Capítulo 09 - Mágnolias para Cris

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Existem mil razões para o amor ser considerado o sentimento mais forte entre todos os outros. Pelo amor dois apaixonados abdicam de outras bocas em função de uma única, pelo amor um animal espera paciente por um dono que já se foi, pelo amor alguém doaria todo seu dinheiro a quem nada tem, pelo amor uma mãe ama incondicionalmente um alguém que sequer teve nos braços.

Acariciando sua barriga na volta para casa Bianca Andrade sentia aquele amor de mãe. Não sabia qual era o cheiro de seu filho, seu rostinho ou o som de sua risada, mas sentia por ele uma ternura que não tinha fim. Se seus olhos pudessem alcançar o fim do planeta terra achava que ainda não seria o suficiente para mensurar. E se considerasse o céu, o espaço e as galáxias ainda tampouco. Cris era o homem da sua vida e não restava dúvidas disso.

O impacto era mais forte naquele momento. Se com ouvir os batimentos já estava sentindo os primeiros sinais da maternidade agora que poderia nominar seu bebê tinha encontrado em seu peito cada espaço já preenchido pela nova vida. É certo que o pequeno crescia em seu útero, mas o coração também já era seu lugar.

— Ele é realmente abençoado. Uma sementinha de paz — Rafaella falou segurando na mão de Bianca antes de passar a marcha no meio do trânsito. Quando o contato cessou a carioca se recostou no ombro.

— É tudo na minha vida — Bia declarou sem exageros ou qualquer mentira. O menino era seu anjo da guarda na terra. Era alguém que protegeria e por quem seria protegida.

Quando o caminho até o apartamento se fundou e atingiram o território do estacionamento Rafaella retornou a sua atenção ao celular. Ela já havia feito isso pouco antes da consulta, quando o carro parou no trânsito e agora não parecia muito interessada em reparar no mundo a sua volta.

— Assunto bom, hein? — A menor falou puxando conversa. Metade de seu corpo era curiosidade e a outra só saberia definir depois que Rafaella dissesse o que tanto via naquele celular.

— Sim — A maior disse monossilábica com um sorrisinho para tela. Naquele dia Rafa estava especialmente arrumada. Cabelos loiros presos num rabo de cavalo, óculos escuros e uma camisa branca de botões. Básica, mas linda.

— É mulher? — A empresária insistiu após Rafa não dar indício de complemento em sua resposta. E se fosse? O que Bianca tinha com isso? A resposta era nada, mas isso não a impediu  de prender a respiração até que a resposta viesse.

— E um homem — A mineira esclareceu sem tirar os olhos do celular. Não parava de sorrir e seus olhos verdes brilhavam como luzes de natal. Bianca engoliu em seco depois de tomar uma lufada de ar.

— Desde quando você se envolve com casal, Rafaella? — A grávida quis saber. Do dia que conheceu a mulher até aquela data ela nunca havia se envolvido com mais de uma pessoa por turno. As vezes era homem, outras era mulher, em nenhuma delas durava mais que dois meses, no entanto, era certo. Correto como Rafa Kalimann era.

— Você se surpreenderia do quão divertido está sendo — A loira falou deixando no ar propositalmente o mistério. Sabia que Bianca começava a morrer pela fofoca, só não desconfiava que outro sentimento também disputava espaço dentro da mulher.

— Suponho — A morena continuou o diálogo. Estava plenamente ciente das delícias de fazer a três. Ela mesma, há umas farofas não muito distantes, havia desfrutado dessa liberdade. Gostaria do mesmo para Rafaella. Ou melhor... — Eu os conheço? — Se adiantou em perguntar.

— Bastante bem até — Rafaella cutucou contendo a risada olhando para Bianca de soslaio. Em seguida retornou seus olhos a tela aberta num chat com Gizelly e Marcela.

— E são bonitos? — Indagou a menor.

Mas por qual razão? Porque interessava se eram altos, esbeltos, baixos ou gordinhos? Qual diferença fazia?

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