— Três facadas. Duas no abdômen e uma nas costas. Acreditamos que a última facada tenha sido quando a vítima já estava morta, talvez um ato de vingança pessoal — explica a legista, enquanto encaro o corpo sendo levado em um saco preto, em cima de uma maca de metal. As luzes dos carros de polícia ressecam meus olhos cansados e solto um longo suspiro, passando a mão pelo cabelo.
— Algum indício do caminho que o assassino fez? — pergunta Golden, ao meu lado, com as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo e os olhos grudados na boate de letreiro verde.
— Nenhum, senhor — respondo, desgostoso. — Chequei o perímetro assim que cheguei.
— Ele foi para a cafeteria Central Espacial, no final do bloco — escuto a voz de Denvers e viro na direção dele, vendo o estagiário com dois copos de café nas mãos, vindo da direção da única cafeteria aberta às quatro da manhã. — Ela funciona 24 horas, então estava aberta quando aconteceu o crime. O vendedor me deixou ver as câmeras, desde que eu consumisse de seu estabelecimento — ele ergue os copos. — Um homem adulto, provavelmente com 1,80 de altura, cabelo ruivo e barba loira. Tatuagens de gangue no pescoço e rosto.
— Qual gangue? — pergunta Golden, parecendo tão impressionado quanto eu.
— Na imagem é difícil dizer quais são as tatuagens, mas como é no rosto e no pescoço e considerando a rota de fuga, eu diria que é os Xmudo. Tinha um ponto deles na rua de trás, não? Ele pode ter sido desfeito, mas com certeza tem alguma passagem secreta que só eles conhecem!
— Sim, é uma hipótese... — murmuro.
— Hipótese?! Essa é a solução — Golden grita ordens para os policiais patrulharem a área. — Bom trabalho, filho — ele aperta o ombo de Denvers, cujo rosto se ilumina, e pega o café da mão dele. — Vocês dois, me ajudem a organizar as pessoas que estavam dentro da balada. Vamos levar todos para a delegacia.
— Todos?! — exclama Denvers, olhando a fila crescente que saía da boate aos poucos.
— Todos — Golden repete, e Denvers olha para o café na mão, consternado, antes de me oferecer. Nego e coço a barba por fazer, suspirando. Será uma longa noite.
— Se quiser eu posso ajudar — oferece Maya, a legista, que estava observando tudo em silêncio. Ela enfia as mãos nos bolsos do jaleco, dando de ombros. — Nada melhor do que uma pessoa que abre cadáveres para fazer as pessoas falarem.
— Sabe, ela tem razão — comenta Sarah, encolhendo os ombros e estremecendo. Maya sorri, fazendo seu batom preto contrastar com seus dentes amarelados de café.
— Você parece precisar de um descanso — diz, passando as mãos em meus ombros, piscando os olhos cobertos por lentes violetas para mim. O direito parece irritado, mas ela não parece se incomodar. — Podíamos folgar um dia juntos e fazermos algo bem divertido — ela abraça meu pescoço. — E relaxante.
— Ei, aquela não é a Munc? — pergunta Sarah, e eu agradeço ele mentalmente, me afastando de Maya e olhando na direção que ele aponta.
Daemi está entre dois policiais, sendo arrastada por eles enquanto um homem de terno caro a segue, tentando falar com os guardas. Ela está vestida como se estivesse na festa, e seu vestido curto revela um pouco demais, me fazendo corar. Me aproximo ao ver que a situação está piorando conforme ela se debate mais e os policiais parecem a machucar.
— Ela vem comigo — digo quando me aproximo, e os dois encaram o distintivo em meu peito, enquanto eu analiso a farda deles. Guardas municipais. Típico. Eles a soltam e Daemi corre na minha direção, virando para encarar os dois.
— VIu? Era disso que eu estava falando seus cabeça de cocô mole, cornos mal amados, filhos da...
— Tá bom, já chega — cubro a boca dela, a puxando para longe dos dois, que a encaram com raiva. — Você vai acabar presa por desacato à autoridade.
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Almas Escuras {Loki}
FanfictionDaemi Munc é uma ladra compulsória que tem um trato com a polícia. Ela delata criminosos e eles livram ela dos pequenos roubos que comete. Sua vida de crime começa a perder a graça, até que Dae tem um sonho. No sonho, ela caminha pelo salão de Odin...