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Elói

Calum me levou consigo para almoçar em um dos restaurantes mais caros de Manhattan. Depois de eu colocar pra fora todo o meu café da manhã, ele achou que ter uma refeição reforçada seria boa ideia.

Eu já tinha vindo aqui algumas vezes com Calum, até porque se fosse por minha conta nem o transparente da água gaseificada que te servem para abrir o apetite eu teria como pagar. Sabe aqueles restaurantes luxuosos cheios de frescura, que te oferecem uma recomendação e chegam na mesa com um prato manchado de molho e no centro algum fruto do mar esquisito? E ainda complementam com alguma especiaria por cima pra dar aquele toque final? É injusto como um prato tão ruim acaba se tornando o mais caro do cardápio. Mas quem sou eu pra reclamar? Ainda bem que os melhores ficam em um preço mais "acessível".

Nem um de nós abriu a boca para dizer nada até o momento em que Calum fez seu pedido. Por mais que eu entendesse que ele pudesse estar chateado ainda devido aos acontecimentos da festa com Shawn, ainda assim algo me diz que não é por este motivo, até porque não faz sentido algum em minha cabeça ele ir até minha casa, me defender de Harry e passar a noite dormindo de conchinha comigo, e hoje cuidar do sangramento do meu nariz e depois me trazer pra almoçar em um restaurante caro para voltar a me ignorar.

Calum chamou minha atenção, citando meu nome para que eu voltasse a realidade e percebesse que não só ele como o garçom também me fitavam a espera da minha escolha ao que comer.

– Eu não vou querer nada, obrigada. - não estava sentindo fome. A única coisa que eu sentia no momento era meu estômago embrulhar por conta do episódio no escritório. Isso literalmente me proporcionaria muitos enjôos até o final do dia.

O olhar de Calum sobre mim não era nada agradável. Agora, além de parecer chateado ele também estava irritado, e novamente, eu não sabia o motivo. Eu odiava esse jeito seu que mais parecia a relação entre pai e filha do que uma relação entre amigos. Digo isso porque me estressa que ele sempre comece a agir de forma que me repreenda por tudo.

– Traga o mesmo pra ela - Calum passou a olhar para o rapaz de camisa social branca e gravata borboleta, que carregava consigo pra todo lado um bloco de notas e cardápios debaixo do braço – Pode acrescentar a melhor salada, por favor? - o rapaz assentiu com total gentileza e nos deu as costas indo até o interior da área de preparativos.

Rodei os olhos – Me ignorar não vai me fazer adivinhar o que te incomoda, meu anjo.

– Não te trouxe aqui pra se contentar com um copo d'água no estômago - comentou e eu o repreendi. Ele não queria falar do assunto mas eu sim – Não sei do que você tá falando. - ok, me ignorar tudo bem, mas se fazer de cínico já é demais!

– Você tá sendo infantil. - falei com a maior plenitude e cruzei os braços na frente do meu peito.

– Se ajeita, por favor. - Calum estava se referindo aos meus braços cruzados.

Nossa, como eu odeio quando ele faz isso!

– Para de me dizer o que fazer!

– Os braços, Elói! - seu olhar ainda me repreendia e eu não daria o braço a torcer. Não faria isso pra ele achar que tem autoridade sobre mim. Me ajeitei na cadeira estofada e apertei ainda mais os braços, frisando que não faria sua vontade. Tudo bem que manter uma postura como a minha nesse exato momento em um lugar como esse não tinha nem uma classe, mas eu não cederia.

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