#34# JOSH

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Sem reuniões ou fotos comprometedoras da Any, meu dia de trabalho acabou sendo um marasmo. No fim do expediente, juntei as minhas coisas e voltei para o castelo. Confesso que tinha um estímulo de um metro e sessenta, e bastante atrevida, que me fazia querer chegar logo.

Não havia admitido para mim, para o Wallace, ou para qualquer pessoa, que eu estava me acostumando a presença da Any na minha casa. Por mais que ela me tirasse do eixo e me deixasse completamente desconcertado às vezes, ela dava uma vida ao castelo que sempre fora tão escuro. Não podia negar que o ambiente frio, antigo e afastado de tudo, era um reflexo de mim.



Iria tomar um banho e talvez chamá-la para jantar comigo, antes que eu pudesse levá-la para a masmorra. Quem sabe, até exigisse que usasse aquela meia-arrastão de corpo inteiro outra vez, apenas a meia.

Estava fantasiando com a Any quando entrei no hall do castelo, mas antes que eu subisse o primeiro degrau da escada, ouvi um chamado da sala de visitas formal. Pensei que fosse um delírio terrível antes de ouvir novamente.

— Joshua, querido.

Fechei os olhos e inspirei profundamente.

Ela não está aqui... É coisa da minha cabeça.

— Joshua , filho! — Braços finos me envolveram, mas eu a empurrei antes que pudesse prolongar o abraço.

— O que está fazendo aqui?! — rosnei enquanto ela cambaleava alguns passos para trás.

— Meu amor, achei que ia ficar mais feliz de ver a sua mãe.

Havia uma dezena de sentimentos dentro de mim, no entanto, tinha a total certeza de que nenhum deles era felicidade ou algo que fosse sinônimo de alegria.

A mulher loira e de olhos azul, não estava muito diferente da última imagem mental que eu tinha dela. Um vestido preto, com o casaco marrom sobre os ombros, joias nos pulsos, orelhas e pescoço, esbanjava a vida ostentosa que sempre quis ter e jogou todas as cartas para isso, inclusive ter um filho que ela abandonara.

— Falei para você não vir. Wallace não transferiu o dinheiro?

— Eu agradeço o presente, mas sabe que não foi por ele que eu liguei.

— Foi para me atormentar, então? — Estava arisco a presença e qualquer aproximação dela.

— Querido — ela suspirou, fazendo bem o papel de chateada –, não aja como se eu não sentisse a sua falta. Dessa forma, me deixa muito chateada.

— Coitada, não é mesmo? — Ri, sarcástico. — Vou pedir ao Wallace para levar você a Edimburgo, de lá, pode pegar um voo de volta para Paris. Vá para a Champs-Élysées fazer compras e gastar o meu dinheiro, mas fique longe daqui.

— Não sei o que fiz para ser tão mal recebida pelo meu próprio filho.

— Precisa que eu comece a listar? — Mantive os braços cruzados. — Wallace vai levá-la embora.

— Por favor, querido, quero passar um tempo com você.

— Josh? — Ouvi outra voz me chamando.

Engoli em seco. Pronto! O circo estava armado. Virei-me e vi a Any parada a alguns metros, observando a mim e a minha mãe com um ar confuso. A chegada da Úrsula  me fez esquecer do problema que poderia enfrentar quando as duas acabassem se esbarrando.

— Josh, o Wallace me pediu para esperar no quarto, não imaginei que você estava recebendo visitas. — Ela alternou o olhar entre mim e a Úrsula. O que estava procurando? Tentei não me importar com isso, mas era difícil. O que iria dizer quando perguntas inadequadas começassem a ser feitas?

Comprada por JOSH ( ADAPTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora