Fico no canto do local, observando o que deviam ser elfas girando em postes, com quase nada de roupas no corpo. Não que precisassem ficar peladas para chamarem atenção. São as criaturas mais bonitas que eu já vi na vida, não que eu tenha visto muitas criaturas na vida. Suspiro e volto a encarar meu alvo, pensativa.
De acordo com minha fonte de pesquisas ancestrais, o sr. Google, a única forma de obrigar o deus da trapaça a colaborar comigo sem antes me matar, é roubando ele sem que perceba. Isso cria uma espécie de corrente que atrela ele a mim como meu prisioneiro ou escravo. E para uma batedora de carteiras profissional como eu, isso é fácil. Mas me sinto nervosa em roubar, literalmente, o deus dos enganadores. Digamos que é um nível completamente diferente do que estou acostumada.
Analiso Loki em busca do que roubar. Ele não usa acessórios visíveis, apenas o terno caro e sapatos lustrosos, tudo bem alinhado e rico. Suspiro e pego um copo de cima do balcão, o levando aos lábios. Mas paro antes ao lembrar que estou em uma festa com seres mitológicos. Vai que eles bebem leite da teta de duende ou algo do tipo. Deixo o copo de lado e inspiro profundamente. Estou adiando demais o inevitável. Essa é a minha chance.
Não vou perder meu tempo dançando para chamar sua atenção. Preciso de uma solução mais rápida. Me aproximo de Loki já com o texto em mente. Ele é homem, e um deus, então a melhor forma de o distrair é me humilhando. E eu só ótima nisso. Ele já me encarava desde que comecei a andar em sua direção. Seus olhos verdes escurecem e ele levanta do sofá onde está sentado.
— O que você faz aqui? — sua voz é séria e grossa, mas suave como veludo. Mesmo se não soubesse quem ele é, sua língua de prata já teria denunciado. Essa é a lábia de um mentiroso. Arregalo os olhos, levemente surpresa pela pergunta.
— E-eu queria vê-lo, senhor — pisco várias vezes e coloco o cabelo atrás da orelha, juntando as mãos sobre meu peito. — Sempre fantasiei sobre esse dia, eu estou honrada...
— Humanos não deviam saber sobre essa localização. Onde está a segurança? — ele começa a andar, mas seguro seu pulso, sentindo a adrenalina do medo invadir meus sentidos.
— Não! Por favor! Fiz de tudo para estarmos juntos — exclamo, o puxando para perto de mim.
Seu cheiro me deixa desnorteada por meio segundo, mas seguro sua nuca e colo seus lábios nos meus. Com a mão ainda em seu pulso, encontro sob o tecido da manga uma pulseira. Mas antes que pudesse desvendar o fecho, ele me afasta, e eu percebo minha respiração descompassada. Seu olhar é sério sobre mim, mas não vejo mais a irritação. Faço bico e começo a me aproximar novamente, mas ele segura meus ombros.
— Saia agora daqui — sua voz é fria como gelo e eu me arrepio. Estendo a mão na direção de seu rosto, mas ele agarra meu braço e me vira de costas, prendendo meu pulso dolorosamente. Sinto seu peitoral nas minhas costas e seus lábios em meu ouvido. — Eu disse, sai.
— Ma-mas senhor... — ele começa a me empurrar na direção da saída e eu aproveito para me debater bastante, sentindo o braço segurado doer, mas o livre desliza para debaixo de sua manga.
Uso o movimento mais destemido que uma mulher pode usar e empino meu traseiro contra seu pinto, o fazendo recuar. Nesse meio tempo, puxo a pulseira aberta e a escondo na palma da mão. Mas meu movimento ousado parece irritar o cabeça quente atrás de mim, e quando vejo, ele me prende contra a parede, de frente para ele. Seus braços estão de cada lado da minha cabeça e a irritação voltou para seus olhos verdes, tirando um pouco do meu ar.
— O que você realmente quer aqui? — seu tom baixo causa uma nova onda de arrepios, mas eu aperto as unhas nas palmas, não deixando ser levada. Coloco as mãos agora livres atrás das costas e sorrio.
— Queria conhecer você, senhor Loki — respondo, encarando seus lábios e então seus olhos. — Sabe, temos muito em comum.
— Ah, temos? — ele debocha, com um sorriso maldoso e uma risada mais maldosa ainda. Afirmo e tombo a cabeça levemente.
— Roubar, para mim, é tão natural quanto respirar... — ergo a pulseira na altura de seus olhos e a balanço na sua cara. — E enganar também. Mas enganar o deus das enganações... Esse foi meu ápice — espelho seu sorriso, e vejo o choque percorrer sua expressão. Seus olhos vão da pulseira para meu rosto.
— Como...?
— Você sabe muito bem como — pisco meus olhos inocentemente. — Pensou com a cabeça errada.
Isso parece o tirar realmente do sério, e Loki agarra meu pulso, o apertando com força até eu soltar sua pulseira. A raiva substituindo a surpresa.
— Você vai se arrepender...
Loki ameaça, e eu apenas seguro minha expressão de dor, agarrando sua mão livre com a minha e a enrolando em meu pescoço. A cara do deus é impagável, e eu reviro os olhos soltando um gemido.
— Sim, ah senhor Loki... — ele se afasta bruscamente, vermelho e incrédulo. Dou uma gargalhada e remexo o pulso suavemente, tentando disfarçar a dor. Balanço a cabeça e pego a pulseira do chão. — Se já acabou seu ataque de pelanca, temos que conversar. Eu preciso que roube uma coisa para mim...
— E o que te faz pensar que eu, Loki, segundo do meu nome, filho de Odin, deus das trapaças e... — da mesma forma que ele me interrompe, eu corto seu discurso, o prensando contra a parede, com nossos peitorais colados um no outro. Sinto a respiração fria e descompassada dele em meu ombro, enquanto deslizo meus lábios para sua orelha.
— Eu quero a lança de Odin...
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Almas Escuras {Loki}
Fiksi PenggemarDaemi Munc é uma ladra compulsória que tem um trato com a polícia. Ela delata criminosos e eles livram ela dos pequenos roubos que comete. Sua vida de crime começa a perder a graça, até que Dae tem um sonho. No sonho, ela caminha pelo salão de Odin...