#28# ANY

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Jax estacionou o carro no estacionamento do hospital e nós subimos de elevador até a recepção. Wallace conversou com uma moça e ele me entregou um papel para preencher os meus dados e pediu o passaporte, que, por sorte, havia lembrado de trazer comigo. Assim que terminei de colocar os meus dados na ficha, uma médica me chamou para um consultório. Wallace e Jax ficaram do lado de fora. Fiquei muito grata por isso, pois não queria ser exposta para mais ninguém que não fosse o Josh.

— Bom dia, senhorita!

— Bom dia! — Retribui o sorriso da médica ao me acomodar na cadeira que ela havia indicado.


Apesar de branco, o consultório dela tinha alguns objetos divertidos e fotos de família, o que fizeram com que eu me sentisse segura.

— Não é escocesa, é?

Fiz que não.

— É tão perceptível assim?

— Um pouco. — Ajeitou os óculos redondos sobre o nariz, eles eram tão grossos que faziam os seus olhos parecerem maiores. — Acho que por causa dos trejeitos e algumas expressões que são comuns aos americanos, e a maioria dos estrangeiros nativos de outros países acabam absorvendo.


— Sou brasileira.

— Ah, Brasil! País quente e lindo.

— Já esteve lá alguma vez? — fiquei curiosa.


— Minha lua de mel foi em Fortaleza.


— Nossa! Incrível. — Ela pegou a ficha e leu. Fiquei tensa pela forma como ela franziu o cenho e arqueou as sobrancelhas.


— O que foi?

— Exames para todas as possíveis DST’S?

— É! — Engoli em seco, apertando a lateral da cadeira.


— Sei que são algumas perguntas incômodas, mas eu precisei fazê-las. Tudo bem?


Assenti. Não tinha escolhas, mas, no fundo, estava com muito medo. Não bastava todo o inferno que aqueles traficantes haviam me feito passar, se eles tivessem me passado alguma doença, as minhas chances de continuar com o Josh seriam brutalmente reduzidas, ou ficariam nulas.

— Fez sexo recentemente sem preservativos?

Respirei fundo, acreditando que o melhor a se fazer era contar para a médica o que eu havia passado. Comecei com a morte da minha mãe, e terminei falando sobre a minha vontade de continuar na Escócia e com o Josh. Quando voltei a encará-la, os olhos dela estavam cheios de lágrimas.


A médica se levantou, deu a volta na mesa e me deu um abraço. Abracei-a de volta, surpresa. Já tinha doído tanto que eu nem me lembrava do quanto machucava.


— Sinto muito por tudo o que você passou, querida.


— Obrigada. — Abri um sorriso amarelo, não sabendo como reagir. As lembranças eram horríveis, me machucavam, mas não queria e nem iria me deixar dominar por elas.


Ela me soltou após longos minutos e voltou para a sua cadeira. Estava com os olhos marejados, mas buscou manter a postura.


— Sei que é delicado, mas precisarei fazer mais algumas perguntas, tudo bem?

Fiz que sim.

Ela me perguntou sobre os abusos e como eles haviam ocorrido. Acabei ficando com o estômago embrulhado e ela me deu um pouco de água. Acreditava ter superado tudo, mas parecia que não. Depois da pergunta, ela fez alguns exames em mim e coletou o meu sangue. O resultado sairia em até duas horas e seria enviado para o Wallace por e-mail. Confesso que estava um tanto nervosa e com o coração apertado, morria de medo de ter alguma doença e isso impossibilitar a minha relação com o Josh.


Comprada por JOSH ( ADAPTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora