I'll give you everything

Capítulo 34 - Reino das flores

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Há certas conversas que daríamos uma vida para ter e outras que não conseguiriam nem depois de muitas uma vez que o espírito não estaria suficientemente preparado para receber as palavras necessárias.

Há discursos oriundos de lábios amáveis que nos entristecem, quebram e não restituem, portanto, nem em todas as vidas vale ser ouvido. Já outros nos mudam completamente, nos ajudam a seguir em frente e nos tornarem melhor.

Nando sabia que o que tinha para ouvir da boca de Bianca poderia ter um efeito libertador em sua vida. Reconhecia os erros que cometeu com ela, se arrependia deles e por muito tempo o que mais quis foi procurá-la para pedir perdão, porém, não desejando atrapalhar sua vida nem mais um minuto acumulou seus arrependimentos e os guardou.

O fato dela ter escolhido não fingir o dava novas esperanças, não de uma volta, pois estavam feliz como eram agora, mas de alguma paz para o fardo de não ter sido bom para ela como deveria.

— Você pretende alugar o 12h? — Foi a primeira bobeira que a mulher pensou perguntar. Como se dialogava sobre nada demais com alguém que você dividiu tudo? Faltava assunto, faltava intimidade, faltava que fossem as mesmas pessoas. E não eram, por bem não eram.

— Na verdade eu estava dizendo para o nosso amigo aqui que não pretendo ficar com o apartamento quando você apareceu. Percebi que esse não é o lar que eu busco. As vezes a gente precisa bater em outra porta para isso — A fala era curta e simples, mas carregava uma implícita metáfora do que fora o relacionamento dos dois. Ele, inconformado em ter que bater em outra porta acabou prendendo quem dizia amar até que não fosse mais um lar para ela. Mas Bianca tinha encontrado um agora e ele era genuinamente feliz por isso.

Se despedindo o síndico ainda tentou convencer o rapaz, entretanto, Nando estava decidido desde antes. Precisava de um lugar maior para os seus propósitos futuros.

— Eu quero ser pai Bianca. Não agora, provavelmente, mas um dia. E quero ter muitos filhos. Você como mãe de um bebê se pensa em aumentar a família já deve ter pensado sobre o aluguel de uma casa maior — Ele pontuou conforme a empresária sem dizer nada começou a acompanhá-lo até a saída do prédio.

— Eu e Rafaella já conversamos do assunto. Ela quer ter mais duas crianças e dois cachorros então é quase certo que teremos que nos mudar das laranjeiras em algum momento da nossa vida, só não agora. Eu sou feliz aqui como nunca fui, Nando — Esclareceu e não era para fazê-lo se sentir mal com a confissão. Era feliz porque era e falara porque toda vez que mencionava a palavra lembrava de sua mulher, sua princesa das flores.

— Eu sempre soube que seria. Não que isso justifique a forma que eu agi com você, mas talvez no fundo até eu soubesse que vocês tinham que estar juntas. A maneira como ela te protegia, como te olhava e te fazia rir... Sempre foi ela para você Bianca — E perceber aquilo foi o motivo de sua cólera. Saber que não era para Bianca o que ela desejava e entender que aquilo estava ao seu lado. Fez coisas ruins até o penúltimo dia em que pensou amar a morena, porque amor que possui não é amor. No único dia que foi bom a deixou ir. Sabia que acabar com o noivado destroçaria Bianca, mas seguiu em frente. Eram três anos em que tentava melhorar.

— Acho que realmente as duas últimas pessoas que souberam fomos nós duas, tanto que nosso romance é muito recente. Não temos um ano juntas — Ela pontuou mexendo no quadro de números para que descessem até o térreo.

— E como aconteceu o bebê? — Era uma curiosidade verdadeira vinda do homem. O conheceu por tempo demais antes de desconhecê-lo. Sabia quando mentia.

— Eu decidi ter a criança e ela nos uniu. Tudo entre nós passou pelo nosso filho. Se eu não tivesse decidido tê-lo e ter recebido o amor de Rafaella para ir em frente provavelmente não estaríamos juntas — Por cada vez que constatava isso, portanto, Bianca amava mais seu pequeno.