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Elói

– Calum, - adentrei seu escritório e ele estava terminando de beber toda a água do copo que eu costumava deixar em cima de sua mesa junto a algum comprimido que acabara de engolir – tem uma ligação. - falei esticando o telefone para ele.

– Se for aquela entrevistadora diz que eu fui cagar. - voltou a digitar algo em seu computador como obviamente estava fazendo antes de eu entrar em sua sala.

– É de um homem dizendo que é da rádio e marcou horário para a entrevista com você. - falei e levei o telefone até ele, insistindo que o mesmo atendesse. Aliás poderia ser importante.

– Sr. Hood da Asian Enterprise  falando, quem fala? - ele me lançou um olhar mortal por eu ter o obrigado a atender.

– Boa tarde Sr. Hood, eu estou ligando da Rádio Frequência para falar sobre Joy e David Hood. Como encarou a morte deles sabendo que tinham uma empresa mundial para governar? – Calum pôs no viva-voz para que eu também ouvisse a conversa. Ele ainda me fitava com ódio e eu podia ver faíscas saindo de seus olhos.

– Com muita tristeza eu diria. - respondeu e pude notar que Calum não conseguiu evitar um longo revirar de olhos.

– Entendi. - o cara disse em tom duvidoso indiscretamente – É verdade que um de seus funcionários está envolvido com o acidente de seus pais? - eu sabia do acidente fatal que seus pais sofreram mas não fazia ideia de que terceiros estavam envolvidos, ainda mais que faziam parte da empresa.

– Não posso falar sobre isso. - Calum bufou pesadamente.

– Hum, não pode falar... - caçoou de Cal em meio a uma risada anasalada um tanto debochada - O que pode me dizer sobre a morte da Sra. Hood? É verdade que não quis transferí-la para um hospital em Manhattan para ela receber os devidos cuidados que precisava? - isso era outro ponto que Calum não havia me contado e eu estava começando a ficar furiosa por ele me esconder isso.

– Nós já terminamos? Ou ainda vai ficar enchendo a porra do meu saco? - falou rude sem nem um rastro de pesar pelas suas palavras tão repugnantes.

– Devia saber que essa conversa está sendo gravada Sr. Hood. - isso foi uma ameaça ou é impressão minha?

– Ah, é? Que ótimo! Isso quer dizer que você pode ouvir o que eu tenho pra dizer quando você quiser. - até o momento ele falava com calma, mas passou a explodir quando perdeu sua paciência – Por que você não vai se foder? Seu merda! Deveria ter respeito pela dor. Não tem um pingo de dignidade. Filho da puta, desgraçado! - Calum explodiu como uma bexiga ao ser espetada por uma agulha. Conforme ele ia cuspindo suas palavras seu tom de voz aumentava cada vez mais, deixando sua frustração visível para mim. Ele não deixou que o cara falasse nem sequer mais uma palavra, desligando e esmurrando o telefone no gancho, e por tal ato incoerente o mesmo gemeu de dor ao bater com a mão na mesa.

– Você tá bem? - perguntei preocupada por perceber que a batida foi forte.

– Vai se foder você também. - suas palavras eram grosseiras mas acabei achando graça na sua falta de humor, fazendo ele rir junto à mim.

– Posso saber o motivo da sua falta de elegância, Sr. Nervosismo? - perguntei e ele me ignorou se levantando e indo até o armário do escritório, onde ficavam nada mais e nada menos que mais papeladas. Entretando me surpreendi ao ver Cal tirar de dentro do armário uma garrafa de whisky.
– Tranque a porta, por favor.

– Você não pode beber aqui, Calum! - o repreendi.

– Ah, é? E por que não? - ele jogou a tampa da garrafa para longe e deu um gole grande no bico da mesma.

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