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Elói

– Minha assistente vai passar toda a papelada para o senhor assinar. Vou me retirar um instante para pegar o restante dos documentos para fechar o negócio - Calum se levantou da cadeira que por sinal era luxuosa como o restaurante e caminhou até a saída.

– Assine nessas linhas, por favor. - apontei com o dedo indicador os papéis. Eram vários, e por esse motivo não tenho ideia de como ele teve tanta agilidade para isso terminando de assinar tudo em questão de segundos.

– Você é comprometida, filha? - perguntou e eu estranhei já que isso não fazia parte dos negócios – Claramente não é, não estou vendo a aliança. - ele tinha o semblante fechado e sério.

– Desculpe? - franzi o cenho achando tudo o que ele estava falando esquisito demais.

– Seus olhos lembram os de minha esposa. Olhos verdes acinzentados são os meus preferidos. - eu estava ficando com vergonha e não sabendo como reagir aquilo, pois eu realmente não sabia se isso se tratava apenas de elogios ou havia segundas intenções da parte do senhor.

– Obrigada. - sorri fraco. Juntei todos os papéis os arrumando em minhas mãos a espera de Calum que estava demorando por algum motivo que eu ainda não sabia, e isso me incomodava de uma forma absurda, sabendo que estou aqui sozinha com esse cara.

– Se me permite perguntar, - agora ele continha um sorriso travesso nos seus lábios pálidos enquanto inclinava seu tronco para frente fazendo com que seu rosto ficasse perto do meu – sua calcinha também combina com sua roupa? - se referiu ao meu visual, onde a camisa social na cor vinho fazia parte de um conjunto com a saia curta da mesma cor.

Meu coração palpitou e minha respiração acelerou ficando mais pesada.

– Aqui está. Me desculpem a demora. - Calum se sentou ao meu lado e eu agradeci tanto por isso. Eu ainda não conseguia respirar direito e por um instante me vi intacta sem reações, mas eu não podia deixar nada me abalar pois ainda estávamos no meio de uma negociação, no meio de um trabalho importante – Preciso que assine estes dois contratos e preencha este pequeno formulário.

– Acho que não tenho uma caneta aqui. - falou o senhor enquanto procurava o objeto dentro de seus vários bolsos que ficavam no interior de seu blazer – A senhorita poderia me emprestar uma? - eu já estava me recuperando quando ele pôs uma de suas mãos sobre minha perna descoberta por debaixo da mesa. Prendi a respiração e engoli em seco quando percebi que o cara estava mesmo me assediando. Num impulso me levantei da cadeira brutalmente chamando a atenção de algumas pessoas que estavam a nossa volta, especialmente a de Calum, que me olhou sem entender esperando por uma boa explicação. Só pelo seu olhar era perceptível que meu amigo estava me julgando mentalmente.

– M-me desculpem. Preciso ir. - dei as costas à mesa onde os dois estavam sentados e me obriguei a sair daquele lugar que parecia ficar menor e me sufocar a cada segundo que se passava. Meu coração parecia insistir em querer sair pela minha boca, eu puxava todo o ar que conseguia mas não era o suficiente para chegar aos meus pulmões.

Me sentei em um dos bancos que se encontravam no pátio do restaurante e me escorei sobre a pequena mesa que ali tinha, quase deitando meu tronco sobre a mesma. Depois de algum tempo senti o banco do lado ser ocupado por alguém e eu já poderia imaginar quem era.

– Por que caralhos você saiu daquele jeito? Elói, estávamos no meio de uma reunião séria. - ele não gritava e também não percebi nem uma alteração em sua voz, e isso me aliviou de certo modo, visto que nesse exato momento eu poderia estar desempregada – Você está pálida. Está passando mal?

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