. Ontem eu com uma felicidade que não cabia no peito e ele com a raiva transbordando em cada gota de sangue; hoje ele feliz pela vitória e eu caindo em um abismo de tristeza por nem sequer completar uma volta.

   Ao menos conseguimos um pódio com Carlos, fico feliz por ele, é um grande progresso para a equipe.

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   A cada shot que desce por minha garganta uma de minhas preocupações vai se desfazendo, não posso mudar o passado, mas posso tentar esquecê-lo. Por mais que isso vá contra meus valores de erro e aprendizado... bom, não estou me importando muito, o fim de semana passou e minha casa fica perto daqui.

   Tom Holland disse que não me deixaria passar dos limites, lembro disso vagamente... por ironia ou não, não o vejo agora, talvez não veja pelo resto da noite.

   Minha cabeça faz com que as luzes fiquem mais bagunçadas do que realmente são. O som e conversas altas pelo local apenas servem para me dar entusiasmo, não estou sozinho nesse local, mas solitário.

   Me aproximo ao pequeno palco que contém um espaço reservado para o karaokê. Subo devagar tentando não tropeçar em meus próprios pés, me apoio no suporte do microfone e olho a multidão, não é enorme, os cassinos não são tão grandes como pensam, ainda sim lotados.

   Fito o olhar na porta, vejo sua cabeça de peixe, não consigo acreditar. Ele me olha em negação, não acredita também.

   Meus lábios se mexem involuntariamente, não consigo controlá-los, é como se meu corpo e meu cérebro estivessem separados, agora me arrependo de todos os shots dessa noite, jamais beberei novamente.

— Arrann — limpo a garganta fazendo barulho para que notem a minha presença. — Vocês, senhores e senhoras de elite, devem ter acompanhado a formosa corrida de hoje... que não acabou muito bem para mim.

   Uma pausa.

— Mas isso não importa agora, resultados ruins são possíveis o tempo todo... EU TÔ APAIXONADO — e visivelmente bêbado, passando o maior vexame.

   Diversos olhos se voltam para mim, não posso confirmar que são todos. Verstappen vem desesperadamente até o pequeno palco, ele precisa deter minha boca irresponsável enquanto eu não sou capaz de fazer algo por conta do efeito do álcool.

— É uma pessoa que não é muito compreendida, mas que merece amor...

   Nesse momento retiram o microfone da minha mão a força e me afastam dele. Fico feliz por meu herói não me deixar falar mais e acabar com a nossa carreira e vida.

— Não tem nada para ver aqui, apenas Charles bêbado, voltem a fazer o que estavam fazendo — ele afirma e me tira do palco as forças.

   Meu corpo está dormente, não faço ideia de como ainda paro em pé, me sinto como se estivesse todo anestesiado.

   Quando saímos do palco dou um tropeço perto de uma grande cortina, minhas mãos caem em cima dos ombros de Max que se apoia com as suas em uma mesa atrás dele, evitando nossa queda. Estamos cara a cara e não consigo evitar o impulso de beijá-lo. Ele fica espantado, seu corpo enrijece, tenso, se equilibra soltando a mesa e puxando com rapidez a cortina para nos cobrir. Logo em seguida desprende os lábios dos meus e segura minha mão firmemente, me guiando para fora daquele luxuoso cassino.

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— VOCÊ É LOUCO? O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA? VENTO? MINHOCA? VOCÊ TEM O MÍNIMO DE NOÇÃO DO QUE PODERIA TER ACONTECIDO SE EU NÃO ESTIVESSE LÁ? — Seus gritos passam abafados por meus ouvidos.

— Precisa se controlar para não acordar as outras pessoas — apenas sussurro na intenção de acalmá-lo, não sei que horas são, mas sei que é tarde.

— SUA PREOCUPAÇÃO É COM AS PESSOAS DOS QUARTOS VIZINHOS??? FALA SÉRIO! FLASHS NAS NOSSAS CARAS, AQUELE VEXAME E VOCÊ VEM ME FALAR PARA ME PREOCUPAR COM OS VIZINHOS???? ENQUANTO MINHA CARREIRA ESTÁ EM JOGO PORQUE O ESTÚPIDO DO MONEGATO RESOLVEU TOMAR ALGUNS SHOTS DEPOIS DE NEM LARGAR NO GP DE CASA???

— DÓI MAIS EM MIM DO QUE EM VOCÊ!

   Batidas na porta, tudo que precisávamos. Sinto um empurrão no meu braço e quando vejo estou no chão do banheiro. Sem forças para levantar, apoio a cabeça no chão e ali permaneço.

POV. Max Verstappen

   Era apenas Kelly pedindo para eu dar maneirar no showzinho. Já que ela estava quase dormindo e acordou com os gritos. Confirmo com a cabeça e fecho a porta, não digo um obrigado, mas ela não se importa.

   Fecho a porta do quarto e tranco, olho para o chão do banheiro e vejo Leclerc. Olhando assim é possível pensar que eu o matei com veneno ou algo do tipo.

   Checo sua respiração e vejo que está tudo normal, apenas dormiu, está exausto, principalmente por conta das emoções.

   Pego ele no colo e o levo para a cama o ajeitando... se eu sou uma criança mimada ele é apenas um bebê, sinto que tenho que cuidar dele, mesmo que em muitas situações ele saiba agir melhor que eu.

   Não me importo com o cheiro de suor ou de bebida, apenas tiro a roupa de cima, me deito ao seu lado e logo durmo.