Cara a Cara

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Segunda-feira.

Mais conhecida como o dia da minha morte, queria ter ficado muito doente para poder não ir para a faculdade hoje.

Mas como conheço Ohana, minha melhor amiga me levaria até nas costas para que eu não perdesse a palestra tão importante para os alunos de Direito.

Aquela vagabunda sabe irritar quando quer.

– Brunna Gonçalves, você vai entrar nesse auditório nem que seja carregada – Ohana disse séria enquanto tentava me empurrar pelo corredor.

– Ana, vamos conversar! Que tal sermos um pouco rebeldes e faltar essa palestra? O que me diz? – Virei para minha amiga sorrindo e ela continuava séria. – Ah, qual é, Ohana? Eu estou super nervosa em ver a mulher que conversei naquele aplicativo, me dá um desconto!

– Ficaremos nos assentos mais afastados do auditório, assim ela não poderá nos ver e acredito que nem vai te reconhecer – Disse sorrindo e eu apenas ri irônica.

– Ah claro, você está certíssima!

"Você é muito linda e bastante inteligente, impossível não se interessar por você."

– Então vamos, se não o professor Charles vai acabar indo atrás de nós duas – Suspirei assentindo e deixando-a me levar até o auditório.

Quando entramos no local foi impossível não arregalar os olhos para a quantidade de alunos que estavam ali. Claro, não estava lotado, mas eu nunca imaginei ter tantas pessoas matriculadas no curso de Direito.

Foi fácil Ohana encontrar um lugar para nós duas, ficamos onde tinha mais gente e que seria impossível para ninguém nos notar.

Por termos aula durante a tarde e elas não serem tão importantes assim, viemos com calça jeans e uma regata simples. Eu vesti o meu moletom, pois sabia que iria fazer frio e tinha planejado dormir um pouco mais ali.

Agradeci por ele ter capuz.

O coordenador do curso apareceu no palco e começou a dar as boas-vindas à nós e aos palestrantes. Conforme ele foi dizendo os nomes, eles apareciam.

Ludmilla apareceu, usava uma roupa social e seu semblante sério e profissional me deixou um pouco desconfortável. Ela é bem intimidadora.

Me encolhi no assento e deitei minha cabeça no ombro da minha melhor amiga e ela passou o braço pelos meus.

Fechei os olhos e me permitir dormir.

(...)

– Bru? Brunna? – Escutei alguém me chamar e cutucar a minha bochecha.

– Hum?

– Acorde, os alunos irão ser chamados para ir até os seus monitores – Arregalei os olhos e puxei o meu capuz para me ajeitar.

Olhei em direção ao palco e Ludmilla notou minha presença, ou já havia notado, pois me olhava e quando percebeu o meu olhar sorriu de lado e eu apenas desviei e voltei a abraçar minha amiga que apenas riu.

– Agora entendi porquê as suas notas são tão altas – Escutei Ohana rir e bufei.

– Eu estou torcendo tanto para que alguém tenha a nota mais alta que eu – Falei baixo e ela riu. – Ela falou?

– Extremamente bem, alguns alunos até suspiravam quando ela dizia algo e ria. – Arregalei os olhos. – É, você perdeu ela rindo, Michelle.

– Que merda.

– Mas não se preocupe, você terá dois meses para recompensar as duas horas que dormiu aqui – Suspirei e mostrei o dedo do meio para ela.

Então vamos aos três sortudos que irão ter ajuda dos melhores advogados – O nosso coordenador disse e eu apenas suspirei.

Todos pareciam animados com essa notícia, eu apenas estava torcendo para não ser chamada, pois eu sabia que ela iria conversar comigo de alguma forma.

Conforme vocês serão chamados terão que subir até aqui e ficar ao lado do seu "monitor", tudo bem? – Um coro de 'sim' foi dito e observei Ludmilla sorrir novamente.

Eu queria poder olhá-la sorrindo mais.

No penúltimo período nós temos uma aluna com as notas mais altas da UFRJ, não só do curso de Direito mas como de todos os cursos. Seu rendimento desde o começo do curso foi de 95%, nos últimos períodos conseguiu chegar e manter os 100%. E visando a sua popularidade e grande influência, Srta. Oliveira, decidimos por unanimidade que a aluna Brunna Gonçalves seja a pessoa quem você irá aconselhar  – Minha ficha apareceu com as minhas notas, fechei os olhos e escutei minha melhor amiga se levantar e comemorar. Notei algumas pessoas me olhando torto, mas eu estava nervosa em subir e ficar ao lado daquela mulher.

– Faz um favor pra mim, Bru? – Ohana perguntou e eu a olhei enquanto me levantava e escutava algumas palmas. – Aperta naquela bunda maravilhosa? – Revirei os olhos.

– Sobe lá e aperta você, idiota – Disse saindo dali e indo em direção ao palco, subi os poucos degraus que haviam ali e o Dr. Valdez me ajudou a subir.

Não era preciso, mas eu estava muito nervosa.

Ele me levou até a Ludmilla e eu respirei fundo enquanto sorria - fazia uma careta - para ela. A mesma sorriu largo e eu fiquei surpresa com isso, ela veio até a mim e me abraçou delicadamente. Retribui ao abraço e me arrepiei quando senti o seu hálito quente em meu ouvido.

– Que coincidência, baby – Falou e eu me senti, novamente, nervosa. – Eu disse que você era alguém fácil de ser notada e que quando eu te visse, iria superar as minhas expectativas – Se afastou sorrindo ainda para mim.

Não era um sorriso que me fazia ficar desconfiada e nem desconfortável, é apenas um sorriso normal, lindo e inesquecível.

– E superei? – Foi a única coisa que eu consegui formular depois de receber a notícia.

– Você não tem ideia. – Sorriu dessa vez mais largo e eu sorri envergonhada, virei-me para o público e Ohana comemorava em seu assento e fazia sinais estranhos.

Eu estava quase a agradecendo pela a aposta.

(...)

– Então, depois que eu mandei a foto, a senhorita achou melhor me ignorar o domingo inteiro? – Ela perguntou brincalhona e eu sorri ainda nervosa para ela.

– Eu me lembrei dessa palestra e que tinha a foto de vocês – Falei tentando parecer mais confortável com a sua presença. – Então quando me lembrei, acabei ficando nervosa com isso.

– E achou que podia se esconder e fingir que estava dormindo?

– Tecnicamente, eu não fingi. Estava com muito sono porque minha amiga me acordou muito cedo para sermos as primeiras a chegarmos aqui. O que não tinha necessidade... – Ludmilla tinha toda a sua atenção voltada para as minhas atitudes, gestos e falas. Parecia que eu era a pessoa mais importante dentro daquela sala. – Acabei dormindo mesmo e minha amiga me acordou somente no momento que fui chamada para ser a sua...

– Sugar Baby? – Riu e continuou me encarando intensamente.

Depois que a palestra acabou, os alunos "sortudos" juntos com os seus monitores teriam um tempo para se conhecerem e definirem o que iriam fazer durante dois meses.

Eu e Ludmilla estávamos em uma sala bem ampla e iluminada, parecia uma mini-biblioteca. Ela decidiu continuar sendo bem direta desde o momento em que começamos a conversar.

– Eu não conheço muito... ér... Sobre esse mundo – Disse desviando o olhar.

– Você estava sendo sincera comigo quando disse sobre a sua virgindade? – Perguntou e eu voltei a encará-la.

– Não mentiria sobre uma coisa minha, ainda mais, não teria como provar algo se eu nunca fiz – Falei e ela sorriu.

– Então eu irei te mostrar um pouco desse mundo e se gostar será minha Sugar Baby, certo? – Tocou em minha mão e eu olhei o nosso contato.

– O que pedirá em troca? Eu sei que há algo de teor sexual nesse mundo. – Perguntei e sua expressão ficou um pouco séria.

– Sua virgindade...

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