Capítulo 24 - Tangerina

1.2K 115 23
                                    

Um filete de suor recorria pela parte lateral da nuca de Rafa Kalimann. Um único passo em falso e a mulher grávida de olhar penetrante levaria consigo a glória e domínio da noite. Bianca era esperta, perspicaz e no momento se encontrava mais confiante do que nunca. Além da ampla vantagem de ter obtido a vitória na última partida parecia consciente de cada movimento que os dedos da loira faziam sobre a toalha verde que encobria a mesa. As pontas passeando pelo carteado, as hesitações e até mesmo da gota de suor.

Bianca era, na concepção da moça, uma imagem da mais intensa sensualidade. A maneira como ela parecia concentrada em vencer, as comemorações enérgicas vindas de cada ponto. A graça, a inteligência, tudo contribuía para o descompasso iniciado no corpo de Rafaella desde o segundo que o sutiã rosa abandonou os seios daquela deusa que se encontrava a sua frente de cenho franzido armando sua próxima jogada.

A mineira não tinha como saber, mas a carioca já sentia sobre seus dígitos a vitória eminente. Seu jogo era bom, a recuperação de Rafa parecia distante de ser atingida e seus orbes indicavam o princípio do seu descontrole toda vez até sua perna insinuava transitar por entre as dela. E piorou quando a morena o fez efetivamente.

— Isso sim é trapaça — Afirmou a loira apertando os olhos enquanto sentia as pernas depiladas de Bianca escalando sua pele até estar em contato direto com sua intimidade.

— Faz parte do jogo. Do nosso jogo — A morena falou virando suas cartas sobre a mesa para admirar cada traço do rosto da mulher que a encarava com a mesma profundidade e volúpia.

— Não lembro de ter mencionado essa regra no início — A mais velha indicou fazendo o mesmo movimento que a outra, como um espelho que refletia um traço único daquele casal. Ganhar ou perder naquele instante era algo muito inferior diante da magnificência do desejo expresso. Chegava a ser irrelevante. O prazer sim era o grande protagonista e isso teriam para além do que dissesse a sorte. Se Bianca ganhasse e pudesse ter Rafa primeiro ou o contrário. Sabiam que a disputa tão divertida pelo domínio era só mais um tempero aquela relação, um algo a mais naquilo que já era tanto comparado ao que já tiveram.

Ignorando as palavras de Rafaella a mais jovem continuou sua invasão nada discreta pelo caminho bronzeado até deparar-se com o Eldorado daquele corpo que parecia ter sido esculpido preciosamente. Ao atingir aquele centro as duas gemeram em uníssono.

— Vamos terminar com isso — A loira avisou num tom baixo, dominado pela rouquidão e por sua incapacidade de afastar a perna da morena que roçava sem qualquer vergonha em sua boceta espalhando por seu membro inferior sua lubrificação.

Quando se apressaram não houve mais que dez minutos daquela partida. E a vitória, apesar de surpreendente com o curso que as coisas estavam tomando, não foi inesperada. Rafaella, a grande maga daquele jogo levou a melhor numa virada bem no último segundo.

A comemoração do momento poderia ter seguido por vários caminhos, esbravejos, auto exaltação ou até deboche. A própria Bianca desconfiava que teria cedido a ao menos uma das opções, mas a mineira parecia mesmo distinta a ela, sobretudo a maneira que era submissa a sua própria é inevitável atração. Dessa forma, sem dizer qualquer palavra que acentuasse seu feito a mulher mais alta somente derrubou todas as cartas da mesa e deu a volta no móvel, atingindo a empresária no momento seguinte.

Com a mesma pressa da gota de suor que escorrera de seu rosto sentou Bianca sobre o tablado agora vazio depositando em seus lábios um beijo apaixonado e cheio de detalhes. Incluía-se na sua língua cujo toque descia áspero e urgente o desespero, a espera e pequenos fragmentos de uma raiva que Bianca sequer veio chegar antes de gritar em seus lábios em forma de língua e gemido abafado. Que também era seu em acompanhamento.

I'll give you everythingOnde histórias criam vida. Descubra agora