Capítulo 23 - Trevo

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Três partidas haviam se sucedido naquela fatídica noite de sábado. O frio que recobria a cidade não chegava ao quarto de hóspede da casa das duas mulheres, pois o ambiente estava envolto numa esfera que ultrapassava os simples limites de se localizar no mundo. Num lugar só delas, de uma imaginação sublime e uma fantasia banhada num suntuoso erotismo Rafaella e Bianca jogavam com a sorte e com o próprio desejo que a essa altura estava tão nu quanto quase se encontravam seus corpos. A maior tinha, como era de se esperar, a vestimenta intacta.

Bianca, no entanto, não contava com a mesma sorte. Sem suas pantufas e o vestido agora estava com os cabelos soltos e longos caindo por sobre os seios ensaiando o fim daquela próxima partida tendo em vista os inúmeros sorrisinhos que Rafaella estava deixando transparecer. A loira sequer se dava o trabalho de blefar.

— E nem adianta fazer biquinho. Vou ganhar de novo e de novo — A mineira informou com um tom um pouco alterado pela bebida. Tinha tomado mais de cinco taças e já se movia livremente ao som da música que começou a tocar duas partidas atrás.

— Você é insuportável, sabia? — A morena falou comprando uma carta e a preterindo em seguida por não ser do interesse de seu jogo.

— Mais do que eu sou gostosa? — Perguntou a loira batendo seus olhinhos verdes e a puxando para um beijo com um certo gosto de vinho no fundo. Bianca saboreou o pouco que podia da bebida sentindo a saudade de ficar exatamente como Rafa bater. Em outras condições já teria invocado sua Jeny interior e teria dobrado a loira em dois tempos.

— Não. Nenhum traço de sua personalidade por mais impressionantes que sejam superam o fato de que antes até de você abrir a boca qualquer um percebe a grande gostosa que você é — Bianca declarou concentrada no jogo. Buscando talvez naquela súbita compenetração alguma possibilidade de ser bem sucedida.

Pontos foram e vieram, curingões, ases, reis e números comuns. Compras e descartes, mas contrariando qualquer lógica presente naquele mundo só delas Bianca levou a melhor e atingir os quatro mil necessários para exigir de Rafaella que tirasse sua calcinha.

— Nada disso. Aqui na minha frente. Eu mereço a graça visual de ter essa imagem para mim — A empresária insistiu obrigando a perdedora a se colocar a sua frente antes de envolver seus dedos pelo elástico e baixar a calcinha diante dos seus olhos. Na metade do caminho a morena até a ajudou com o tecido que foi capturado por suas mãos.

Com a peça de algodão envolvida no anelar a menor encarou a intimidade bem depilada por alguns segundos que foram permitidos por Rafaella até mesmo se aproximou da sua língua, concedendo-a uma pequena parcela do prêmio por alguns segundos preciosos.

— Aproveita que é o máximo que você terá por um longo tempo — A loira declarou ainda cheia de si apesar dos fracassos, permitindo a Bianca que experimentasse toda extensão do único triunfo que teria. Naquele momento não havia o doce carinho dedicado no dia a dia a sua polegarzinha. Haviam duas mulheres com sede de ganhar.

Bianca passou a língua demoradamente pela boceta da loira, provocando com a ponta das dobras até a entrada molhada e pronta para receber seus três dedos que se encontravam quase implorando para serem apertados por aquele lugar quente que Rafa oferecia sem restrições. Sendo mais ousada a morena envolveu o clítoris da sua mulher de forma sensual e iniciou uma sucção que foi interrompida com um gemido saído de Rafa e um puxão nos cabelos da sua nuca afastando-a.

— Seu tempo acabou — Ouviu e suspirou frustrada somente acalmando, ou ficando mais louca, quando foi levantada pelos mesmos cabelos para receber um beijo molhado com o gosto de Rafaella como elemento de acréscimo.

— Quando eu ganhar eu vou acabar com você — A menor avisou respirando com dificuldade depois que o contato se encerrou ainda com as mãos na cintura fina.

— Guarde suas energias para gemer para a mulher que com toda certeza te superará — A mineira mandou e se beijaram outra vez até que finalmente não soubessem a boca em que predominava o gosto de Rafaella.

Rafa só voltou para sua cadeira depois de levar alguns tapas que foram abafados pela música que contornava a tensão quase sólida que encobria o quarto.

— Se eu vencer acabou — Bianca pontuou sentindo o sabor da sua foda favorita entre os lábios junto a vitória. Havia coisa melhor para sentir do que aquilo?

— Você não vai. Vamos para o tudo ou nada Andrade — E como se sua boca fosse de um profeta a missionária acertou na sua prospecção sem nenhum equívoco. Fez quatro mil pontos antes até que Bia pudesse se acostumar com a delícia de ser campeã. Fez como uma artilheira fazia, quebrou a defesa, driblou o goleiro e até olhou para o outro lado antes de acertar um chute certeiro no centro da trave.

— Aqui — Ordenou Rafa e com um dedo aproximou a carioca de si. Frente a frente fez mistério sobre qual peça escolheria. Divagando com seus dedos do meio das pernas até a frente da calcinha sentiu em seu tato a lubrificação evidente — Como você está molhada, Polegarzinha — Salientou a apresentadora descendo e subindo a ponta do dedo pelo tecido fino e a masturbando lentamente por cima dele. 

— Calcinha ou sutiã. Sem rodeios — Demandou Bianca a desafiando com um olhar e a mais velha não argumentou contra. Subindo seus dedos até as costas de Bianca decidiu pela vestimenta que escondia os seios avantajados pela gestação. A missionária pecava todos os dias admirando como estavam cada vez mais apetitosos.

— Só voltarei a tocar sua boceta quando for para te foder de verdade. Não vou deixar uma mulher grávida com vontade outra vez — E sem citar quando foi a primeira Rafaella retirou o sutiã pelos braços da menor encarando o busto. Empurrando Bianca na direção da mesa e quase derrubando o abajur atacou os mamilos rígidos sob a luz bordô. Abriu os lábios e num único golpe os sugou e soltou nos lábios, capturando de volta antes que pudesse sentir sua falta. Com a outra mão apertou o outro no último limite que separava o prazer da dor. Bianca apenas se apoiou com a mão sobre a mesa, segurando a toalha com força toda vez que Rafa a chupava sem qualquer dó.

— Já deu seu momento — A morena avisou quando soube que só um segundo a mais abriria as pernas e deixaria Rafaella fazer o que quisesse dela. Seria mais difícil que isso. Quando se separou da mineira a encontrou com os lábios entreabertos e um olhar de puro desejo. A mineira não tinha se proposto a provar semelhante coisa, mas um objetivo havia sido alcançado com toda aquela noite. Na intenção de fazer com que Bianca se sentisse uma mulher linda e gostosa Rafaella tinha a feito comprar um lindo vestido e a levado ao máximo da paixão sem sequer saírem de casa.

Ter alguém tão solicito em descobrir maneiras de sempre fazê-la sentir bem era para Bianca o máximo símbolo de uma boa sorte. Se para os irlandeses o trevo carregava essa simbologia para a carioca essa raridade em pessoa era aquela mulher com apenas um sutiã branco de renda virando mais outra garrafa de vinho antes de bater a taça vazia no tampo de madeira.

— Última partida? — Rafaella propôs reembaralhando as cartas novamente à espera do que a sorte tinha para contar-lhes sobre o querer.

— Última partida — Bianca concordou recebendo suas treze últimas cartas. Sorriu quando percebeu um pequeno lampejo de sorte com os bons números em suas mãos.

— Quem perder será submissa aos desejos da outra — Rafaella repassou as regras iniciais deixando Bianca nervosa quando o fez e em seguida mordeu seu lábio inferior sentindo que venceria.

— E quem ganhar terá o direito de fazer o que quiser — A morena acrescentou tomando um pouco mais do seu suco de laranja bem vitaminado. Cuidada até quando estava prestes a ser bem fodida. Rafaella realmente era sorte.

— Um brinde a sua derrota — A loira falou maravilhada com as cartas que deu a si mesma.

— A sua, na verdade...

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