Conversa

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Brunna POV

Ludmilla me olhava e parecia escolher melhor as palavras. Apoiei minha mão em meu rosto e continuei esperando para que ela falasse.

– Por que eu não posso lhe mostrar? – Sorriu e eu reprimi um suspiro.

– Agora? – Sorri de volta e Ludmilla apenas chamou o garçom entregando à ele o seu cartão, quando eu iria falar algo ela apenas negou.

– Eu que convidei e quero pagar Srta. Gonçalves – Suspirei contrariada e assenti.

Saímos dali ainda em silêncio, como eu não teria aula pela tarde, apenas deixei que Ludmilla me deixasse na casa de Ohana. Assim que ela parou na frente do luxuoso edifício me olhou confusa.

– O apartamento é da minha amiga, estou passando alguns dias aqui enquanto meus pais estão fora – Sorri sem graça e ela apenas inclinou o rosto para mais perto do meu.

– Tudo bem, Brunna. – Sussurrou e eu continuei imóvel. – Podemos conversar mais tarde?

– C-Claro...

Ludmilla entregou o seu celular já desbloqueado e eu franzi o cenho.

– Coloque o seu número, já que nos conhecemos não é mais preciso ficarmos naquele aplicativo – Finalmente! Digitei o meu número e entreguei o aparelho.

– Você escolhe o nome que quer colocar no meu contato – Pisquei para ela sorrindo e tirei o cinto de segurança do meu corpo e abri a porta do seu carro. – Até mais tarde, Ludmilla.

Acenei antes de fechar a porta e entrar no edifício. O carro ainda ficou parado alguns segundos mas quando apertei o botão do elevador apenas escutei o barulho do veículo sendo ligado e acelerado.

Passei a cópia da chave que tinha do apartamento no local indicado do elevador e ele logo subiu indo ao andar. Continuei em silêncio absorvendo tudo o que havia acontecido hoje na minha vida.

Como ela iria me conquistar sem saber muito sobre mim?

Isso não saía da minha cabeça, eu não conseguia entender como Ludmilla faria isso se ainda estamos nos conhecendo.

Ainda não confio plenamente nela e acredito que ela também não confia tanto em mim. Mas confesso que não seria tão mal ser aquilo com ela. Ludmilla me parece ser uma mulher confiável e que não ultrapassaria os limites de alguém, mesmo sabendo do poder que tinha.

Mas isso não me fez ainda ter total confiança naquela mulher.

Abri a porta do apartamento e quase fui ao chão sendo recebida por uma Ohana completamente eufórica, seu sorriso estava largo e ela parecia ansiosa.

– Diga-me antes de tudo! Ela te beijou? – Franzi o cenho e neguei revirando os olhos. – Que porra, Brunna!

– Você queria o quê, Ohana? Que eu me jogasse nos braços dela na primeira oportunidade? – Assentiu séria. – Desculpe-me mas não sou você e além do mais, ela me testou e disse que iria me conquistar.

– COMO ASSIM?! – Arregalou os olhos e me puxou para o sofá, ri com isso e deixei ser levada por ela.

– Ela disse que me mostraria esse mundo mas queria em troca a minha virgindade – Me olhou chocada e eu ri. – Eu neguei, óbvio. Mas ela disse que era um teste, pois não iria querer dessa forma.

– Então ela não omitiu que te quer... – Neguei.

– Não omitiu, deixou bem claro que se interessa em mim. Mas iria fazer de forma correta, me conquistando – Ela assentiu ainda chocada.

– E você?

– O que tem eu?

– Você a quer também dessa forma? Quer que ela te conquiste? – Me encarou e eu suspirei.

Eu não sabia o que queria com Ludmilla, ela era divertida e sabia como deixar o clima leve mesmo percebendo o nervosismo. Tinha seus momentos sérios e a firmeza que passava em suas palavras pareciam algo a se confiar, mas eu estava confusa e hesitante.

Confusa porque eu não sabia explicar essa vontade súbita de ficar ao lado dela e nem da vontade de ser sua Sugar baby. Hesitante porque minha última e única experiência com relacionamento tinha sido um desastre.

Enquanto eu estava focada em minha vida acadêmica, Pedro queria atenção exclusiva. Eu não podia dar isso, tinha meu futuro planejado e a única forma de conseguir tirar meus pais daquele bairro péssimo era estudando muito e batalhando para conseguir ser a melhor no que eu fazia.

Ele se cansou ao ponto de querer decidir as coisas sem o meu consentimento, nas poucas vezes que nos víamos, Pedro sempre tentava ir adiante e eu nunca deixava, não me sentia pronta e ele ficava furioso.

Decidi terminar com ele por essa sua atitude, Pedro não ficou chateado, mas achou que me humilhar seria a forma mais sensata para ele continuar à minha frente.

Azar o dele.

Não fiquei magoada ou chorei com as suas palavras, apenas respirei aliviada e voltei a focar nos meus estudos ainda mais. Ohana tentou diversas vezes me levar para sair, mas eu sempre implorava para minha mãe dizer que eu não podia.

Até minha melhor amiga descobrir o que eu fazia para não sair com ela.

Mas agora com Ludmilla na minha vida, eu não sabia o que fazer, ela é uma mulher linda e sexy até mesmo quando não se esforça, mas sinto medo em estragar tudo e acabar afastando a provável pessoa que entenderá minhas vontades e ideias.

– Eu não sei, Hana. Para ser sincera, eu não havia parado para pensar nisso até você questionar sobre... – Suspirei e ela assentiu. – Ludmilla é incrível e eu me sinto bem ao seu lado, ela faz o possível para manter o clima agradável e não força nada. Mas eu fico receosa, há uma parte dentro de mim que me impede de confiar nela e gostar dela.

– Eu imagino, acredite, fiquei dessa mesma forma com a Anitta, mas Bru... Apenas a deixe te conquistar, você pode já estar gostando dela, mas pode ser que perceba quando ela mostrar esse lado que disse. – Segurou em minhas mãos e sorriu. – Só, independente de tudo, seja sincera com ela. Diga o que gosta e o que não gosta, mesmo achando que vai deixá-la desconfortável, mas se está deixando Ludmilla se aproximar de você e está percebendo que ela está sendo sincera contigo, é melhor iniciar logo dessa maneira.

– Mas sinto vergonha...

– Todo mundo sente, Bru. Eu senti quando conheci Anitta pessoalmente, mas sempre quis ser sincera e ela sempre foi comigo. Esse é o segredo para ter uma boa relação, mesmo que não seja duradoura – Beijou a minha testa e se levantou.

– Você acha que devo deixá-la me conquistar? – Deu de ombros mas logo sorriu.

– Se achar que deve fazer, será o certo. Se não, também será o certo. O importante é que você decida o que será bom. – Sorri assentindo. – Continuarei aqui ao seu lado, te apoiando em todas as suas decisões.

– Obrigada, Hana. Eu te amo!

Ela beijou a minha testa novamente e se afastou.

– Eu também te amo, futura sugar baby.

Estava demorando.

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