Foto e Nervosismo

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Conversar com Ludmilla era bom, ela era bastante engraçada e direta ao mesmo tempo. Tanto que eu não conseguia reagir ao elogio de modo mais adequado.

Por ser sábado, nós estávamos podendo conversar melhor, mesmo eu achando aquilo tudo estranho.

Eu tinha o direito de desconfiar desse aplicativo e ainda mais dessa mulher.

E mesmo ela parecendo ser uma pessoa legal e responsável, eu não conseguia conversar com ela com uma certa facilidade. Eu sempre escolhia melhor as palavras e no que iria dizer, além de ler e reler o que escrevi apenas para não cometer o mesmo erro de ontem à noite.

– É sério, Brunna, se você não se soltar um pouco nas conversas o assunto vai começar a ficar chato e ela vai procurar outra. – Ohana disse enquanto comia alguma coisa.

– Se for, ótimo pra ela. Estou fazendo isso justamente pra ela se enjoar e parar de conversar comigo. – Sorri cínica para a minha amiga que revirou os olhos.

– Queria te perguntar mais uma coisa, posso? – Eu ri assentindo.

– Já acabou o acordo?

– Não.

– E o prazo da aposta?

– Também não, por que?

– Então trate de conversar com ela direito, Brunna Gonçalves. – Revirei os olhos.

– Eu não posso mais fazer nada...

– Pensasse antes de aceitar a aposta e ter aumentado o prazo, eu não tenho culpa de nada. – Bufei e voltei a conversar com Ludmilla.

Deixei-me soltar mais durante a conversa, claro, sem dizer algo tão comprometedor da minha vida. Ela me dizia algumas coisas, mas parecia mais cuidadosa com o que falava.

Eu não era a única desconfiada...

Nossa conversa se remetia apenas coisas do cotidiano e algumas histórias sobre a nossa família, mas nunca sobre onde morávamos ou em que parte do Campus eu estudava.

– Hana? – Ela me olhou e eu sorri. – Se ela perguntar novamente o motivo de eu estar no aplicativo, posso dizer da aposta? – Ela arqueou as sobrancelhas e sorriu.

– Se quiser morrer virgem, pode sim – Suspirei e abracei ela fazendo bico. – Nem vai funcionar, Bru. Já saímos do ensino médio em que eu adorava o seu bico.

– Agora me odeia. Nossa, Hana, estou triste com você – Ela riu e negou.

– É que você está um pouco velha para isso, não é Brunna? – Arregalei os olhos e voltei a conversar com Ludmilla.

– Vai se foder, Ohana – Falei e escutei apenas a sua risada.

L.O_M: Você não perguntou mais sobre a minha foto...

Você: Eu não vou te pressionar nisso, não ainda.

L.O_M: Terei que sair, baby. Até amanhã.

L.O_M: *Foto da Mídia*

Puta merda!

Como ela é linda! Céus, eu não paro de olhar a foto.

– O que aconteceu, Brunna? Parece que viu algo chocante. – Ohana disse e eu a encarei.

– Ludmilla... Ela me mandou uma foto... – Ela arregalou os olhos e ficou do meu lado. Mostrei-a a foto.

– PUTA MERDA, BRUNNA! É A LUDMILLA OLIVEIRA! – Ela gritou chocada e eu a olhei confusa.

– Ah, agora sei o seu sobrenome – Ri e minha amiga me olhou chocada. – O que foi, Ohana?

– Você é a porra de uma sortuda mesmo quando não dá a mínima – Franzi o cenho e ela revirou os olhos desbloqueando o seu celular.

Continuei observando cada movimento seu, até que ela dá um gritinho agudo e eu fecho os olhos com o som.

– Achei! – Então ela me mostrou o seu celular e eu deixei o meu no sofá.

"Ludmilla Oliveira da Silva, 30, dona da Oliveira Advocacy. O escritório de advocacia mais requisitado e bem sucedido por toda América do Sul, Latina e Europa.

A dona, ganhou cerca de três prêmios como melhor advogada. Nunca perdeu um caso e sua reputação se mantém intacta desde quando ocupou o cargo de presidência, herdado do pai que morreu precocemente, com apenas 24 anos.

Nesses seis anos de carreira, Ludmilla Oliveira se tornou uma das advogadas mais importantes e famosas do mundo. Por mérito próprio e bem merecido."

Olhei assustada para Ohana que apenas assentia rindo.

– A idiota mentiu a idade! Disse-me que tinha 24 anos! – Minha amiga bufou e colocou a mão em seus rosto. – Então é esse o termo "Sugar Mommy"? Mulheres ricas e bem sucedidas que procuram alguém para 'mimar' e se satisfazerem? – Ela assentiu e eu desviei o olhar. – Eu tenho um azar enorme!

– Azar? Brunna, você tirou a sorte grande! – Levantou-se e abriu os braços sorrindo largo.

– Por sua culpa, eu não pedi para entrar nesse site, nem queria me inscrever. Agora conheci uma advogada super famosa e linda que tem um fetiche por ser Sugar Mommy! – Ohana voltou a sentar-se ao meu lado e eu deitei a minha cabeça em seu ombro.

– Acho melhor se preparar para segunda-feira – Ela falou e eu voltei a encará-la.

– Não precisa me lembrar daquela palestra que iremos passar cerca de duas horas e meia ouvindo alguns advogados falarem só pelas horas complementares – Suspirei já sentindo a preguiça me tomar por passar algumas horas sentada naquele auditório.

– Você sabe pelo menos quem vai ser os palestrantes? – Assenti fazendo uma careta de choro.

– Duas mulheres e um homem.

– Sabe o nomes? – Neguei.

– Nem quero, já basta o sofrimento que vou passar escutando eles falarem o que conquistaram e que nós futuros advogados não devemos desistir na primeira derrota – Falei imitando o nosso professor de Direito Civil.

– Mas irei falar mesmo assim – Ela disse rindo e eu revirei os olhos.

Por que pergunta então se eu quero saber?

– Uma das advogadas se chama Ludmilla Oliveira e irá palestrar sobre um dos casos que defendeu. Além de, por convite da UFRJ* e dos professores de Direito, irá aconselhar os melhores alunos do curso. Ou seja, irá ser monitora por dois meses até decidir quem irá ser seu estagiário. – Arregalei os olhos e me levantei.

– Você está tirando uma com a minha cara, não é Ohana Lefundes? Cadê as câmeras? Eu sei que elas estão em algum canto escondidas – Comecei a andar pelo apartamento.

Eu sabia que ela estava falando a verdade, mas eu estava nervosa e desesperada com a notícia. Segunda-feira seria a tal palestras e todas as turmas do último e penúltimo período do curso de Direito terão que assistir. Além que será definido três alunos com melhores notas para serem aconselhados pelos 'monitores'.

Eu estava muito fodida e não era de um jeito legal.

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