Capítulo 13 - Toupeiras

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— E então a gente se beijou — Rafa terminou como se não fosse nada demais e tomou seu suco. Gi, no entanto, estava tão quieta quanto poderia alguém com aquele curativo enorme cobrindo seu nariz — Não vai falar nada? — A mineira ainda cutucou a amiga sentada a sua frente em mais um almoço que devido aos acontecimentos recentes foi excepcionalmente marcado numa terça-feira no Paris 6.

— Eu esperei e sacrifiquei tanto por isso que não sei como reagir — A advogada disse com uma voz que parecia de alguém segurando o nariz para falar. Rafa prendeu o riso uma vez que parte da culpa do acidente também era sua — Foi bom? Do seus beijos favoritos da vida ficou ao menos "incesto" lugar? — E então a capixaba estourou numa risada nasalada que a fez gargalhar e depois gemer de dor por causa do nariz. Estaria aceitando melhor o sofrimento se Marcela tivesse pagado para ela uma rinoplastia no pacote, mas a loirinha havia ficado muito muquirana com o passar dos anos. A capixaba sequer desconfiava com quem ela estava aprendendo.

— Não sei porque eu insisto em você — Era uma tão frequente saída da boca de Rafaella que Gizelly nem se abalava mais. Sabia que a amiga (amiga mesmo sem demais ideias) a amava.

— Mas diga-me... Como está seu cu? — A advogada perguntou da forma mais natural e aleatória possível. Rafa não entendeu.

— O que tem isso? — Rafaella quis saber num tom quase sussurrado. Estava vermelha como um tomate só com aquela menção.

— Achei que deveria perguntar, pois não deve ser nada agradável sentir o espeto varando o "Zezinho" assim sem nada. Pelo menos a Bianca passou lubrificante antes do capeta se vingar de você por ter beijado a irmãzinha? — A mineira estava pretérita, parada, incrédula que a amiga estava dizendo semelhante coisa. A capixaba só ria mais e mais, eram oito anos de piadas bem pensadas e arquivadas. Tinha até que revisitar a pasta feita no seu computador intitulada "Gracinhas para fazer com Rabia quando se beijarem".

— Eu vou embora — A apresentadora declarou e se levantou, mas foi impedida pela advogada. Se ela fosse embora quem ia pagar a conta? Fez Rafa se sentar de novo e a acalmou.

— Não vou fazer mais piadas sexuais por hoje. Prometo. Agora me fala porque você gostou já que tá quase estampado nessa tua testa de outdoor que você gostou — A morena falou. Não caçoar das relações não queria dizer que não poderia fazer com outras coisas menos constrangedoras.

— É tão evidente assim? — A loira corou de novo. Agora de um jeito bonitinho que fez Gi ter vontade de vomitar, mas não o fez porque aquela comida era caríssima.

— Como a água de um rio — Que não era o Tietê, óbvio — Agora continua que eu quero detalhes — Completou a furacão.

— Nos beijamos e foi incrível. Bianca tem uma boca pequena e linda, parece irresistível não beija-la mais e mais. Então eu fiz isso Gi. Eu a beijei de novo e de novo, até que parecesse impossível não querer mais — Rafa relembrou do momento após o acordo em que embarcaram em uma troca frenética. As mãos passeavam pelos corpos sem receios e os gemidos já se apresentavam com frequência. A mão de Bianca arranhava suas costas e ela apertava a bunda da carioca com vontade fazendo com que a intimidade se esfregasse em sua barriga. A outra mão livre estava na cabeceira da cama impulsionando o corpo para frente sobre o da morena que mordia sua boca e sugava seu lábio. Daria tudo muito errado se não parassem. Então pararam.

— E não fizeram nada mais? — Era quase uma repreensão da parte da capixaba. Se tivesse demorado oito anos para beijar a esposa teria transado com ela na mesma noite que acontecesse.

— Não dá para emendar primeiro beijo com primeira vez — A advogada riu alto daquela frase. Só parou quando constatou que Rafaella estava falando bem sério. Se a mineira soubesse que Gi deu para Marcela no primeiro encontro sem mal terem se beijado cairia para trás.

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