trust me • s.m •

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Elói

– Não, Harry. O que tinha pra te contar eu contei. Já falei que entre a gente não tem mais nada. - tudo bem, eu não estava sendo cem por cento sincera. Contei tudo a ele, exceto que Calum e eu também nos beijamos as vezes.

O silêncio reinou na mesa do café onde eu estava sentada e ele decidiu sentar junto à mim antes de me perturbar com suas perguntas cheias de inseguranças, mas logo foi quebrado pela sua voz rouca que por natureza era extremamente sexy.

– O que você sentiu quando beijou ele? - é engraçado como dias atrás eu estava feliz enfiando minha língua na boca dele, e agora eu odeio ter que lembrar daquele dia – Pode falar. Eu quero a verdade.

– Eu já te disse toda a verdade. Por que quer entrar em detalhes? Por que tá tão curioso pra saber como foi que eu enfiei minha língua na garganta dele? - eu tinha um grande defeito. Um defeito onde me sentir estressada me levava a ser franca demais com minhas palavras, não me importando a quem fosse ferir, e juntar esse ponto da minha individualidade com o fato de estar no início da gestação com certeza acaba piorando tudo. Eu sentia que a gravidez estava me deixando com os nervos a flor da pele desde que descobri ela há uma semana atrás. Todas aquelas emoções exageradas, o stress diários, sentimentos que eu não sabia de onde vinham... agora se encaixam.

Seus olhos estavam mergulhados em lágrimas que ele insistia em segurar. Típico de homem sensível que quer se esconder atrás de uma casca grossa protetiva. No final Harry, mesmo sendo um ótimo homem, era como todos os outros. Como Shawn. Como Calum. Tentando ser alguém que não é através de um escudo invisível.

Se há algo que eu nunca vou entender no mundo deles é o motivo pelo qual escondem tanto os seus sentimentos e esse medo insignificante de colocá-los para fora.

– Tudo bem. Você quer saber o que eu senti quando beijei ele? - seus olhos claros e magníficos de atraentes me encaravam sem deixar as lágrimas despencaram a todo custo. Seu rosto não esboçou reação alguma enquanto eu me prontifiquei para começar, pois eu sabia que o deixaria em pedaços – Senti que não posso estar com alguém se eu não o amo. Eu quis explodir de felicidade quando eu pude sentir os lábios dele alí, grudadinhos nos meus. A sensação foi como se eu nunca tivesse o beijado. Ele é incrível - me perdi em meus devaneios por um breve instante – Você também é! A diferença é que você foi o motivo de todo o caos - segundos depois de tomar coragem e abrir minha boca comecei a me arrepender. Eu não queria deixá-lo mal mas o fiz. Eu sempre digo que não quero quebrar as pessoas mas acabo fazendo isso da pior maneira possível – Me desculpa.

– Você não tem culpa. O amor é assim mesmo, por mais que machuque muito... - ele pegou em minha mão, que até o momento segurava o copo descartável de capuccino quente, e depois a apertou com força – No fundo eu já sabia que você ainda o amava, eu só estava negando pra mim mesmo.

– Harry... - meu coração borbulhou de felicidade por ver que ele não guardaria rancor de mim, mesmo que eu merecesse que me odiasse muito por tudo que fiz – não é tão fácil assim. No momento eu só quero viver a minha vida, entende? Viver pra mim - ele me olhou com confusão no semblante, e então eu tive que ser mais direta – Ele não me quer. É, eu sei. Você deve tá se perguntando porque eu tomei todas essas decisões sobre você se...

– Eu já entendi, Elói. Não precisa se torturar. - sorri para ele. Me levantei e fui em sua direção lhe dando um abraço mais que apertado. Me aconcheguei em seu peito por um breve instante e suspirei aliviada, tirando o peso da culpa das minhas costas.